quarta-feira, 8 de junho de 2005

40 dias procurando Luz - Dia 25 (Bach)

Texto Bíblico do dia:

Provérbios 16:9 - "O coração do homem propõe o seu caminho; mas o Senhor lhe dirige os passos."

O programa de Deus para a minha vida hoje:

Alegrar ao Senhor e me encher de Sua santa alegria.

Meditando:

Algumas das passagens mais impressionantes da Bíblia falam de coros celestes. Em apocalipse 4:11, João relata a visão do trono de Deus que culmina com um coro clamando: "Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder; porque criaste todas as coisas, e por Tua vontade elas existem e foram criadas." Em Apocalipse 7:10, o coro dos salvos canta em grande voz: "Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação". E esses coros sempre me instigaram muito a imaginação, de modo que eu ficava tentando imaginar como seriam os coralistas, suas vozes e a música que entoavam. "Nossa", eu pensava, "deve ser uma música esplendorosa, algo que o ouvido humano não é capaz de conceber". Num dia feliz descobri o coro "Worthy is the Lamb", no oratório Messias, de Handel, que refere-se a Apocalipse 5: 12: "Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra e glória, e louvor". Então percebi que não era só eu que tinha uma imaginação inquieta. Handel reservou toda a apoteose de sua música para esse coro, no final da sua mais tocante obra. "Será que Deus revelou a Handel a música desse coro celeste?", eu me perguntava.

Talvez por isso cresceu uma fascinação em mim por coros. Intimamente, talvez eu estivesse preocupada em afinar a voz para não fazer feio nos coros celestiais. Embora confesse que o simples prazer de cantar já é o suficiente para me fazer coralista. Atualmente sou uma contralto do coro universitário, na UFPE, que é marcado pela heterogeneidade: pessoas de todas as idades, culturas, religiões, etnias e conhecimentos musicais partilham o mesmo espaço em busca de harmonia. Tenho aprendido muito nesse coro, não apenas sobre regência ou canto coral, mas sobre a vida mesmo. Aliás, é nisso - a vida - que está toda a música do coro.

Imagine que agora estamos cantando alguns corais de Bach. E nossas partituras trazem coisas que soam assustadoras como:

Wer nur den lieben Gott läßt walten
Und hoffet auf ihn allezeit,
Den wird er wunderlich erhalten
In allem Kreuz und Traurigkeit.
Wer Gott, dem Allerhöchsten, traut,
Der hat auf keinen Sand gebaut.

Em alemão, para ouvidos leigos, isso soa no mínimo ameaçador. Mas alguém nos faz a seguinte tradução:

Deus irá proteger maravilhosamente
O homem que tem fé no Seu poder
e sempre espera nEle.
Nos tempos de tristeza ou tranqüilidade.
Todo aquele que confia no poder de Deus
não construirá sobre a areia.

Então o regente apela que cantemos isso com consciência e sentimento. E quem já viveu a proteção de Deus, quem já provou do Seu poder e espera nEle confiantemente, que já desistiu de construir sonhos sobre a areia e encontrou segurança na Rocha Eterna, canta com a alma inteira, cada fibra do ser emitindo uma música experimentada no amor de Deus. A harmonia então transcende a técnica e ganha cores de fé. A diferença é absurda.

Foi só depois de aprender isso que vim a compreender o que significa a música daqueles coros celestes, em que os salvos clamam em alta voz. Eles não cantam com a voz. Eles cantam com a vida. Cada palavra tem a ver com as experiências que viveram para chegar ao céu. Não é a música que faz seu canto belo, mas a força que esse canto tem, da genuína compreensão do amor e da graça. É conhecendo a Deus que afinamos a voz para cantar com eles. O cântico dos salvos é um júbilo incapaz de caber em qualquer composição musical. É a sua própria vida unida à vida de Cristo.

Considerando isso, acho importante repassar uma informação que aprendi recente com nosso regente. É que, às vezes, a voz precisa sustentar notas mais longas. Então se o cantor tentar apenas mantê-las na mesma altura, inevitavelmente a nota cairá, e o cantor tende a desafinar. Porque qualquer nota, uma vez emitida, movimenta-se, não existe nota estática, tal como não existe ausência absoluta de movimento na Terra, uma vez que a própria Terra está em movimento. Pois bem, para manter a voz no mesmo lugar, é preciso pensar em direção ao alto. Ter a intenção de fazê-la subir, sem fazê-lo de fato, apenas pensar, imaginar que aquela nota está subindo. Esse pensamento é o sopro que mantém ela suspensa no lugar certo. Não é incrível? Acho que a aplicação espiritual é óbvia. Se achamos que já chegamos lá, que nossa vida cristã está muito bem, a tendência é que ela decaia. Para chegarmos ao céu, é preciso manter o olhar fixo em Jesus, que acena de lá! "Se, pois, fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus." (Colossenses 3:1).

Nenhum comentário: