segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Quantas coisas você não consegue fazer ao mesmo tempo?

Não escrevi neste fim-de-semana porque estava em um congresso para evangelistas que aconteceu no ENA. Foi um belo congresso, num lindo lugar, com pessoas amadas e comida maravilhsoa, heheheh. E tudo dado de presente pelo pastor. Amazing Grace!
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Ao contrário do que incentiva nosso século de velocidade, eu não consigo fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Logo que conheci a internet achei que era apenas imperícia de minha parte, mas hoje, dez anos depois, cheguei a conclusão que é total incapacidade mesmo. Acho fantástico observar como amigos meus conseguem conversar com quinze pessoas ao mesmo tempo num Messenger, e, ainda ao mesmo tempo, checar os e-mails, olhar uma home page, fazer uma pesquisa no google, baixar um arquivo, responder a uma pergunta do chefe (sem que este veja o bate-papo), atualizar o blog e ainda comer um sanduíche sem derrubar uma migalha sobre o teclado. Eu não consigo sequer esse último item enquanto estou na frente do computador!

E não é assim apenas no mundo virtual. Não sei o que seria da minha missão de mãe sem minha boa babá por perto, me ajudando a coordenar os mil afazeres que um bebê demanda. Na cozinha tenho que fazer uma coisa de cada vez, se não algo vai ficar sem sal, queimado ou cru. O resultado é que enquanto minha mãe gasta uma hora e três panelas para preparar um almoço eu gasto quatro horas e todas as panelas do armário. As vezes em que quis me meter à besta de fazer algo fora da cozinha enquanto o fogão estava ligado renderam desde miojo queimado até panelas com fundo derretido. Certa vez consegui queimar a pipoca enquanto conversava com um amigo em frente ao fogão...

Não obstante meus problemas mentais característicos, acho que o nosso século exalta demais quem consegue se virar sozinho para fazer tudo, e quem consegue fazer tudo ao mesmo tempo. Embora busquemos nos especializar cada vez mais, somos cobrados para dar conta de um milhão de problemas diferentes, e somos considerados “bons” quando conseguimos realizar o máximo de tarefas num tempo mínimo e sem a ajuda de ninguém. É engraçado mas hoje tem se tornado absurdo deixar que outras pessoas ajudem. É como se isso tirasse os méritos, colocasse sombra sobre as conquistas. Por isso mesmo é cada vez mais difícil para o ser humano contemporâneo lidar com a sensação de impotência. Ele, que é cobrado para ser capaz de resolver tudo sozinho, rápida e simultaneamente, amarga com tristeza extrema quando se depara como instransponível. Mas nessa hora, até para Deus chegar junto está difícil. Apelar para Deus seria confessar-se fracassado, e o auxílio divino tiraria o brilho da vitória. O homem desafiado pelo problema cairia para o lugar de salvo ao invés de fulgurar no lugar do salvador. E há quem prefira constar como fracassado a ser flagrado, frágil e pequenino, nos braços de Deus.

Mas a onipotência ainda é um atributo que só a Deus pertence. E a impotência pode ser uma boa oportunidade para questionar o valor das coisas que queremos transpor. Eu já acho que pensar, escrever e respirar ao mesmo tempo seja algo incrível para mim. Ter o controle de todo o presente e futuro na minha vida seria um desatino. Pelo contrário; alguns dos meus planos mais benevolentes não funcionam apesar de muito bem estruturados, e algumas maldades que maquino fazer quando estou com raiva de Deus falham antes de eu me sentir uma menina má. Há sempre fatores que estão além do meu alcance e que vez ou outra impedem meus planos de se concretizarem, quer sejam bons, quer sejam maus. E eu até já ousei reclamar com Deus dessas intervenções que seriam coincidência demais para acontecerem com tanta freqüência e eficácia, tirando-me a humana capacidade de querer e realizar (Filipenses 2:12 e 13).

A sensação de impotência para manejar o próprio destino é algo que mexe com os brios do ser humano. Mas é algo com o que os filhos de Deus precisam aprender a lidar, porque se por um lado Deus lhes deu livre arbítrio, Ele os ama demais para os deixar sozinhos em sua caminhada. Mesmo quando merecemos sofrer as conseqüências de nossos atos errados e amargar decepções vindas dos mais bem intencionados - mas imprudentes - planos, Deus não permite a seus filhos sofrimento desnecessário. Este é o princípio da graça que está expresso no verso: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.” (I Coríntios 10:13). O versículo no entanto não diz que Deus nos consultará sobre a conveniência de suas decisões em nosso favor. Deixar Deus nos ajudar pode ser um processo de doloroso aprendizado, em que nem se enxergue o auxílio de pronto, e em que a dependência nos ensine a nos desprendermos mais e mais das mesquinharias humanas, do egoísmo, da incapacidade de dar e receber. E nos faça começar a listar quantas coisas não conseguimos fazer ao mesmo tempo.

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