terça-feira, 31 de maio de 2005

40 dias procurando Luz - Dia 17

Texto Bíblico do dia:

João 20:26 - 31 - "Oito dias depois estavam os discípulos outra vez ali reunidos, e Tomé com eles. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não mais sejas incrédulo, mas crente. Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram. Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro; estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome."

O programa de Deus para a minha vida hoje:

Deixar que Ele me conduza e aceitar seu ritmo de andar comigo, crendo que Ele está comigo.

Meditando:

A meditação de hoje falou sobre a necessidade de crescimento para atingir a maturidade espiritual. E eu inevitavelmente pensei em como foi complicado para mim crescer fisicamente. Primeiro porque, como todas as crianças, eu queria "ficar grande" o mais rápido que eu pudesse. Achava que quando completasse catorze anos estaria pronta para enfrentar o mundo, ser independente, fazer o que quisesse da minha vida. Mas quando os catorze anos se aproximaram eu comecei a ficar preocupada porque tinha crescido bem mais que a média dos meus colegas, era a "grandalhona" da turma e cada centímetro que eu ganhava era recebido com choro e ranger de dentes. Meu pai, que me ajudava a medir meu tamanho mensalmente (os pais são obrigados a cada coisa!), tentava me consolar, mas eu ficava deprimida. As pernas e braços estavam enormes, minha magreza saltava aos olhos, e não tinha como deixar meu corpanzil desengonçado passar despercebido onde quer que ele fosse...eu estava crescendo! E os outros não tinham como não ver!

Lembrei disso porque penso que querer crescer bem rápido não é o único problema do cristão. Mais preocupante é não querer crescer. Ambas as situações redundam em conseqüências bastante dolorosas, e envolvem compreensões errôneas de um mesmo processo. Enquanto alguns acham que Deus está demorando demais para fazê-los gigantes espirituais, outros acham que Deus está cobrando muito deles, que Ele poderia "ir mais devagar".

Se analisarmos a vida dos discípulos de Cristo perceberemos esses problemas entre eles. Depois que Jesus morreu, alguns deles descobriram que eram pequenos demais, que não estavam suficientemente preparados para a missão que lhes tinha sido dada, queriam crescer logo, mas não conseguiam! Eu vejo Pedro assim. Ele queria ser grande! "Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei!". Eu o imagino dizendo isso e inquirindo a todos ao redor (veja Marcos 14:31): "Não é mesmo pessoa? Nós não o negaremos, jamais! Mesmo que queiram nos tirar a vida, não é?", "Sim, Sim!", disseram. E vocês sabem o que aconteceu. Depois, como fazem todas as criaturas que se julgam pequenas demais para sobreviver num mundo de predadores, eles se esconderam. Outros discípulos acharam que Jesus poderia ter sido mais claro quanto ao que eles teriam de passar, pois se soubessem que enfrentariam risco de morte teriam tido mais cautela. Afinal tinha família, empregos, uma vida a preservar! Deus, sendo justo, não poderia exigir que isso lhes fosse tirado. E como fazem todas as criaturas que julgam Deus severo demais (ou a si mesmos capazes de menos), eles se esconderam.

Alguns discípulos estavam reunidos - trancados, com medo - quando Jesus, depois da ressurreição apareceu no meio deles pela primeira vez. Que bênção! Eles viram a Cristo, se alegraram, receberam o Espírito Santo e da segunda vez que Jesus apareceu no meio deles o que aconteceu? A Bíblia nos diz que as portas ainda estavam trancadas. Mas eles não deveriam mais ter medo, não é? Eles tinha visto a Jesus! Deveriam ter se tornado gigantes espirituais! É, só que eles ainda tinha medo. Porque o Espírito Santo ainda tinha um longo trabalho de amadurecimento a fazer neles. E o Espírito sabe que a fruta perde o sabor quando amadurece rápido demais artificialmente.

E tinha também Tomé. Pode ser mera especulação minha, mas talvez Tomé fosse um dos discípulos que tinha medo de crescer. Tudo bem, ele já tinha conhecido a Cristo. Já sabia que Ele era o Filho de Deus. Mas agora seus colegas o olhavam e viam algo de estranho acontecendo com ele. Era a responsabilidade do crescimento se fazendo patente. "Mas Tomé, nós vimos o Senhor!", disseram os discípulos. E Tomé racionalizou que, tudo bem, eles podiam até ter visto, mas ele não vira, e isso não pesaria sobre seus ombros. Se Jesus estivesse vivo, isso traria implicações para a vida de Tomé que ele achava que não poderia suportar. Então era melhor para ele nem ter visto mesmo nada. Bem, vocês podem me dizer: "E Jesus apareceu a Tomé e resolveu seu problema, certo?". E eu vou discordar. Não acho que o problema foi resolvido, nem acho que Cristo apareceu para resolver o problema dele. O texto só diz que Jesus o repreendeu. E a partir daquele momento Tomé aceitou que tinha de crescer. O que significava ainda um longo caminho a percorrer, pois o Espírito sabe que a fruta colhida antes do tempo também perde o sabor.

O que os últimos versículos do texto bíblico de hoje me dizem é que o crescimento dos discípulos não dependia apenas do quanto Jesus quisesse muito isso, nem apenas do quanto eles o quisessem em algum momento de suas vidas. Cristo realizou "muitos outros sinais" diante dos discípulos, coisas que só saberemos quando chegarmos ao Céu e conversarmos com eles. Mas mesmo o Poder de Deus não pode com uma vontade inconversa. Lembro que algumas vezes em minha vida eu disse a Deus: "Por que Tu não envias um anjo, um sonho, um milagre, e resolves de maneira clara esse problema? Não fizeste isso no passado?". Então me deparava com a história do povo israelita, que viu tantos sinais e prodígios e ainda assim ficou fora de Canaã. E lembrava de tantas atuações maravilhosas de Deus em minha vida, que nem por isso me fizeram ter mais fé. O versículo 30 parece me dizer: "A parte de Deus é mostrar que está presente, e pode dar todas as condições para que o crescimento ocorra. Mas como, onde e quando isso vai ocorrer, depende primeiramente de depor DIARIAMENTE a vontade diante dEle, a fim de convertê-la, é preciso querer crescer todos os dias, e todos os dias receber com alegria a medida que Deus conceder." Depois é só deixar que Deus vá ajustando nosso ser desengonçado até alcançarmos a maturidade que nos está reservada.

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