quarta-feira, 9 de fevereiro de 2005

5 – Amar até doer - FIEL A TODA PROVA - Reflexões para o acampamento de carnaval 2005

Dinâmica*:
O facilitador deverá distribuir, para quatro pessoas, lápis e papel. Em continuação, pedir para cada pessoa escrever, nesse papel, algum tipo de atividade que gostaria que o colega sentado à esquerda fizesse. Não precisa ser no momento da reunião, pode ser depois, pagar um sorvete, um lanche, cantar em seu lugar na escala, dar sua camisa favorita de presente, pode ser qualquer coisa, desde que não comprometa a integridade física e moral e espiritual da pessoa (pode ser fazer alguma atividade também). Logo após, deve ser solicitado que o papel seja dobrado, evitando, assim, que o companheiro tome conhecimento do que está escrito até o momento em que todos terminem. Ao concluir, pede-se para cada pessoa ler o que escreveu e desempenhar a tarefa que havia sugerido para o seu colega!
Conclusão: "Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também a eles". (Mateus 7:12)

Uma das frases preferidas de minha mãe, de autoria da Madre Teresa de Calcutá, é: "nós devemos amar até doer". E pela vida das dessas duas mulheres posso afirmar que a frase não tem nada a ver com masoquismo nem com a falsa crença de que o sofrimento é uma forma de auto-redenção. Acredito que essa frase , essa filosofia de vida, tem a ver com um senso de empatia forte, capaz de sentir a dor do outro como se fosse a própria dor e a felicidade do outro como se fosse a própria felicidade. E viver assim não é algo fácil!

Quando Cristo nos orientou a amar nossos semelhantes como a nós mesmos ele estava pedindo isso: empatia sincera e desinteressada. Ele próprio, enquanto sangrava na cruz, não pensava na própria dor, não sofria por causa da coroa de espinhos ou das dolorosas feridas em seu corpo. Embora muitos gostem de enfocar o sofrimento físico de Cristo, não foi isso que o fez desfalecer de dor e morrer com o coração literalmente esmagado. O maior sofrimento de Cristo foi também sua maior prova de amor porque correspondia às dores que toda a humanidade já sentiu, sentia e iria sentir. Tudo que o pecado estragou estava pesando sobre Cristo no calvário. Ele não foi ferido por soldados cruéis ou castigos desumanos: "foi ferido por nossas transgressões e esmagado por nossas iniquidades". Nisto está o amor da cruz, o maior exemplo do que é amar até doer: é importar-se com a vida dos irmãos de forma tão plena, a ponto de morrer por causa da doença que os corroíam, neste caso, o pecado. E com isso dá-lhes vida em abundância.

Cristo amou o semelhante entregando sua vida, com dor, numa cruz. Madre Tereza de Calcutá amou o semelhante entregando sua vida, com dor, a causa dos pobres, fracos e oprimidos. Minha mãe também amou seu semelhante, dando a luz a três filhas, com dor, passando ainda por outros sofrimentos só para vê-las felizes, e nisso obter sua felicidade. Eu também posso amar meu semelhante toda vez que entrego a ele um pouco da minha vida, e mesmo que tenha como primeira resposta a dor, saiba continuar minha entrega consciente que faço isso porque o amo, não porque isso me trará vantagem.

Falo isso num tempo em que somos ensinados a amar somente aquilo que nos traz algum benefício imediato. Que ensina a descartar tudo aquilo que não nos agrada, e deixar que o ego direcione os relacionamentos segundo sua possibilidade de dar prazer. É comum que cristãos dedicados, mas enganados por esse tempo egoísta digam a si mesmos: "Tenho feito tudo para ser bom, mas as pessoas insistem em me machucar, então é melhor eu me afastar delas!". Então alguns saem da igreja, porque se dizem decepcionados com os membros. Outros permanecem na igreja, mas levam consigo uma mágoa grande, que os faz esfriar na fé. Outros ainda, julgando fazer a coisa certa, se isolam por trás de uma muralha de gelo e não se envolvem com mais ninguém. Acontece que ser cristão é ser mais do que o tempo e o lugar que vivemos espera de nós. Ser fiel é fazer mais que o possível e não desistir das pessoas, tal como Deus não desistiu de nós, mesmo tendo todos os motivos para isso.

Amar até doer não é deixar que as pessoas te desrespeitem e ofendam enquanto você fica passivo. Quem ama também sabe reagir, corrigir e ensinar sem usar de maldade ou violência. Mas quem ama até doer, compreende que a dor que sente não é a dor que o outro causou, mas a dor que o pecado causou, que o Mal causou, e que atingiu o seu irmão de uma forma tão triste, que agora isso está doendo em você. Seja lá quem tenha te magoado, decepcionado ou ferido, essa pessoa fez isso porque o pecado a feriu primeiro. O que você sente não é a sua dor, mas a dor do pecado de alguém. Enquanto você se concentrar na dor não poderá esquecê-la, talvez também não consiga perdoá-la. Mas a dor é apenas um sintoma de que o organismo não está bem, e neste caso o organismo não é um indivíduo, mas o contexto em que ele está inserido. Quando você voltar os olhos para o teu semelhante como alguém que carrega o pesado fardo e a dor suprema de nascer neste mundo como pecador - como qualquer um de nós - você perceberá nas fraquezas dele um motivo para você amá-lo mais e mais forte. Foi assim que Cristo fez quando o humilharam, bateram, mataram: Ele viu uma humanidade doente, que precisava de vida, então Ele a deu.

Quem aprendeu a amar até doer, sabe que amar é entregar a vida, e isso pode, em algum momento gerar algum tipo de dor. Ou a dor de suportar e perdoar o pecado do outro, ou a própria dor do outro, que hoje só serve para dar audiência em programas de TV, e pacientes a médicos e psiquiatras, ou ainda, a dor de engolir o próprio orgulho e aprender a ficar feliz com as conquistas e felicidades do outro. Acho até que "se alegrar com os que se alegram" é a forma mais difícil de aprender a amar até doer. Em tudo isso, porém, estejamos certos que Cristo conhece mais que qualquer outra criatura o significado da dor, e a maneira de como podemos livrarmo-nos dela para sempre. "E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas." (Apoc. 21:4).

*As idéias das dinâmicas foram retiradas do site http://www.advir.com.br/JA

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