domingo, 8 de setembro de 2002

Uma lista para você

Todo mundo já recebeu uma, eu recebi outra esta semana. Listinhas de internet. Elas trazem de tudo, desde correntes de assinatura para proibir a caça de pardais até centenas de motivos porque um frango atravessou a rua. A lista que recebi não tinha um tema específico, mas de alguma forma falou algumas coisas que eu não poderia deixar de comentar. Entre elas:

1. A verdadeira felicidade está nas pequenas coisas...um pequeno iate, um pequeno Rolex, uma pequena mansão, uma pequena fortuna...

2. O importante não é ganhar. O que importa é competir sem perder nem empatar.

3. Ter a consciência limpa é ter a memória fraca.

4. Há um mundo bem melhor... só que é caríssimo.

5. Se procuras uma mão disposta a te ajudar, tu a encontrarás no final do teu braço.

6. Se tu és capaz de sorrir quando tudo deu errado, é porque tu já descobriste em quem pôr a culpa.

Se eu não estivesse estressada até a medula dos ossos com as provas de fim de semestre na faculdade, eu até me limitaria a rir e deixar pra lá. Mas sabe como é: estresse + TPM + esgotamento intelectual = filosofia! E junte-se a isso que ando meio irritada com essa total inversão de valores que vem sendo ironizada por aí. Por isso elaborei também minha lista, que não pretende ser engraçada nem tão profunda, mas tenta reescrever umas definições básicas que andamos esquecendo...

- Primeiro pressuposto: voltemos à definição de coisas e pessoas. Vejamos o Aurélio:
Coisas – S. f. pl. 1. Bens, propriedades, valores.
Pessoas – S. f. pl. [do lat. Persona] 1. Homem ou mulher.
Um verbete a mais, só para lembrar: coisas são para usar, pessoas são para amar. Não o contrário.

- Deveríamos dedicar mais tempo para pessoas e não para coisas; coisas são adiáveis, pessoas não. Você pode recuperar a maioria das coisas que perde. Mas o momento agora de amar as pessoas, não se recupera jamais.

- Coisas te proporcionam realização, mas só pessoas te dão satisfação. Dói no coração ver tanta gente “realizada”, culta, rica, famosa, e... insatisfeita. De que adianta realizar cada uma de nossas ambições, se ao final tudo continua sendo vazio e solidão? É muito bom conquistar coisas. Melhor ainda é partilhar isso com pessoas. Pessoas que amem quem realmente está por trás de todas as “grandes” coisas que conquistamos, e que tenham braços capazes de abraçar a “enormidade” daquilo que nos tornamos...

- Quanto tempo se gasta querendo-se achar o culpado! E depois que se acha, gasta-se mais tempo ainda encontrando-se um modo de castigá-lo, ferí-lo e condená-lo, para que se lembre bem, eternamente, do quão culpado é. Enquanto isso, em Gothan City, o problema continua sem solução... coisas têm conserto, podem até ser substituídas. Pessoas são insubstituíveis. E quando têm o coração partido, este pode não se consertar jamais.

- Ajudar é bom. Não estou falando de fazer o possível (leia-se confortável), só para parecer bonzinho – até os maus fazem isso. Não estou falando de abraçar velhinhos para ganhar a eleição. Nem muito menos de fazer uma caridade para "herdar o Reino dos Céus". Estou falando de ajudar, fazer o bem porque, oras, fazer o bem é bom. Sem nada em troca, apenas por ajudar. Porque investir em pessoas é infinitamente mais gratificante que investir em coisas. Puxa, alguém lembra o quanto isso é bom? Sabe aquele calorzinho no coração, aquela alegria secreta de ver alguém feliz sem precisar expor os próprios feitos no outdoor? Aquela sensação única de fazer algo realmente importante para alguém, sem querer absolutamente nada em troca? Ainda tenho esperança de contar a meus netos que dinossauros, araras azuis e esse tipo de ajuda desinteressada já existiram na Terra, de verdade.

Neste início de semana, faça você também a sua lista. Mas não esqueça de colocar no topo dela, as prioridades certas.

Uma semana iluminada,

Luciana

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