segunda-feira, 7 de fevereiro de 2005

3 – A toda prova mesmo? - FIEL A TODA PROVA - Reflexões para o acampamento de carnaval 2005

Dinâmica:
Quatro voluntários, duas duplas. Um será vendado e vai tentar esvaziar uma tigela cheia de bolas de algodão, transportando-as para uma tigela ao lado com uma colher, enquanto o outro tenta orienta-lo para que nenhuma bola de algodão se perca. Ganha a dupla que tiver mais bolas de algodão na segunda tigela depois de findo determinado tempo.
Pode-se trocar a pessoa vendada da dupla, e esvaziar a tigela de algodão, deixando-a pensar que está fazendo a mesma coisa.
Aplicação: Em certas situações tudo que podemos fazer é confiar.

Sempre me chamou atenção a confiança absoluta que algumas pessoas demonstram em um ideal que elegeram para nortear suas vidas. Mas nenhum exemplo me tocou tanto quanto o dos mártires cristãos. Quando eu estava recebendo estudo bíblico, aos treze anos, meu isntrutor me emprestou um livrinho chamado “Heróis da Fé”, que conta a história dos Valdenses, povo cristão que habitou a Europa na Idade Média e foi duramente perseguido por causa da pureza da sua fé, que não se submetia às falsas crenças de então. A partir desse momento, enquanto os colegas do minha idade colecionavam gibis do Homem Aranha, X-Men, Hulk, Batman, eu me empolgava em descobrir mais sobre a história dos mártires cristãos ao longo da História. Eram os meus heróis. E assim eu cheguei até o livro “O Grande Conflito”, de Ellen White, onde eu pude ler sobre a história de cristãos que foram perseguidos e mortos durante a igreja primitiva e a reforma religiosa, mas não vacilaram em defender e propagar sua fé. Histórias de homens arrancados de seu Lar para serem torturados e mortos em prisões, histórias de mulheres que vestiam-se como noivas para serem enterradas vivas em seus túmulos, histórias como a de João Huss e Jerônimo, missionários fecundos de quem um contemporâneo católico escreveu: “Ambos se portaram com firmeza de ânimo quando se lhes aproximou a última hora. Prepararam-se para o fogo como se fosse a uma festa de casamento. Não soltaram nenhum tipo de grito de dor. Ao levantarem-se as chamas, começaram a cantar hinos, e mal podia a veemência do fogo fazer silenciar o seu canto”. Ellen White complementa: “Depois de completamente consumido o corpo de Huss, suas cinzas e a terra em que repousavam foram ajuntadas e lançadas no Reno. Seu perseguidores...dificilmente se dariam conta de que as cinzas naquele dia levadas para o mar deveriam ser qual semente espalhada em todos os países da Terra.”[1]

Ao contrário dos heróis que meu colegas buscavam nos quadrinhos, no cinema ou na músicas, estes heróis da fé eram de verdade, e tinha o mais nobre ideal de vida, que era viver para Jesus. Ao contrário dos heróis forjados pela indústria da diversão ou pela literatura, estes heróis da fé não tinham edição limitada ou episódio final. Se você pensa que hoje, com a evolução do pensamento humano e o avanço dos direitos humanos a situação mudou, está enganado. “Desde o apedrejamento de Estêvão, poucas semanas depois do Pentecoste, aproximadamente 40 milhões de crentes deram sua vida simplesmente por serem cristãos. Deste número estarrecedor, apenas nosso século tem sido responsável por quase 26,6 milhões de mártires, espalhados através do globo.”[2] Isso acontece porque hoje a perseguição também é motivada por motivos políticos. Mesmo entre os adventistas, que procuram não se envolver em confrontos políticos ou religiosos, há um considerável número de mártires conteporâneos: “seis em Chiapas, Mexico,6 dois em Dagestã, Sul da Rússia7 e um número incerto na Ruanda”[3].

Como Huss e Jerônimo, há exemplos atuais, como o do senhor Wong[4], um chinês adventista do sétimo dia, sentenciado a 20 anos de trabalhos forçados por guardar o sábado e por continuamente falar a outros de “meu Amigo Jesus”, sobreviveu a repetidas tentativas de “re-educá-lo”. Mesmo no campo de trabalho forçado, ele aproveitava toda oportunidade para dizer uma palavra a favor de Jesus. Algumas das pessoas às quais ele testemunhou tornaram-se fiéis cristãs, porém com mais freqüência companheiros de prisão o traíam, levando-o a repetidas sessões de espancamento e tortura.

Certa vez, depois de 17 dias consecutivos de tortura, Wong ficou impaciente. Como podia ele convencer os carrascos que o espancavam de que seus esforços eram inúteis? Abrindo os lábios ensangüentados, exclamou: “Vocês não compreendem!” Por um momento houve silêncio. “Minha resposta é Não! Mesmo se o Chefe Mao estivesse aqui pedindo que me retratasse e negasse meu Deus, eu ainda diria Não! Não posso negar meu Amigo Jesus!” Enfurecido, o principal atormentador de Wong agarrou seus braços, que estavam amarrados atrás das costas, levantou-os acima da cabeça de Wong e “os trouxe para a frente de seu peito, arrebentando os tendões dos ombros e quebrando os dois braços”. “Basta!” ordenou o supervisor. “Pare! Se matarmos o criminoso Wong, não poderemos ajudá-lo a desenvolver-se”.11 Embora Wong mal tivesse condições de preocupar-se com viver ou morrer, ele se preocupava supremamente em ser fiel a seu Amigo Jesus. Não amou sua vida “até à morte” (Apocalipse 12:10).

O que a história desse e de outros mártires modernos têm em comum, e que ao invés de encarar sua situação como abandono d aparte de Deus, eles a encaravam simplesmente como uma oportunidade para testemunhar. Aliás, testemunha é mesmo o significado da palavra grega martys, que é empregada na Bíblia (Mateus 18:16; Lucas 24:48; Atos 1:8). Os cristãos primitivos entendiam um mártir como uma testemunha que poderia ou não morrer pelo Evangelho (Atos 22:20; Apocalipse 2:13; 17:6). Mártir vivo, portanto, seria aquele que fosse tratado como mártir, embora não viesse a morrer por causa do mártir, como foi o caso do discípulo João, que foi jogado num caldeirão de óleo fervente sem nada perecer, e foi o único discípulo de morreu de velhice. Eu poderia, neste ponto, enfatizar que há profecias alertando para o fato de que todos os cristãos se tornarão mártires vivos antes da volta de Jesus, e haverão de padecer sofrimentos, angústia e forte perseguição, tal como foi na Idade Média, só que com maiores requintes tecnológicos. Mas eu queria trazer o exemplo dos mártires para bem mais perto de nós, para este momento de nossa vida cristã.

Repare que as mais belas promessas no Novo Testamento se aplicam aos mártires: “Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus” (Mateus 5:12). “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10). Mas isso não é apenas porque eles morreram. É por causa da confiança que eles demonstraram em Deus, por causa do seu testemunho que impressionou muitas pessoas e fortificou outras, que se achavam fracas na fé. O fato de morrer não é mais importante que o de derrotar Satanás, e isso todos nós podemos fazer, ajudados por Jesus Cristo. O apóstolo que disse: “sede meus imitadores (Fil. 4:17), foi um mártir; Cristo, que pediu que aprendêssemos dEle (Mateus 11:29) , foi um mártir. Timóteo, um jovem discípulo de Paulo, foi chamado a ser uma testemunha fiel, como Jesus tinha sido (I Timóteo 6:12 e 13). De fato, ele foi de fato martirizado em 97 d.C., depois de ter corajosamente denunciado as festividades orgíacas da deusa Diana em Éfeso. Mas tão mártir quanto Timóteo, Paulo ou Cristo, no real sentido da palavra, é aquele jovem adventista que se recusa a fazer uma prova no sábado, e é reprovado no vestibular. Mais que isso: tão mártir quanto este jovem, é aquele que se recusa a fazer uma prova no sábado e é aprovado no vestibular.

Para sermos mártires – testemunhas, não precisamos morrer, mas com certeza precisamos dar a nossa vida. Quando entregamos nosso viver a Jesus Cristo, entramos nós também para a galeria dos heróis da fé, e as promessas de vitórias nos alcançam por causa de nossa fidelidade em vida. Deus não se alegra da morte penosa de seus filhos, mas vibra quando vê um jovem como eu e você disposto a despertar o mundo para as boas novas do Evangelho, para a promessa da volta de Jesus, paras as verdades bíblicas que nos foram entregues para serem anunciadas com o nosso próprio exemplo. Quando sentirmos essa vontade de falar a todos de nosso amigo Jesus, e nos dispormos a cumprir essa missão sem medo ou vergonha alguma, estaremos agindo como mártires, que com ou sem sofrimento, com ou sem sacrifício, dão testemunho do poder de Deus e caminham para a salvação.

[1] WHITE, Ellen G. Ode Conflito. São Paulo: CASA Publicadora, 1987. p. 107
[2] MOON, Jerry. In Mártires Modernos: Fé a qualquer preço. Revista Diálogo Universitário. http://dialogue.adventist.org/articles/10_1_moon_p.htm
[3] Ibdem
[4] Ibdem


*As idéias das dinâmicas foram retiradas do site http://www.advir.com.br/JA

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