terça-feira, 24 de maio de 2005

40 dias procurando Luz - Dia 10

Texto Bíblico do dia:

Jeremias 17: 7 e 8 - "Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Porque é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se fadiga, nem deixa de dar fruto."

O programa de Deus para a minha vida hoje:

Acreditar que Ele me busca antes de eu buscá-lO.

Meditando:

Todo mundo conhece aquele ditado que diz que não podemos passar pela vida sem plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Por incrível que pareça, para mim tem sido mais difícil conseguir plantar uma árvore! E não é por falta de tentativas. Desde criança gosto de mexer com plantas. Mas mesmo aquelas experiências de fazer germinar um feijão no algodão úmido, que a gente fazia na escola, não davam muito certo. Quando eu me animava para plantar o pé de feijão no quintal, vinham os pardais e comiam os brotinhos. Outros simplesmente cismavam em não germinar. Até que eu resolvi começar tentando pelos livros...

No entanto faz pouco mais de um mês e ganhei uma planta de presente. Não é uma árvore em cuja sombra se possa abrigar com os netos depois de alguns anos. Na verdade é apenas um arbusto - um pé de capim-santo - que uma amiga me deu porque descobriu que eu gostava do chá de suas folhas. E acrescentou: "Olha, não precisa se preocupar porque essa planta pega fácil, fácil. É só plantar e deixar lá que ele cresce sozinho". Fiquei feliz com a perspectiva e arranjei um cantinho pra o arbusto no meu quintal. E não é que ele "pegou" mesmo? Suas folhas foram crescendo devagar, e em pouco tempo ele já dava para colher suas folhas para fazer chá. Que Beleza!

Mas eu não contava com as chuvas de maio. Recife está sendo inundada por chuvas torrenciais, dando à cidade um aspecto pós-diluviano e nos ilhando em casa - quando a casa também não está debaixo d´água. Meu quintal não escapou. Como a grande maioria do solo recifense é área de mangue aterrado, a terra retém a água facilmente; ela não tem onde penetrar porque o solo já é muito encharcado. Logo, meu quintal virou uma graciosa lagoa, habitada por plantas e bichos estranhos, e onde as muriçocas fazem festa e procriam alegremente. Como você pode imaginar, meu pobre pé de capim-santo está no meio da lagoa, e a essa altura morre afogado, as folhas apodrecendo lentamente debaixo d ´água enquanto eu volto a tomar chá de saquinho.

Tem coisa mais triste para uma planta que morrer afogada? Nós estamos acostumados a vê-las morrer por causa da seca, não por causa da chuva. Por isso, decerto, Jeremias comparou nossa esperança no Senhor com a planta que se nutre junto às águas do Seu amor, e nelas busca força para resistir nos tempos difíceis, de provas e desalento. Mas é triste perceber que algumas árvores da "plantação do Senhor" (Isaías 61:3) estão sujeitas a morrer afogadas - cercadas de bênçãos por todos os lados, mas incapazes de absorvê-las.

Falando objetivamente, me refiro aos cristãos que não aprenderam a ser gratos. Embora até agradeçam a Deus por uma ou outra coisa, estão com seus olhos sempre voltados para o que não têm, para o que não conseguiram, para o que não são, e assim deixam de ver tudo que têm, conseguiram e são, por obra e graça de Nosso Senhor. Falo de uma postura de gratidão frente a vida. Isso não significa agradecer somente esporadicamente, um agradecimento seco e geral. Uma postura de gratidão produz santa curiosidade, que procura em tudo, tudo mesmo que nos acontece, um motivo para louvar a Deus. Trata-se de tentar desvendar a lógica divina, vendo os fatos de nossa vida por uma lente mais ampla, que abrange todo o plano da salvação, e não apenas nossos desejos. É nesse momento que muitas bênçãos se revelam onde antes havia dúvida, temor, problema. Quem assume essa postura, freqüentemente se pega louvando a Deus mesmo depois de um acontecimento aparentemente negativo. O Espírito Santo trabalha na mente de modo a conduzí-la até uma causa divina. E nunca se conforma com um "porque Deus quis". Muitas vezes, percorrer o caminho até a causa dura anos, décadas, uma vida inteira e, creio, levará às vezes metade de uma eternidade. Mas enquanto isso, a postura de gratidão condiciona a crer. E louvar sempre, pela convicção de que somos instrumentos em Suas mãos, e Ele sabe cuidar de nós.

Pensamos que a confiança produz gratidão, mas freqüentemente é a gratidão que produz confiança. É de um coração agradecido a Deus que surge a fé para mover montanhas e subir tantas outras. Por isso que louva tem mais fé, e mais bênçãos: suas raízes espirituais estão sempre prontas a absorver o que o Infinito lhes dá . A terra em que está firmada, jamais se encharcará. Na seca ou no tempo de chuva, esta árvore estará segura, frutificando e crescendo para honra e glória de Deus.

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