domingo, 21 de outubro de 2001

Pequenininha

Esta meditação vai ser pequenininha!

Nela só tem que caber um grão de mostarda.

Não importa que lá fora os supermercados tenham trocado o ringue dos preços pelo da megalomania arquitetônica, imitando os Shoppings, edifícios comerciais e Parques de Diversões. Hoje eu vou escrever pouco, mas arranjar um lugar para dizer que prefiro o Parque Dois Irmãos, que todo ano acampa ao lado da Igreja de São Sebastião, com o paradoxo de sua roda gigante pequenininha.

Estranho esse ser humano, que só reverencia o que é maior que ele (ou o que lhe parece ser), dado a aclamar a grandeza (para esquecer sua pequenez?). Talvez por ter de conviver tanto tempo com as desvantagens de ser alta demais, eu aprendi a valorizar - com uma ponta e inveja - as coisas menores . Hoje já fiz as pazes com o salto alto, mas ainda tenho ganas de Pequeno Polegar: quero ver o que me dizem os detalhes de uma sementinha.

"...O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda..." (Mateus
13:31)

Como pode Jesus comparar algo tão grandioso como o Reino dos Céus com a menor partícula com potencial de vida que os judeus conheciam? Vocês já devem conhecer uma porção de aplicações, eu vou expor a que mais me fascina.

Não é só por ser mulher, mas acho que há uma importância fundamental nos detalhes, nas coisas que passam despercebidas. Isso também vale para nossa vida cristã. Faça uma análise franca, e você perceberá que é muito mais fácil dar a vida como um mártir, que fazer aquela abnegaçãozinha que insiste em nos separar do ideal cristão, "mas que afinal de contas ninguém faz mesmo"... é fácil vestir uma camiseta com nome de Jesus estampado em letras garrafais, mas o que dizer do que se estampa em nossas palavras, "ops, escapuliu, mas afinal de contas todo mundo fala"... Paulo já sabia (tá lá no velho e bom I Cor. 13), é fácil, no calor do heroísmo, gritar a própria fé e entregar o corpo para ser queimado (ou numa versão moderna, carbonizado num avião), mas e na hora de deixar vencer o silêncio absconso do amor? "Mas afinal, eu sou humano"...

Aí está o segredo do grão de mostarda: é nas coisas menores, nos pequenos detalhes, que se prova que não se é apenas humano, mas cidadão daquele Reino dos Céus, para onde cada ato, palavra e pensamento meu deve apontar.

Uma semana iluminada!

Luna

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