sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Adveniat - O Deus que você não viu no shopping

Ah, me convenci que é impossível para mim fazer um texto com menos de 500 palavras. Enxuguei o máximo e ainda assim só cheguei nas 550. Acho que não vou me preocupar mais com isso não. Só volto a cortar se o Mário achar necessário, porque aí tem a ver com o padrão do site. Quem sabe com um pouco mais de treino... hehehhe. Engraçado, tem textos que escrevo e gosto do que escrevi, acho bonito (como o anterior). Esse me assustou depois de pronto, como se eu tivesse parido um filho que ao invés de chorar recitasse Karl Marx.

O DEUS QUE VOCÊ NÃO VIU NO SHOPPING

Passadas as festas de final de ano sempre me invade uma vontade danada de não ver um shopping nunca mais. É mais que cansaço e antipatia, é uma certa desilusão depois de ver tanta gente garimpando felicidade pela compra-e-venda. Os sorrisos e gentilezas parecem feitos do mesmo material do objeto que iremos comprar. O shopping é um lugar todo projetado para o estupor dos sentidos, para nos dar a sensação que saímos de lá mais confortáveis, ainda que tenhamos comprado um scarpin que destruirá nossos dedos no primeiro uso.

É um dos males do nosso tempo: o servir está sempre atrelado a um interesse, que desembocará irremediavelmente no desejo de ser servido. O vendedor com cólicas precisa forçar um belo sorriso pois está querendo trocar de carro ou celular. E todos desejam ser servidos com conforto, qualidade e rapidez, entendendo isso como requisito para uma vida feliz. Por que então a solidão, o tédio, a doença?

Penso que a particularidade mais característica do cristianismo é o serviço desinteressado por amor a Cristo. Mas mesmo a religião tem sido em nossos dias invadida por uma atmosfera de shopping, onde não basta ser servido, há que se ter o que quer com muita facilidade. Há que se oferecer abundância e conforto a todos os sentidos para que eles fiquem embotados a ponto de não discernirem mais, e serem suavemente conduzidos pelas escadas rolantes até a presença de um Deus que possa ser negociado a gosto do cliente.

Esse tipo de religião, que pode estar presente em qualquer denominação, tem a oferecer:

- O deus loja de automóveis – ele é rápido e você o dirige.

- O deus fast food – deus quer você feliz! Delicie-se com o que seus sentidos desejarem sem se preocupar com o dia de amanhã.

- O deus loja de roupas - Se ajusta perfeitamente nas suas medidas e você usa quando quiser, trocando-o por outro mais adequado conforme a ocasião.

- O deus salão de beleza - Disfarça suas imperfeições, embelezando aquilo que você não pode mudar (nem quer) para uma aparência de piedade.

- O deus loja de decorações - Aqui você encontrará música, pregação, e ainda lindas programações decorativas para sua igreja, que nunca afrontarão o seu gosto pessoal. Com beleza e requinte quem precisa de conteúdo?

- O deus loja de importados - a diferença entre o verdadeiro e o falso é quase imperceptível, ninguém perceberá a autenticidade do seu cristianismo.

- O deus "TVshop" - Você viu na TV! Esse Deus realizará todos os seus sonhos com apenas cinco minutos de uso por dia! (também conhecido com "a seita cheque")

Mas ainda há religiosidade que está comprometida com o Deus Eu Sou, o Deus que não se vende mas que se deu gratuitamente por nós. Quem quer, na contramão do mundo, viver este tipo de religião, vai buscar Deus na Bíblia, fonte mais segura para achar dádivas eternas, que nunca se misturarão ao pó da terra. E na Bíblia lemos: "Ide [...], pregai [...], curai enfermos, limpai leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios: de graça recebeste, de graça dai." (Mateus 10: 6 - 8). Ocupe mais tempo de sua vida com serviço cristão abnegado, e respire o ar celestial acima da atmosfera do shopping. Porque "É chegado o reino dos céus" (Mateus 10: 7).

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