domingo, 6 de fevereiro de 2005

02 – Onde está a Vontade dEle? - FIEL A TODA PROVA - Reflexões para o acampamento de carnaval 2005

Dinâmica*:
Distribua papel e caneta para as pessoas que vão participar e peça para se sentarem no primeiro banco. Coloque o quadro-negro ou uma folha de cartolina com as tarefas escritas, de frente para os "alunos", e deixe à vista de toda a igreja com as seguintes tarefas escritas e diga que quem terminar primeiro ganhará um prêmio:
1 - Escreva o nome da 2ª pessoa da trindade no rodapé, à esquerda da folha.
2 – Diga em voz alta o nome do homem que era Nazireu e tinha sua força nos cabelos.
3 - No alto da folha, à direita, escreva o dia do seu nascimento e depois dê um pulinho.
4 - À esquerda, separe as sílabas da palavra Paralelepípedo.
5 - À direita, desenhe uma Bíblia aberta e diga em voz alta: “Eu vou ganhar”
6 – Levante a folha de papel o mais alto que puder.
7 - Escreva o nome do assassino de Abel e em seguida dig ao nome dele para as pessoas que estão na última fila de cadeiras do auditório.
8 – Diga a pessoa à sua direita: “Jesus te ama”
9 – Faça um círculo no centro da folha e depois dê uma giradinha.
10 – Ignore todas as tarefas acima e escreva apenas seu nome em qualquer da folha e me devolva.
Obs.: Este é um teste de atenção. Ganha quem fizer mais rapidamente apenas o item 10.

Existem muitas maneiras de uma pessoa expressar sua vontade. E às vezes é preciso ser muito preciso para ter certeza que as pessoas entenderão qual é sua vontade de forma inequívoca, pois os seres humanos somos muito dados a interpretar a vontade alheia segundo seus próprios interesses, seu contexto cultural, educacional, religioso. Logo que entendeu isso, o homem criou leis e códigos escritos para que a vontade da sociedade em que vivia, que era o bem comum, pudesse ser acessada e compreendida por todos, e assim ninguém pudesse alegar ignorância quanto a essa vontade superior. Hamurábi, um poderoso rei sumério, foi um dos primeiros a criar uma lista escrita de preceitos, que continham severas regras de convivência. Sob influência do Código de Hamurábi, surgiram muitos outros códigos posteriormente. Moisés, enquanto foi educado no Egito, deve ter tido conhecimento desse código, e algum tempo depois escreveu também um código de leis cerimoniais, civis, penais e até sanitárias para ordenar o modo de vida dos hebreus. A mais famosa prova da influência de Hamurábi sobre Moisés é a frase: “Olho por olho, dente por dente”, que consta nos dois registros legais.

Mas Moisés teve muito da orientação divina para compor as leis hebraicas. Deus chegou mesmo a ditar partes inteiras das regras para que não houvesse margem de erro. Mas quando quis expressar Sua vontade para com a vida de todo ser humano em todos os tempos, Deus escreveu de seu próprio punho um decálogo – os dez mandamentos – que é o mais fantástico código de leis já escritas. Obedecendo aos dez preceitos divinos, nós conseguimos compreender exatamente o caráter de Deus, e então vivemos em perfeita harmonia com Ele e com nossos semelhantes. Numa sociedade em que todos obedecessem a Lei de Deus, esta não apenas me ajudaria a me tornar um ser humano melhor, como me protege de qualquer mal que me quisessem fazer. “A Lei é perfeita” (Salmo 19:7). Deus poderia tê-la ditado a Moisés, como fez quando o ajudava a compor o código de leis cerimoniais, mas para que Sua Vontade fosse bem inequivocamente compreendida, Ele mesmo escreveu letra por letra.

Porém, expressar a vontade por escrito não é um meio totalmente eficaz, a não ser que você conheça muito bem o autor do texto. Por exemplo, se eu fizer uma lista de compras para meu marido ir ao supermercado, sei que posso escrever simplesmente “capim” no lugar de “alface, espinafre, brócolis e acelga”, porque para ele toda verdura é carinhosamente tachada de “capim”. Mas se outra pessoa pegar a mesma lista, certamente vai desconfiar da minha sanidade mental. Só ele seria capaz de entender minha vontade nesse caso. Com a Lei de Deus aconteceu algo análogo, embora em proporções muito mais dramáticas. À medida em que o povo se afastava do convívio sincero com Deus, que deixava de manter um relacionamento próximo com Ele e se preocupava apenas com uma religiosidade de aparências, também deixava de entender a real vontade de Deus expressa em Sua Lei. Sim, porque ali havia princípios, e os princípios eram o espírito da Lei de Deus. Acontece que o povo só compreenderia os princípios se estivesse intimamente ligado com seu Criador. E infelizmente não é isso que a História registra...

No tempo em que Jesus veio à Terra pela primeira vez, a Lei de Deus havia perdido seu verdadeiro sentido, tanto os homens haviam deturpado e denegrido a vontade Suprema. Por exemplo, com relação ao mandamento do sábado, os escribas resolveram criar um código próprio para que todos guardassem o Santo Dia da forma como eles achavam certo, e não como Deus achava certo. Eles pegaram uma série de ações que consideravam impróprias para o dia de sábado – como cavar, colher, carregar peso, plantar, caçar – e subdividiram exaustivamente essas ações até o ridículo. Então uma pessoa não poderia usar dentadura no sábado porque estaria carregando peso. E pela mesma razão não poderia usar sapatos com pregos (só os ricos tinham sapatos costurados...), nem levar um agulha, uma pena ou um pão no bolso. Mas se dois homens carregassem o pão juntos, estava tudo bem. Uma senhora não poderia olhar-se no espelho, pois ao ver um cabelo branco poderia se sentir tentada a arranca-lo, e com isso estaria “colhendo” no sábado. Se alguém arrastasse uma cadeira, estaria cavando. Se cuspisse e espalhasse a saliva com o pé, também, a menos que cuspisse na calçada. Se apanhasse uma pulga estaria caçando. Se fosse alimentar as galinhas tinha de cuidar para não deixar nenhum milho no chão, se não estaria plantando. A situação chegou num nível que certo sacerdote macabeu declarou: “os pecados de todo aquele que observar estritamente toda a lei do sábado, embora seja ele adorador de ídolos, ser-lhe-ão perdoados”.[1]

Pode imaginar quão torturante era viver assim? A quantidade de judeus paranóicos em observar coisas inúteis que Jesus encontrou em seu tempo? Principalmente, você pode imaginar o quão distante de Deus esses homens estavam? Tudo isso porque o povo se ateve tanto à letra da Lei que esqueceu a Vontade de Deus. Ainda hoje existem pessoas que se propuseram a ser cristãos, mas que em algum ponto do caminho se afastaram do Cristo que dava sentido a sua religião, e esses acabam descobrindo um grande vazio dentro de si, mesmo que continuem a viver uma aparente religiosidade. Repare também que hoje temos regras administrativas e institucionais que nos auxiliam a conviver como membros de uma crescente igreja mundial. Mas é nosso dever é, antes de cumprir qualquer regra, certificar-se de estar agindo dentro dos princípios que Cristo estabeleceu para seu Povo. E isso não é uma conclusão a que se chegue apenas pelo raciocínio lógico ou pelo conhecimento teológico, mas por um profundo relacionamento com Deus. Quanto mais nós o conhecermos, mais perto estaremos de saber sua Vontade.

Obedecer a regras é fácil: muitos preferem passar a vida inteira aderindo a elas porque pensar dá muito mais trabalho. Mas Deus não nos fez para sermos condicionados como animais: Ele nos fez seres com capacidade de pensar sobre a razão da fé que professamos, e vocação para obedecê-lo por amor, não por medo, por costume, ou porque “todo mundo faz assim”. Mostramos nossa fidelidade ao Senhor e Sua Igreja quando nos interessamos em estar mais perto dEles para os conhecermos, conhecer a Palavra de Deus, a mensagem de Seus profetas, a sã doutrina, o fundamento dos ritos cristãos, e nisso, Sua vontade expressa através dos princípios que norteiam todas as formas pelas quais Ele se revela a Seus filhos. E ao conhecer Sua Vontade, é revelado o verdadeiro sentido de nossa vida.

[1] FERRAZ, Itanel. Segue-me. São Paulo: CASA, 1994. p. 140-144


*As idéias das dinâmicas foram retiradas do site http://www.advir.com.br/JA

Nenhum comentário: