sábado, 11 de junho de 2005

40 dias procurando Luz - Dia 28

Texto Bíblico do dia:

Jeremias 46: 2 7 - 28 - "Mas não temas tu, servo meu, Jacó, nem te espantes, ó Israel; pois eis que te livrarei mesmo de longe, e a tua descendência da terra do seu cativeiro; e Jacó voltará, e ficará tranqüilo e sossegado, e não haverá quem o atemorize. Tu não temas, servo meu, Jacó, diz o senhor; porque estou contigo; pois destruirei totalmente todas as nações para onde te arrojei; mas a ti não te destruirei de todo, mas castigar-te-ei com justiça, e de modo algum te deixarei impune."

O programa de Deus para a minha vida hoje:

Estar atenta aos chamados de Deus feitos ao longo do dia.

Meditando:

Atualmente nosso momento de lazer mais esperado é viajar para Natal e passar alguns dias na praia de Muriú, nosso Éden aqui na Terra. Da última vez que fomos estávamos tão empolgados com a paisagem que resolvemos dar uma longa caminhada pelas dunas. Minha mãe foi a primeira a se prontificar, meu marido ficou meio temeroso, mas eu achei a idéia ótima, e assim saíamos de casa de manhã cedo, sem rumo, com o único compromisso de apreciar as paisagens maravilhosas de Muriú. Passamos pela lagoa comprida, subimos e descemos várias dunas, chegamos a outra lagoa, a de Jacumã, que fica bem no meio daquele areal todo, contemplamos a paisagem e seguimos viagem, subindo e descendo mais um monte de dunas. Depois de um tempo avistamos a praia ao longe, e decidimos ir até lá, passando por um grande vale de vegetação rasteira que acaba numa pista rodoviária, pela qual seguimos mais uma hora até chegar à praia. Nesse ponto o sol já estava à pino, e o asfalto esquentava impiedosamente debaixo dos nosso pés. Sem o consolo da paisagem das dunas, a caminhada foi ficando mais e mais difícil, até que, ao chegar à praia, desabamos na areia sem conseguir dar mais um passo. Minha mãe e eu, as mais animadas a princípio, fomos as que estavam mais "estrupiadas". Mas o pior foi pensar: "E agora? De onde a gente vai tirar forças para voltar?". Mesmo cortando caminho, a volta para casa foi terrivelmente cansativa, e todo o prazer que tivemos no começo tornou-se em uma dor infeliz nas pernas, pele queimada e uma vontade de não sair do sofá nunca mais.

Lembrei disso depois de uma conversa que tive com um amigo hoje. Em dado momento ele me perguntou: "Mas por que tem que ser tão difícil se livrar do pecado? Deus não tem poder para acabar com essa tendência pecaminosa num instante se Ele quiser? Ele não sabe o quanto dói ter que lutar desse jeito para fazer a coisa certa?". O texto bíblico responde maravilhosamente a essa indagação. Ele fala de Deus olhando para um filho que se afastou para longe, e lá longe sentiu como sua vida estava ruim longe de Deus. Deus poderia olhar para esse filho e dizer: "Ei, você escolheu ir embora, agora se vire e sofra as consequências dos seus atos." Se fosse assim, Deus estaria sendo justo. Mas Deus não é justo - não conforme nosso conceito de justiça. Com Seu amor Ele diz: "Eu sei que você está sofrendo. Sei que sua vida está horrível. Eu não quero que seja assim, por isso não tenha medo nem se apavore, que tudo vai ficar bem".

Nesse ponto o filho rebelde pensa que todos os seus problemas estão resolvidos porque Deus vai pegá-lo em Sua mão enorme e levantá-lo até às alturas. Mas não! Quem fez isso foi King Kong nos cinemas, não Deus na vida real! Deus promete que vai nos libertar da escravidão do pecado e que voltaremos até o lugar do qual nunca deveríamos ter saído, o lugar e modo excelentes que Ele preparou para nós vivermos aqui. Mas Ele diz: "Você foi embora co suas próprias pernas, agora terá de voltar com suas próprias pernas". Repare que as expressões "tranqüilo", "Sossegado" e "não haverá quem o atemorize", são usadas para quando o filho chegar a esse lugar excelente. Não são usadas em relação ao caminho que ele vai ter que passar até chegar lá. E sabe por que? Porque o caminho de volta é longo, penoso, espinhoso, cansativo, tão enorme quanto a distância que o filho está de Deus.

