sábado, 21 de maio de 2005

40 dias procurando Luz - Dia 07

Texto Bíblico do dia:

Lucas 24:28 - 31, 44 e 45 - "Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez como quem ia para mais longe. Eles, porém, o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles. Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e, partindo-o, lho dava. Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles. (...) Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras;"

O programa de Deus para a minha vida hoje:

Estar sob a sombra da Cruz de Cristo, onde eu possa estar segura ao contemplá-la.

Meditando:

Uma das frases que mais me chamou atenção nas meditações desta semana tem a ver com o senso de primazia que damos a Deus na nossa vida, especialmente na forma como a nossa religião se manifesta nas nossas atitudes diárias. É uma frase do Pr. Morris Venden que diz: "você pode ter religião suficiente para torná-lo miserável, mas não suficiente para ser salvo". Forte não? Mas pude viver seu significado durante esta semana. Se a minha religião não serve como meio de me "religar" à Fonte da Vida eu me deixo consumir por meus problemas e preocupações até me sentir o mais miserável dos seres: "Eu não sou crente? Por que então Deus me abandonou e não me escuta, e não faz alguma coisa?". Esta pessoa não quer que Deus o salve, quer que a religião o salve. E para tanto procura cumprir todas as suas regras direitinho, sem contudo ver bênção alguma se manifestando em sua vida. No entanto, se a minha religião implica num compromisso de estar mais e mais perto do Senhor, eu poderei ver Seu poder atuando para a salvação da minha vida mesmo quando a olhos humanos tudo parecer ir mal.

No entanto, alguns cristãos podem se sentir tentados a usar a religião como forma de barganhar com Deus, de suprir frustrações da vida secular, de construir uma aparência perante a sociedade, de cumprir uma trajetória traçada por sua família, e tantas outras finalidades que acabam por arruinar a vida espiritual. Podem até mesmo esquecer qual a finalidade da religião que professam e simplesmente se acostumarem com ela enquanto ela lhes for cômoda. Quem experimenta esse tipo de vivência religiosa nunca poderá ver a Deus.

Observemos um episódio da vida de Jesus que trata desse assunto. Em Marcos 8: 11, Jesus é interpelado pelos fariseus, que lhe pedem um sinal do céu para que Ele comprove que Ele era um Messias. O texto me fez pensar na expressão do rosto de Jesus perante eles. Em como Ele deve ter ficado impaciente em lhes mostrar o quão mais profundo era o que Deus tinha a lhes dar. O quão decepcionado com aquela geração Jesus ficou, e tomado de tristeza por não poder convencer aqueles corações endurecidos da Verdade. Cristo pode se colocar diante de nós, mas não pode nos obrigar a vê-lO. Imagino Jesus deixando-os com o semblante abatido, tomando o barco com seus discípulos e olhando para eles com uma esperança doída. Então os discípulos sentem falta de pão e começam a se preocupar. Os mesmos discípulos que tinham visto Jesus multiplicando alimento para milhares de pessoas, agora concentravam o pensamento em seus estômagos. Eles sabiam que Jesus podia lhes suprir todas as necessidades. Mas não confiavam que Jesus as via. Estavam com o Cristo Vivo em pleno ministério de salvar a humanidade, mas eram eles que não viam! E agora eu posso ver Jesus com os olhos se enchendo de lágrimas, aquela vaga esperança anda mais longe, e com a voz embargada, mas ainda cheia de amor, dizendo: "Tendo olhos não vedes? E, tendo ouvidos, não ouvis?" (v. 18)

Naquele momento os discípulos estavam envolvidos pelo "fermento dos fariseus e de Herodes", ou seja, vivendo uma religião superficial, desfocada do seu real sentido, inapta para religá-los às coisas de Deus, porque fundamentada em bases meramente humanas.E as palavras de Cristo remetem ao Salmo 115: 5 - 7: "Têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem; têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta." Um salmo que fala de idolatria. Mas é exatamente isso que a falsa religião faz com o ser humano: transforma-o em ídolo de si mesmo. Um ser com os sentidos tão longe de Deus, tão desvirtuado de sua verdadeira condição e tão vazio que comparável a um objeto inanimado. Não vêem a Deus porque não tem olhos para Ele, apenas para si mesmos!

Que diferença da verdadeira religião, aquela que nos orienta para Deus: "Vós, os que temeis ao Senhor, confiai no Senhor; ele é seu auxílio e seu escudo. O Senhor tem-se lembrado de nós, abençoar-nos-á; abençoará a casa de Israel; abençoará a casa de Arão; abençoará os que temem ao Senhor, tanto pequenos como grandes." (Salmo 115: 11-13). Confiança, fé, comunhão, gratidão, alegria, paz, bênção: o resultado de encontrar a Cristo na religião que se vive, e que se vive diariamente, nas pequenas coisas também. A verdade é que todas as coisas terrenas começam a parecer mesmo muito pequenas quando nos aproximamos do Altíssimo.

Que o Senhor abra não só os nossos olhos mas nosso coração para recebê-lO em nosso espírito, e assim obtermos vida - não essa vidinha que o mundo nos oferece -, mas vida em abundância.

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