quinta-feira, 8 de maio de 2008

8. ORAÇÃO - Projeto Imagem e Semelhança

Original: Purify my heart – Eden´s bridge
Versão: Luciana D. Teixeira de Araújo

Minha oração
é que eu possa ver
meu semelhante.
Minha salvação
não quer se fechar
só em mim.

Minha adoração
é Te enxergar
em quem sofre.
Minha ambição
é poder cuidar
de alguém.

Glórias renunciar,
o ego desentronizar,
E descobrir Vida
em dar a vida por outros,
e descobrir Força
em viver para fortalecer outros,
Como fizeste Tu.

Quero ser cristão:
que possam notar
por meu amor.
Quero meus irmãos
crendo que é possível um céu.

Me alegrar em fazer sorrir,
Prosperar ao me diminuir,
E descobrir cura
sarando a dor dos outros,
E descobrir Bênção
Em partilhar minhas bênçãos com outros,
Como fizeste Tu.


“E faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam meus mandamentos”. Êxodo 20.6


Descobri já faz bastante tempo que meu instrumento musical preferido é o violoncelo. De todos os instrumentos de corda esse tem o timbre que me toca o espírito, que me comove, que me penetra os sentimentos e cativa o ouvido. De onde veio esta afeição?

Certo dia estava observando minha mãe cantar quando me ocorreu uma suspeita. Ela adora cantar enquanto faz tudo. Às vezes apenas murmura baixinho, mas definitivamente traz sempre consigo um cântico no coração. Desde que eu era bem pequena lembro de ouvir minha mãe cantar, seja na lida diária com os afazeres domésticos, seja na hora do repouso, deitada no sofá. Mas só bem recentemente percebi que o timbre da voz dela lembra... um violoncelo! A voz grave percorrendo suavemente notas ligadas, crescendo e diminuindo como que moldadas num arco, a respiração moderada, sem pressa, o murmurar macio que me soou como um lindo violoncelo. Tenho certeza que a voz de minha mãe, entoada em momentos tristes e felizes, determinou minha preferência instrumental.

Mas esta foi só uma das preferências que ela influenciou em mim. Mesmo tendo personalidades bem diferentes, acabei herdando seu gosto pela leitura, pela poesia, pela Arte, pela natureza, pelas coisas simples e tantas outras. Hoje reconheço em minhas próprias atitudes maternas reflexos das atitudes dela para me educar. E isso é algo meio inconsciente: mesmo não concordando com algumas dessas atitudes, meu primeiro impulso é imitá-las, tal qual minha memória de filha registrou.

Essa constatação e mais alguns exemplos bíblicos me levam a concluir que as nossas escolhas como pais têm uma influência poderosa sobre as futuras escolhas de nossos filhos. Não importa o conceito que eu ou os outros tenham de mim hoje:serei lembrado pelas coisas que faço, meu filho não guardará de mim só uma imagem, mas um conjunto de ações, palavras, decisões. Quando nos lembramos de Adão não podemos dissociar dele o ter passado a toda a humanidade as conseqüências do pecado. Quando falamos de Davi, recordamos um grande rei e um pai fracassado, com uma família desestruturada por causa de imaturidade emocional dele. Eli, sacerdote do Senhor, amargou a perda precoce dos filhos porque desmereceu sua influência paterna na educação deles. Não se trata de Deus castigar os filhos pelos pecados dos pais, mas daqueles sofrerem as conseqüências das más escolhas destes, e isso inclui até aquelas escolhas que julgamos “bobas”, mas que acabam por atingi-los a longo prazo, pois ficam gravadas em sua memória e teimarão em querer ser repetidas na vida deles no futuro. É assim que convivemos com famílias que parecem perpetuar, geração após geração, a infidelidade, o vício, a fraqueza de caráter. Isso não é vontade de Deus, e Ele está pronto a quebrar essa cadeia de miséria. Mas para isso precisamos levar a sério nosso papel como representantes de Deus perante nossos filhos, e nunca tomar decisões, por menores que sejam, apenas por nós mesmos, mas pensando além, no futuro de nossa semente, para que ela venha a ser qual árvore plantada junto a corrente de águas (Salmo 1:3).

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