segunda-feira, 20 de junho de 2005

40 dias procurando Luz - Dia 37

Texto Bíblico do dia:

Provérbios 22:17 - 19 - "Inclina o teu ouvido e ouve as palavras dos sábios, e aplica o teu coração ao meu conhecimento. Porque será coisa suave, se os guardares no teu peito, se estiverem todos eles prontos nos teus lábios. Para que a tua confiança esteja no senhor, a ti tos fiz saber hoje, sim, a ti mesmo."

O programa de Deus para a minha vida hoje:

Gastar meu tempo, energia e preocupação, prioritariamente, naquilo que tem a ver com a Eternidade.

Meditando:

O melhor amigo do meu marido na cozinha é o liquidificador. Como ele não gosta de melecar as mãos, detesta literalmente "botar a mão na massa", e não tem muita paciência em juntar ingredientes, prefere colocar tudo no liquidificador e resolver rapidinho todas as questões culinárias. Dessa forma ele faz gostosos bolos, assados, purês, molhos, e qualquer coisa que se possa ser triturada e esmagada durante o preparo. Uma das minhas maiores dificuldades é fazê-lo entender que não deve usar o liquidificar para cortar as cebolas do molho. "Mas como não? Fica tudo bem trituradinho, é bem mais prático do que ficar com as mãos cheirando mal!". Então eu tento argumentar que parece prático, mas cebola passada no liquidificador não fica como mesmo gosto de cebola cortada em pequenos cubinhos. É como o alho triturado que vendem em potinho no supermercado, que nunca tem o mesmo gosto do alho amassado no pilão da vovó. Aí é que a confusão aumenta. Para ele, como esse argumento não tem lógica, é insustentável (se eu tivesse estudado mais química talvez pudesse até argumentar melhor). A única forma de eu tentar convencê-lo é fazer parte da comida com cebola picada e parte com cebola passada no liquidificador, fazendo-o comprar o resultado final, que de fato é bem diferente.

Infelizmente existem coisas bem mais difíceis de entender que a influência do corte da cebola na culinária caseira. Durante nossa vida nos deparamos com dúvidas que simplesmente não têm respostas. Há quem arrisque a nos mostrar argumentos que no entanto, não nos convencem, não parecem fazer sentido. Não creio que seja necessário fazer listas dessas dúvidas, mas só preciso citar questões como o sofrimento, a morte, os acidentes, as doenças letais, para despertar algumas delas. Sendo menos trágica, poderia citar também o desemprego, a solidão, a injustiça, a pobreza, e mais questões surgiriam sem respostas. O problema não é tanto uma abordagem sociológica e econômica, às vezes não se trata nem mesmo de sabermos o porquê de tudo isso, mas para quê tudo isso? Essa pergunta só é útil quando tem uma resposta. E por mais que tentemos não pensar nela, ocupando-nos de coisas mais práticas, sempre haverá o momento terrível em que nos chocaremos de novo com o inevitável "para quê"?

Há pessoas muito inteligentes que vivem de estudar os "porquês" e "para quês" da vida, mesmo que não estejam necessariamente a busca de uma resposta. Elas fazem melhor que as pessoas que preferem não pensar sobre o assunto. Mas as pessoas mais privilegiadas são, com certeza, os cristãos, que receberam a resposta mais completa e concreta de todo o universo: o próprio Jesus Cristo. É nEle que são respondidas todas as minhas dúvidas, receios, medos, questionamentos. Porém sua resposta não satisfaz a mentes cartesianas. Ela é, sobretudo, uma resposta de fé: "Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida" (João 14:6).

Se acha que isso não passa de retórica, pense na vida de Cristo. Ele não disse porque coisas ruins acontecem, mas passou por coisas ruins. Ele não explicou a finalidade das injustiças, mas foi injustiçado. Ele não disse porque as famílias se desentendem, mas foi rechaçado na sua própria família. Ele não disse porque Deus permite a pobreza, mas foi pobre. Ele não falou por que uns, e não outros, adoecem e morrem, mas chorou diante da morte de um amigo. Nos fatos cotidianos não encontramos respostas, mas em Cristo encontramos o Caminho, a Verdade a Vida. E isso pode ser a resposta mais útil de todas, a resposta que traz a paz, "Porque será coisa suave, se a guardares no teu peito". Se Cristo, sendo Deus, sofreu e conheceu a dor tanto quanto eu, Ele sabe como me sinto, eu sei que nossa dor não é vã; ela tem uma finalidade e um dia terá fim. Desenvolvendo esse tipo de confiança, eu passo a crer na Sua promessa de que um dia este mundo será restaurado, e canalizar minhas energias para essa esperança passa a ter um sentido que as dúvidas e os questionamentos são incapazes de me prover.

É claro que gostaríamos de respostas mais específicas. De um Deus mais visível, que aparecesse no meio de uma tempestade e mostrasse que há um Deus poderoso sobre nossas cabeças. A resposta que Cristo oferece pode não satisfazer (como não satisfez na época em que aqui viveu), porque vem revestida da nossa humanidade, da fragilidade de nossa carne e nervos. Mas a melhor resposta que Deus poderia nos dar, ainda é Deus-Conosco.

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