Então o filho argumenta: "Mas não tem um jeitinho?". Não, nem que Deus fosse brasileiro. Porque para que o filho entenda exatamente o tamanho da graça de Deus, ele precisa entender antes o tamanho da sua desgraça. O filho rebelde precisa passar pelo sofrimento do caminho de volta para aprender as conseqüências de distanciar-se de Deus, e isso não é castigo, isso é Deus preparando-o e fortalecendo-o para que ele nunca mais se afaste do lugar feliz em que deveria estar. Se a caminhada do pecado para a santidade fosse fácil, nós não saberíamos a diferença entre os dois. Cristo nem precisaria ter morrido por nossos pecados, pois bastaria Deus fazer um milagre na vida de cada pecador, tirar o pecado de cada um e tudo estaria bem, não é? Claro que não! Isso sim é injustiça. Deus é nosso Pai, não um programador de computadores! Cada vez que reclamamos com Deus de que Ele não está nos ajudando a vencer o pecado estamos desmerecendo o sacrifício de Cristo que sofreu muito mais que qualquer um de nós, mesmo sendo o Filho Unigênito de Deus, sendo o próprio Deus!

É duro ouvir isso, mas tem que ser assim, não há outro modo de voltar para casa senão andando. O papel de Deus nessa caminhada é providenciar um atalho, para que não soframos mais do que podemos suportar, e seguir passo a passo ao nosso lado, nos segurando quando estamos prestes a cair sem forças. Aquela história que Jesus te pega nos braços e te leva pelo caminho é ótima pra poesia e cartão de natal, mas não condiz com a verdade bíblica a respeito da santificação. Jesus nos ampara em Seus braços, cuida de nós, nos alimenta, nos dá água da vida, sara nossas feridas, depois nos põe de pé e diz: "É hora de voltar a andar, vamos lá?". E você tem que andar novamente.

No texto bíblico, Deus volta a repetir: "Não temas, que estou contigo". É a promessa que temos de nos apegar todos os dias. Mesmo que não sejamos capazes de vê-lO, ou de sentí-lO. Quando não estivermos sentido mais do que um enorme vazio e uma solidão aterradora, ainda assim precisamos confiar nessa promessa, pois a fé não está condicionada aos nossos sentidos, a fé é uma atitude que transcende qualquer lógica ou sentimento humano. Se você não consegue sentir Jesus ao Seu lado, apenas repita: "Tu estás comigo!" e dê mais um passo. Repita então outra vez "Tu estás comigo" e dê o passo seguinte. De passo em passo você sairá da região das trevas e conseguirá enfim enxergá-lO com seu espírito. Seu único consolo na jornada de volta é a certeza da presença de Cristo, os encontros claros que você terá com Ele ao longo do caminho e a percepção de que, à medida que você caminha, as coisas vão ficando mais fáceis. Você perceberá que depois de algum tempo andando firme, aquele pecado que te incomodava tanto e te fazia contorcer de dor, agora já não perturba da mesma maneira. Não se engane achando que chegou ao fim! Satanás também segue o filho que quer voltar, preparando as mais ardilosas ciladas para levá-lo para longe de novo. A sensação de que um pecado está suplantado é o que de mais enganoso pode haver. É preciso caminhar! Continuar com todos os passos de antes, no mesmo sentido: Bíblia, oração, testemunho!

"...Destruirei totalmente todas as nações para onde te arrojei; mas a ti não te destruirei de todo, mas castigar-te-ei com justiça, e de modo algum te deixarei impune." Deus está dizendo que cada pecado será gradativamente destruído, mas o pecador será preservado com justiça. Não temos o que temer quanto a essa justiça, porque como já vimos, a justiça de Deus está apoiada em Seu amor, e nunca nos tratará como devemos ser tratados, mas como ele trataria a Seu Filho Jesus. Se Jesus tivesse cometido um pecado, Ele teria de enfrentar as conseqüências disso. Por que conosco seria diferente? No caminho de volta compreenderemos um a um o preço dos nossos pecados. Mas devemos ter em mente o alvo: um lugar tranqüilo, sossegado, sem medo, onde haveremos de chegar na companhia de Cristo, que nos acompanhará em todas as dificuldades, e, a cada vitória diária, nos fará mais fortes para vencer amanhã, e amanhã, e amanhã, e amanhã...

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