sábado, 10 de maio de 2008

10. QUEM SOU EU? - Projeto Imagem e Semelhança

Original: Who am I? – Point of Grace
Versão: Luciana D. Teixeira de Araújo

Muitas vezes só me aproximei
querendo exigir;
que se eras mesmo Deus podias
me dar o que eu pedi.
E briguei contigo, quis fazer
sozinha o meu castelo
mas quando o mar o derrubou
foi que a Graça me alcançou.

Quem sou eu
para que lembres meu nome?
Quem sou eu
pra que me ames como sou?
Quem sou eu
que vês em mim a tua imagem?
Semelhança que me faz entender
quem sou eu.

Questionei tua forma de agir
no mundo ao meu redor
Porque sendo Deus seria fácil
fazer muito melhor.
Enchi com mágoas e perguntas
meus dias sem amor
Mas esvaziada aos teus pés
a paz me completou.

A graça de Deus
é um milagre do seu amor
A graça de Deus
é o perdão ao pior pecador: eu...

(esta sou eu
sou tua filha amada
és um Pai tão meu)


"Eu sou o SENHOR, vosso Deus." (Levítico 19:3)


O título desta música me acompanhou boa parte da gestação. Não me disseram que a crise de identidade pode ser um sintoma da gravidez...

Não foram poucas as vezes que eu parava tudo para me perguntar se eu era eu mesma ou se havia me tornado apenas uma mãe. Sim, porque desde o momento em que soube que estava grávida tudo parecia flutuar literalmente ao redor do meu umbigo. Um novo ser que assumiu o controle de tudo dentro e fora de mim. Nem minhas roupas eu podia mais escolher sem antes consultar a barriga! Ao me olhar do espelho eu só me reconhecia do pescoço pra cima, e mesmo assim, em alguns momentos que não estava mentalmente dominada por meus hormônios pululantes.

Aí eu pensava: “Peraí. Então não sou mais eu quem vivo, mas um nenê quem vive em mim?”. Passei heroicamente pelas dores, incômodos e enjôos e até perdi uma oportunidade de emprego por causa da gravidez.

Então comecei a compreender melhor o que era ser mãe. Não era só um nenê que estava dentro de mim. Era meu filho, ou seja, um pedacinho de mim mesma. Alguém gerado conforme minha imagem e semelhança carregava muito do que sou. Portanto a culpa de tanta renúncia não era dele, era minha mesmo! E as dores, as perdas, eram todas vindas de um ser que era antes de tudo, eu. Só que numa versão melhorada pelos genes do pai, claro. E no fim, eu não estava perdendo nada, estava ganhando este presente maravilhoso da graça divina, com uma série imensa de benefícios adicionais. Desde então fiquei ansiosa pra ele sair logo da “embalagem” (até hoje procuro o manual e o botão desliga).

A graça de Deus é assim, sempre nos beneficia, ainda que nem sempre a compreendamos totalmente de pronto. No fim, podemos até perceber que tudo coopera para o bem dAqueles que O amam (Romanos 8:28), mas freqüentemente nos enrolamos pelos meios...

Lembro que aprendi no colo do meu pai que eu era uma filha de Deus e dependente de Sua graça. Quando estava doente, lembro dele chegando perto da minha cama para orar comigo. Colocava as mãos sobre mim, fazia uma prece de olhos fechados e em breve tudo ficava bem. Uma fé simples e eficaz assim. Aí eu cresci e conheci a aspirina. Era só ir na farmácia e pronto.

Mas que Deus quero que meu filho conheça? Um Deus que se preocupa com ele, mesmo em seus menores problemas (sim, crianças também têm problemas, e não só de saúde), um Deus que cura e que nos faz experimentar Sua graça, ou um Deus que só está na igreja nos sábados? Será que meu filho vai crescer pensando que quem cura mesmo é o remédio? Que se ele tiver dinheiro, pode comprar soluções sem ajuda de nenhum Deus? É claro que, utilizado corretamente, o remédio também pode ser um instrumento de cura, e termos dinheiro para comprá-lo também é graça de Deus. Mas a fé deve vir antes de tudo que possamos fazer. A experiência com a graça é que nos faz sentir filhos e filhas amadas de um Deus a quem podemos recorrer sempre. E este senso de identidade com o céu é algo que tem pouco a ver com o que fazemos, e muito com o que deixamos que Deus faça por nós, em nós.

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