Às vezes pensamos ter ouvido a voz de Deus e racionalizamos: coincidência, vontade, imaginação, delírio. Mas Deus pode insistir em dizer as mesmas palavras de formas diferentes só para termos a certeza que é Sua voz. Ora, mesmo sendo este ser miserável que sou, reconheço-me como ovelha dEle, e Suas ovelhas conhecem Sua voz (João 10:27). Podem quando muito fingir não ouví-la, mas a conhecem e jamais esquecem seu timbre altisonante.
Deus tem me dito nos últimos meses, de diferentes formas, que eu preciso voltar. Essa volta passa por mim mesma, por meus escritos, meus sonhos, mas principalmente, passsa por Ele. Eu não sei como fazer isso, cheguei mesmo a duvidar que pudesse haver algum tipo de retorno, já que julgo o passado com o peso de Heráclito: não se pode pisar o mesmo rio duas vezes. Mas sei que Deus pode me fazer leve o bastante para transpor verdades minhas e alheias. Posso voltar. Não ao passado, mas a uma condição que me aproxima daquilo que Ele sonhou para mim. Não importa que já tenha tentado, sem sucesso, várias vezes, e veja a cada nova tentativa mais e mais pesos se acumularem contra mim nessa jornada. Talvez isso que eu veja como pesos seja só mais matéria-prima para reflexão. Sei que Ele me faz leve o bastante para me deixar guiar...
Então eu vou.
Estou colocando no blog todos os textos devocionais que tenho arquivados aqui no computador. Foi uma promessa que fiz ao Mário, para dispor dos textos no Adveniat, e é também uma forma de eu reler toda a minha trajetória de escrita devocional, me revendo, me reecontrando. Curioso é que sempre que releio esses textos fico surpresa, nem parece que fui eu quem escreveu aquilo. Bem, é que não foi mesmo: é duro para nós compreendermos que o que há de melhor em nós não é nosso, é dom. Pois eu quero apreender bem a percepção dessa Graça, imergir nela e contemplá-la para que possa refletí-la.
Os textos poderão ser acessados no arquivo, pois vou colocar as datas orginais em que foram escritos, e também através dos marcadores (2002, 2003, etc). Colocá-los aqui também os deixará a serviço do Espírito de Deus, que poderá guiar até eles alguém que precise da mensagem - aqui no meu computador, arquivados, eles perdem o sentido para o qual foram escritos: testemunhar.
Se depois deste reecontro vou voltar a escrever? Não sei. A Graça dirá.
terça-feira, 4 de maio de 2010
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Adveniat - Notícias
Já faz algum tempo que a televisão perdeu seu último atrativo para mim: os telejornais. Comecei a perceber que me fazia mal ver tantas notícias ruins no final da noite, e passei a usar a internet para me manter informada, porque posso ao menos selecionar aquilo que não agridirá meu espírito. Acredito que violência e maldade sempre existiram na Terra desde que o pecado se instalou por aqui, mas um homem do tempo de Jesus não era tão atormentado pela maldade humana quanto nós hoje, expostos pela mídia aos detalhes sórdidos do Mal em nível global. Eu sempre imagino como ficaria a cabeça desse homem hipotético se ele fosse trazido para nosso século sem passar pelo processo de banalização da miséria que os jornais fizeram conosco. Não à toa, hoje o medo virou doença, e a solidão – esse sintoma de desesperança – um mal característico de nosso tempo. São tristes as notícias que estão contando.
Mas não basta desligar a TV para escapar das notícias ruins. A sabedoria popular já diz que elas voam, e sempre nos alcançam, afinal, estamos vivendo num mundo corrupto, sofrendo as consequências de milênios de pecado. Não importa o quanto façamos para nos sentir seguros, uma hora a notícia trise chegará à nossa porta. Nem Jesus escapou disso. Um dia, estando Ele em retiro além do rio Jordão, alguém lhe comunicou que Lázaro, um amigo amado, estava bastante enfermo. Com uma notícia dessas costumamos nos desestruturar. Planos são alterados, preocupações tomam conta de nossa mente, não conseguimos nos centrar muito bem nos afazeres diários, parece que, de repente, somos transportados para um mundo de insegurança onde o pior horizonte está sempre apontando na direção de nossos olhos.
Mas Jesus, que ao contrário de nós tinha uma pecepção espiritual muito refinada, qe uma proximidade muito forte com o Pai, disse algo que acho ser a frase dos sonhos para todos os milhões de doentes que neste instante padecem nos hospitais. A frase desejada por todos os familiares destes, pelas mães que não sabem mais o que fazer para aliviar o sofrimento de seus filhos, pelos pais que receberam um diagnóstico terrível quando estavam vivendo uma gravidez sonhada e feliz. Jesus disse: “Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado.” (João 11:4)
Em muitas outras passagens bíblicas, pessoas que estão sendo atormentadas por doenças físicas, mentais ou espirituais foram retiradas do plano da miséria, uma vez que suas enfermidades eram vistas pelos judeus como fruto direto ou indireto do pecado, para o plano de honra: o motivo de seu sofrimento era testemunhar o poder de Deus. Foi assim com o paralítico de Capernaum (Marcos 2:12), com a mulher paralítica (Lucas 13:13), com os dez leprosos (Lucas 17:18), com a mulher samaritana (João 4:39), com o jovem endemoniado (Lucas 9:43), e com o próprio Lázaro (João 11:40).
A Bíblia não utiliza esse argumento para explicar a causa de todo sofrimento humano, de todas as desgraças que acontecem aos filhos e criaturas de Deus. Em muitos casos simplesmente não parece haver uma explicação, porque nossa mente não está apta a entender como se processam os desígnios espirituais em relação ao nosso mundo. Creio que um dia isso nos será revelado, mas até lá, muitos pais, mães e família ainda hão de chorar seus mortos.
Mas Cristo nos dá uma esperança a que podemos nos apegar: não existem apenas más notícias. O Evangelho é a boa nova de que a lógica do pecado gerando a morte pode ser diferente, e sofrimento, tenha motivo ou não para acontecer, terá fim. Eu posso crer no poder de um Deus que me escolheu para mostrar ao mundo que Ele tem poder de curar e salvar. Quero que esta crença me faça viver de modo levar esperança a outros também. Que me faça sorrir e viver serena o bastante para sentir que há um bom propósito em eu estar aqui. Mesmo sem saber os motivos de Deus. Quero apenas sabê-lO. Respostas ou soluções podem não ser tão importantes quanto ter uma Fortaleza onde me abrigar até aquele esperado dia... (Salmo 62: 5 – 7; Apocalipse 21).
Mas não basta desligar a TV para escapar das notícias ruins. A sabedoria popular já diz que elas voam, e sempre nos alcançam, afinal, estamos vivendo num mundo corrupto, sofrendo as consequências de milênios de pecado. Não importa o quanto façamos para nos sentir seguros, uma hora a notícia trise chegará à nossa porta. Nem Jesus escapou disso. Um dia, estando Ele em retiro além do rio Jordão, alguém lhe comunicou que Lázaro, um amigo amado, estava bastante enfermo. Com uma notícia dessas costumamos nos desestruturar. Planos são alterados, preocupações tomam conta de nossa mente, não conseguimos nos centrar muito bem nos afazeres diários, parece que, de repente, somos transportados para um mundo de insegurança onde o pior horizonte está sempre apontando na direção de nossos olhos.
Mas Jesus, que ao contrário de nós tinha uma pecepção espiritual muito refinada, qe uma proximidade muito forte com o Pai, disse algo que acho ser a frase dos sonhos para todos os milhões de doentes que neste instante padecem nos hospitais. A frase desejada por todos os familiares destes, pelas mães que não sabem mais o que fazer para aliviar o sofrimento de seus filhos, pelos pais que receberam um diagnóstico terrível quando estavam vivendo uma gravidez sonhada e feliz. Jesus disse: “Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado.” (João 11:4)
Em muitas outras passagens bíblicas, pessoas que estão sendo atormentadas por doenças físicas, mentais ou espirituais foram retiradas do plano da miséria, uma vez que suas enfermidades eram vistas pelos judeus como fruto direto ou indireto do pecado, para o plano de honra: o motivo de seu sofrimento era testemunhar o poder de Deus. Foi assim com o paralítico de Capernaum (Marcos 2:12), com a mulher paralítica (Lucas 13:13), com os dez leprosos (Lucas 17:18), com a mulher samaritana (João 4:39), com o jovem endemoniado (Lucas 9:43), e com o próprio Lázaro (João 11:40).
A Bíblia não utiliza esse argumento para explicar a causa de todo sofrimento humano, de todas as desgraças que acontecem aos filhos e criaturas de Deus. Em muitos casos simplesmente não parece haver uma explicação, porque nossa mente não está apta a entender como se processam os desígnios espirituais em relação ao nosso mundo. Creio que um dia isso nos será revelado, mas até lá, muitos pais, mães e família ainda hão de chorar seus mortos.
