domingo, 20 de maio de 2001

Abuse da autoridade

A História é um romance auto-biográfico, escrito por mãos enamoradas pela Autoridade, beldade de fascinantes olhos de sol. Há exemplos gradiosos e desprezíveis de como a autoridade foi usada e abusada pelo homem ao longo de sua existência. Mas foi somente há pouco tempo que eu descobri um sentido pessoal para esta palavra em minha vida, com a ajuda da fé apaixonada de meus irmãos cristãos pentecostais. Desde então descobri também a precisão do versículo "Tudo posso nAquele que me fortalece" Filipenses 4:13.

Questione-se: você crê que esse versículo tem algo a ver com você, ou o considera apenas uma prova de que o apóstolo Paulo era um cristão excepcional? Acredita que essa autoridade de tudo poder também é válida para um ser humano "comum" como eu e você?

A Bíblia propõe uma resposta instigante. Para entendê-la, esqueçamos por um momento as associações que a palavra autoridade possa ter com CPI, ditador, Luis XIV, Conde Drácon, sogras ciumentas, mães de chinelo em punho ou traumas infantis com professoras mau humoradas. Aproveitemos também para desfazer a idéia de que, o contrário de autoridade é humildade: em se tratando de autoridade cristã, a humildade é sempre pressuposto, fundamento, propulsão.

Se passarmos pelos conflitos freudianos e pré-conceitos do parágrafo anterior, vamos estar preparados para assimilar que Jesus deu aos seus seguidores uma missão e um poder: a autoridade para "pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará dano algum." Lucas 10:19. Nada mais lógico que um ser, que ao ser criado à imagem e semelhança de Deus recebeu dEle a capacidade de dominar toda a terra e subjugar as demais espécies (Gên. 1: 26), recebesse também autoridade para lidar com o mundo espiritual. Nenhum general mandaria soldados desarmados para a guerra.

No entanto esta idéia parece ir contra o pensamento católico medieval, mas ainda reinante no cristianismo atual, de que para ser um bom filho de Deus, você precisa sofrer, suportar todos os males, se conformar com todas as dores, limitações e agruras desta vida. Parece que ter a face desfigurada e uma lista sem fim de provações é requisito para ser santo. Assim, muitas pessoas vão se deixando envenenar por serpentes e escorpiões, mesmo tendo meios para esmagá-los, vão sendo massacradas continuamente pelo poder do inimigo sem que façam absolutamente nada contra isso. Confundem a Vontade de um Deus amoroso com sua própria comodidade, seu medo de se posicionar firmemente contra o Inimigo e expulsar o domínio dele de suas vidas.

Deus está ansioso para nos ajudar, mas prefere fazê-lo usando a nós mesmos como instrumentos. Esperar que Deus resolva tudo, muitas vezes não é atributo da resignação de um santo, mas pura falta de fé. Momento haverá em que teremos de usar nossa autoridade para expulsar os males que alojamos em nossa casa, trabalho, igreja, braços, peito e espírito, só assim Deus poderá agir de forma efetiva.

Infelizmente eu ainda vejo tanta gente (e às vezes a mim mesma) vestindo uma crença morna e passiva, que fixa os olhos no Cristo sangrando numa cruz, mas passa de largo o Cristo expulsando demônios. Que acredita num Salvador poderoso, mas não se apossa desse poder. Que esquece que "servo bom e fiel" não tem que ser "servo sofredor": Jesus Cristo já sofreu a maior de todas as dores exatamente para que eu e você não tivéssemos que amargar o jugo de nenhum pecado (Isaías 53:4 – 5). E nos deu vitória sobre a morte para não permitirmos que
Satanás nos tire a vida e alegria, características de um povo vencedor.

Desde que entrei na Igreja Adventista ouço um jargão da escritora Ellen White ser repetido constantemente: "Deus precisa de homens e mulheres... que chamem o pecado pelo nome!", mas nunca ouvi ninguém meditar na necessidade de chamar seu próprio pecado pelo nome para em seguida expulsá-lo de si em nome de Jesus. Parece ser infinitamente mais divertido chamar o pecado do outro pelo nome. Há quem aceite a proposta de carteirinha de caça-pecados, e troféu para quem chamar o pecado alheio mais cabeludo. Pecados são como filhos: os nossos são sempre os mais belos. Sendo tais pecados belos também nos nomes, nada mais interessante que se ocupar de chamá-los para o fundo do mais belo, distante e profundo abismo, onde já não possam nos dominar.

O que é autoridade senão a emanação de um poder? Se não exercemos tal autoridade, podemos nós falar que conhecemos o Poder de Deus em nossas vidas? Quero convidar você neste início desta semana, a orar pedindo que Deus te invista de autoridade para espezinhar e vencer o poder do inimigo. Abuse desta autoridade. Imponha-se, em Cristo Jesus, sobre cada mal específico que te atormenta, e depois volte a contar as bênçãos.

Nenhum comentário: