quinta-feira, 9 de junho de 2005

40 dias procurando Luz - Dia 26

Texto Bíblico do dia:

Hebreus 4: 16 - "Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno."

O programa de Deus para a minha vida hoje:

Deixar Deus ser Deus.

Meditando:

Tenho acompanhado o diário virtual de algumas amigas que agora são mães. Gosto de ver a felicidade delas em encher seus blogs de fotos dos seus bebês nas mais fofas e engraçadas cenas. Elas aproveitam para contar cada conquista, cada palavra nova, cada traquinagem e as espertezas de seus nenéns, que superam limites a cada dia. Nessa fase parece que não há mesmo limites, e tudo é motivo de comemoração.

Mas os nenéns crescem. E não são só eles que têm de lidar com os próprios limites a cada dia. Muitos adultos continuam tendo problemas em comemorar a superação de novos limites ou se conformar quando o mais seguro é não tentar ir além. Como saber que decisão tomar? Qual o melhor momento para cada uma dessas atitudes? Como ter certeza de não estar sendo medroso ou afoito demais? A própria vida desenvolve em nós alguma sensibilidade para responder essas perguntas. Mas em se tratando da espiritualidade, onde convivemos com conceitos abstratos e nos deparamos com milhões de "fórmulas" prontas, pode parecer muito mais confuso saber onde assentar a linha do limite. Haverá sempre alguém dizendo que, nesse ponto, você deve ser ousado, e alguém dizendo que você deve ser humilde. Mas a Palavra de Deus, nosso melhor guia, deixa claro que ousadia e humildade não são atitudes conflitantes quando a seguimos.

Quando se fala em humildade, alguns pensam logo numa pessoa vestida pobremente, calçada com sandálias havaianas (da genérica), bem gastas, os cabelos um tanto desgrenhados, magrinha, calada e encurvada num canto. Essa é a visão do servo. No entanto até na etimologia a palavra humildade está associada a força. A falsa humildade é que vai atrás de estereótipos. O servo humilde de Deus não se porta como um fracassado. Em sua humildade ele não luta por fazer vencer a própria vontade, mas a vontade de Deus. E como luta! A melhor imagem de um servo humilde é a de um guerreiro robusto e armado até os dentes. Ele é humilde o suficiente para reconhecer-se submisso ao Seu Senhor, e por esse Senhor ele se lança ousadamente na guerra.

Já quando se fala em ousadia, imagina-se alguém capaz de sempre tomar as melhores decisões nos melhores momentos, alguém inexorável, valente, falante, que nunca falha nem precisa da ajuda de ninguém porque consegue fazer tudo sozinho e muito bem feito. Seu ar é imponente, seu físico mais parece uma fortaleza, sua aparência é de uma limpeza e compostura impecável . Essa é a visão do vitorioso. Mas não há vitória sem batalha. E quem vai a batalha também precisa ir ao chão, passar pela lama, ficar em silêncio, agir em conjunto e "apanhar" um pouco até ficar alerta. Ninguém limpinho, penteado e com as vestes impecáveis está numa batalha. Espiritualmente falando, ninguém que se reconheça pequeno, indigno e incapaz pode estar fazendo a vontade de Deus. Ninguém pode ter necessidade de Deus quando está tentando ser Deus. Mas então que é ser ousado? Não é sentir-se poderoso? Não, ser ousado é sentir que Deus é poderoso para agir apesar da sua fraqueza.

Vou dar um exemplo simples, mais próximo de nossa vida real, e que me aconteceu hoje mesmo. Tive uma crise de enxaqueca muito forte, percebida logo ao acordar. Para mim que já não gosto de acordar, ainda descobrir-me com enxaqueca é motivo de ficar pessimista. "Certamente vai ser um dia daqueles, não vou conseguir fazer nada!". Tem lógica. Meus olhos ficam hipersensíveis à luz, meus ouvidos ao som, meu estômago ao alimento, e eu ao mundo todo. A vontade que me dá é ficar prostrada esperando a infeliz passar. Pedi então a Deus que me retirasse aquela enxaqueca. Ele já fez isso antes. Mas hoje, especificamente não o fez. Fiquei chateada a princípio pensando que bem que ele poderia ter dado uma forcinha. Mas lembrei que preciso ser humilde para aceitar a vontade dEle e ousada para não limitar o poder dEle me minha vida. O dia inteiro passou e Ele não tirou a dor, nem tampouco os remédios que tomei. Mas ao final do dia percebi que Deus me fez sobreviver a ela com bons resultados: consegui fazer muito mais do que havia planejado, com uma qualidade bem maior do que eu poderia esperar. Não sei como Ele conseguiu fazer isso. Sei que fez! Talvez para me mostrar que Seu poder age de muitas formas: não tem que ser exatamente da forma que eu acho melhor.

Humilde e ousado, o cristão deve sempre mover-se na direção em que Cristo aponta. Fora disso, será apenas miserável, pobre, cego e nu.

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