segunda-feira, 7 de julho de 2003

Insígnias

PUBLICIDADE

Outro dia alguém me perguntou porque costumo assinar "Luciana Teixeira", ao invés de "Luciana Dantas", já que é por esse último sobrenome que a maioria das pessoas me distingue das dezenas de Lucianas de que vivo cercada. A resposta é: "por pura vaidade". Certa vez fui a uma exposição de brasões, e lá estavam meus dois sobrenomes com significado e origem. Teixeira provinha de um nobre guerreiro que havia lutado na tomada da Bastilha. E Dantas... bem, Dantas vinha da Região das Antas, em Portugal. Nada contra as antas, mas isso me soou pouco vultoso.

O fato é que brasões de sobrenomes hoje ganharam um significado meramente estético, mas eles já foram o orgulho de uma família. Na Idade Média eles eram exibidos pelos cavaleiros em seus escudos para mostrar que os mesmos procediam de uma linhagem nobre, portanto, se alguém quisesse o matar teria que ser tão ou mais "importante" quanto ele. Não se concebia gastar o fio da espada com um plebeu metido a Jaspion (Pokemón par aos mais modernos); os cavaleiros nobres só se dignavam de derramar sangue aristocrático. Daí a importância de empunhar sua insígnia.

E hoje, qual é nosso brasão? Quem é nosso Inimigo? Nesses tempos onde a guerra diária ganha contornos muito mais sutis, as lutas são contra armadilhas cada vez mais capciosas e o Mal toma formas muitas vezes quase indistinguíveis, importante é discernimos de que lado nós estamos e erguer a bandeira do que professamos ser. Sun Tzu, o mais célebre dos estrategistas de guerra, escreveu em seu pequeno tratado "A Arte da Guerra": "Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas."

Para quem crê na Bíblia como Santa, Verdadeira e Inspirada Palavra de Deus, não é difícil saber quem é o Arqui-Inimigo, Aquele que anda rugindo ao redor, como um leão, procurando a quem devorar (I Pedro 5:8). Aquele que nem sempre é tão explícito, e não nos ataca com espadas, mas está pronto a nos atingir com dardos inflamados, e contra quem só a armadura feita nos moldes de Cristo pode resistir (Efésios 6:10-18).

E quem somos nós? Será que nas batalhas do cotidiano temos nos preocupado em empunhar o brasão de Filhos de Deus, mostrar que nossa linhagem procede do Senhor dos Exércitos, que o nosso sangue é do mesmo tipo daquele que foi derramado na cruz pelo Príncipe da Paz (Isaías 9:6)? Será que nosso Inimigo consegue ver que temos orgulho de pertencer a Deus? E a nossa vida é uma prova disso?

No Salmo 74, vemos uma preocupação que bem poderia ser transportada para os nossos dias: "Não vemos mais as nossas insígnias, não há mais profeta; nem há entre nós alguém que saiba até quando isto durará. (verso 9)". O salmista via, perplexo, os inimigos avançarem sobre a assembléia dos justos, derrubarem os seus estandartes e altearem em seus lugar as próprias insígnias. Profanavam o santuário dos hebreus e destruíam os lugares santos. E hoje não é diferente a preocupação dos cristãos, porque temos visto Satanás com o mesmo interesse em derrubar as verdades cristãs, profanar a santidade nos templos e nos lares, destruir os santuários com as mais sutis e perspicazes mentiras, de modo a erguer no meio do cristianismo, as bandeiras da mentira, do egoísmo, da nossa doente vontade própria, entre tantas outras que envergonham a procedência Real dos cristãos, e descaracterizam aquilo que deveria ser o acampamento dos justos.

Por isso o apelo do salmista ainda é válido para nós: "Os teus inimigos bramam no meio da tua assembléia; põem nela as suas insígnias por sinais." (Verso 4). Nas batalhas diárias por fazer o bem segundo a vontade dEle, que possamos lembrar de erguer sobre cada palavra, atitude ou pensamento, o brasão com a imagem do Cordeiro de Deus.

Uma semana iluminada,

Luciana D. Teixeira

Nenhum comentário: