quinta-feira, 16 de junho de 2005

40 dias procurando Luz - Dia 33

Texto Bíblico do dia:

João 7: 37 - 39 - "Ora, no seu último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva. Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado."

O programa de Deus para a minha vida hoje:

O que flui de dentro de mim é o que influi. O que está jorrando de dentro de mim?

Meditando:

Depois de casada descobri prazer em algo que, quando solteira eu detestava: limpar a casa. Nunca fui muito dada a atividades "do lar", e isso era motivo de constantes conflitos com minha mãe e minhas irmãs, que viviam reclamando da minha falta de interesse em ajudá-las. Bem, eu até queria... mas quando começava a limpar uma estante, pegava um livro e começava a ler, esquecendo da poeira. Quando ía lavar a louça me vinha alguma idéia para um texto e eu trocava a esponja pelo computador. E foi assim até o dia em que me vi dentro de minha própria casa. Minha mãe e minhas irmãs não podiam me ajudar, e eu tinha que me virar com meu marido para a casa continuar ao menos habitável. Ainda detesto lavar a louça, mas em sextas-feiras como hoje, depois de horas exaustivas varrendo, espanando, lavando e chamando a atenção de meu marido para ele não colocar a poeira embaixo no tapete, eu consigo encontrar um grande prazer no meu cansaço: o prazer da tarefa cumprida, de um ambiente agradável construído com minhas próprias mãos. Se eu pagasse alguém para fazê-lo, talvez não tivesse o mesmo gostinho. Depois da faxina semanal na sexta-feira, sempre paro por alguns minutos e contemplo minha obra com ares superiores: "Viu Luciana tudo quanto fizera, e eis que era muito bom... e havendo Luciana terminado a sua obra, descansou no sétimo dia."

Nunca pensei que diria isso, mas limpar a minha casa proporciona uma grande alegria! Ao menos depois de limpá-la. É maravilhoso passar pelos cômodos e ver tudo arrumadinho, limpo, cheirando a desinfetante, brilhando. O ruim é que essa sensação não dura muito. Depois da faxina, vem a hora de fazer o almoço do sábado e aí a cozinha (a mais trabalhosa de limpar) já não está tão admirável . Uma panela aqui, molho de tomate ali, alguns potes sobre a pia, umas gotas de azeite no chão e lá se foi minha grande obra... Depois de preparar o almoço chega a hora de culto do pôr-do-sol: uma bíblia em cima do sofá, um hinário na mesa, uma gata persa soltando pelos em cima do tapete... a sala já se desarrumou. Vamos escutar música: CDs se espalhados sobre a estante, caixas de DVDs no sofá, uma gata persa soltando pelos em cima da poltrona... a sala de TV também já era. E assim acontece com cada cômodo, de modo que antes que amanheça minha casa perdeu sua aparência de cenário de novela.

Eu poderia me preocupar mais em arrumar tudo imediatamente após bagunçar (isso também era grande causa de conflito com minha mãe), fazer um esforço tremendo para não sujar, não bagunçar, e mandar tosar as nossas gatinhas (ou passar gel nos pelos delas, como meu marido sugeriu). Poderia brigar mais com meu marido para ele também manter tudo limpo e arrumado, e desenvolver uma neurose que prolongasse mais a minha sensação de prazer em ver tudo no lugar. Mas sabe, uma hora as coisas iam sair do lugar, e eu não conseguiria controlar a quantidade de poeira no ar ou as correntes de vento que entram pela janela, não poderia evitar incidentes como deixar o azeite cair no chão, ou brigar com cada visita que não limpasse os sapatos antes de entrar ou derramasse refrigerante no sofá da sala (como aconteceu outro dia). Apesar dos meus ares superiores perante a casa limpa, eu não sou Deus, e não consigo controlar tudo conforme minha vontade. Se o próprio Deus não força nossas escolhas, como eu poderia querer forçar o mundo a se comportar de modo a só me proporcionar prazer e alegria?

Por isso, antes de dormir, na sexta-feira, procuro não listar mais as coisas que já foram sujas ou desarrumadas, mas me concentro no fato de que Deus ainda me dá forças para limpá-las e arrumá-las depois. Não posso manter tudo favorável a mim o tempo todo, mas posso trabalhar por isso o tempo todo. Se eu me apoderar dos instrumentos que Deus me deu ao invés dos resultados apenas, eu poderei ter minha alegria sempre renovada. É preciso compreender que a perenidade não é algo que cabe neste mundo, enquanto estivermos aqui não encontraremos a eternidade, mas podemos encontrar a constância, que é um prelúdio das alegrias eternas que encontraremos mais além, quando Jesus vier nos levar para nosso Lar. Nesse Lar sim, não haverá sombra de perturbação, destruição ou desordem, a harmonia será perfeita e sólida, nosso prazer e alegria se movimentarão apenas em sentido ascendente.

Mas enquanto estivermos aqui, podemos usar o que Ele nos deu para trabalhar pela constância. Isto é, estarmos constantemente limpos, constantemente puros, constantemente humildes, constantemente santos, constantemente ligados a Cristo, constantemente ocupados em Sua obra, constantemente amando, constantemente orando. "Ora, o Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus e na constância de Cristo." (II Tessalonicenses 3:5). Essa constância cristã não é ainda perenidade, isso quer dizer que haverão pequenas "quebras" em nossos planos, uma sujeirinha aqui ou ali sempre aparecerão para que percebamos que o controle está nas mãos de Deus e não nas nossas. A constância, no entanto, está em continuar buscando. A palavra exata é "continuidade": ela nos levará a constância, e a constância nos levará ao que é Eterno.

Por isso Paulo fala tanto a respeito de renovação. Nenhum cristianismo sobrevive em uma bolha ou redoma de vidro. "E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." (Romanos 12:2). Vivemos num mundo amplamente contaminado pelo pecado, e embora não possamos controlar o mundo, podemos deixar Deus no controlar e renovar-nos para que permaneçamos na constância e no amor de Cristo. Não é à toa que as misericórdias do Senhor renovam-se a cada manhã (Lamentações de Jeremias 3:22 - 2 3): terminamos cada dia necessitando lavar nossas vestes no sangue do Cordeiro. Renovando também nossas decisões ao lado de Deus, encontraremos a alegria que tivemos em nosso batismo todos os dias. É plano de Deus que não nos conformemos com esse tipo de alegria só uma vez na vida. Hoje temos tudo que precisamos, dado diretamente de Suas mãos, para trabalhar em novos projetos, recompor projetos antigos, retomar os inacabados, e em tudo encontrar um prazer específico e renovado de servir a Deus e caminhar em Sua direção. Alguém pode perguntar: "Por que não podemos simplesmente nos abastecer de algo que dure a vida inteira? Você agüentaria fazer uma faxina em sua casa todos os dias?". Isso pode ser cansativo, certamente, mas especialmente com as coisas espirituais, ao final de cada batalha contemplamos satisfeitos o resultado, e a satisfação é bem maior que o cansaço. "Por isso não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem exterior se esteja consumindo, o interior, contudo, se renova de dia em dia." (II Coríntios 4:16).

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