Mas Cristo nos dá uma esperança a que podemos nos apegar: não existem apenas más notícias. O Evangelho é a boa nova de que a lógica do pecado gerando a morte pode ser diferente, e sofrimento, tenha motivo ou não para acontecer, terá fim. Eu posso crer no poder de um Deus que me escolheu para mostrar ao mundo que Ele tem poder de curar e salvar. Quero que esta crença me faça viver de modo levar esperança a outros também. Que me faça sorrir e viver serena o bastante para sentir que há um bom propósito em eu estar aqui. Mesmo sem saber os motivos de Deus. Quero apenas sabê-lO. Respostas ou soluções podem não ser tão importantes quanto ter uma Fortaleza onde me abrigar até aquele esperado dia... (Salmo 62: 5 – 7; Apocalipse 21).
Interlúdio
Ontem não escrevi.
Pela manhã fizemos uma ultrassonografia de rotina, para verificar coom está se desenvolvendo meu bebê, agora que está com 21 semanas gestacionais.
Ele está bem, a não ser por uns cistos que o médico visualizou em seu cérebro. São chamados "cistos nos plexos coróides", um nome bem complicado para algo enigmático. Não se sabe ao certo porque eles aparecem, mas é bem na região onde o cérebro começa a se formar. E em alguns casos pode ser indicativo de síndromes que tem a ver com alterações nos cromossosmos, como síndrome de Down e Edwards. O prognóstico do médico, porém, e de todos os relatos que vi na internet, procuram me tranquilizar: em mais de 90% dos casos esses cistos regridem sem deixar sequelas, até as 29 semanas gestacionais.
Mas tem como ficar tranquila sabendo que o bebê que você já ama em seu ventre está com vários cistos nos cérebro, sendo o maior com mais de um centímetro num pequeno órgão de 5 cm?
Tirei o resto do dia pra curtir bem minha preocupação. Não peguei na minha monografia, não consegui escrever o devocional, chorei, pesquisei tudo na internet sobre o assunto, vi fotos de bebês deficientes, os mais tristes casos de síndrome de edwards, pensei milhões de besteiras... como o fato este bebê desde o começo mexer bem menos que o Vinícius, a TN que não fiz... lembrei de todos os bebezinhos deficientes que atendi nas sessões de musicoterapia, pensei nas piores posibilidades, como o fato dele começar a desenvolver atrofias a partir de agora, e me permiti sentir muita pena de mim. Orei bastante, é claro, com meu marido e com Vinícius também.
Mas decidi que minha angústia duraria só até ontem. Hoje vou retomar minha vida, minha monografia, minhas meditações, e não vou me permitir mais deter meu pensamento sobre minhas preocupações nem sentir pena de mim.
Fé é isso mesmo, é uma decisão, e eu decidi crer que esses cistos só apareceram para provar minha fé e, às 29 semanas, servirem de testemunho da atuação de Deus. Eu não vou me tranquilizar por estatísticas. Não importa que em mais de 90% dos casos esses cistos regridam, porque eu já faço parte de uma estatística ínfima: sou parte do menos de 1% das gestações onde esses cistos ocorrem, como vou confiar em estatísticas?
"Ó minha alma, espera silenciosa somente em Deus, porque dele vem a minha esperança. Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha fortaleza; não serei abalado. Em Deus está a minha salvação e a minha glória; Deus é o meu forte rochedo e o meu refúgio." (Salmo 62: 5 - 7)
Confio em Deus, já entreguei minhas lágrimas e preces a Ele, agora me tranquilizar é a prova de que estou confiando.
Pela manhã fizemos uma ultrassonografia de rotina, para verificar coom está se desenvolvendo meu bebê, agora que está com 21 semanas gestacionais.
Ele está bem, a não ser por uns cistos que o médico visualizou em seu cérebro. São chamados "cistos nos plexos coróides", um nome bem complicado para algo enigmático. Não se sabe ao certo porque eles aparecem, mas é bem na região onde o cérebro começa a se formar. E em alguns casos pode ser indicativo de síndromes que tem a ver com alterações nos cromossosmos, como síndrome de Down e Edwards. O prognóstico do médico, porém, e de todos os relatos que vi na internet, procuram me tranquilizar: em mais de 90% dos casos esses cistos regridem sem deixar sequelas, até as 29 semanas gestacionais.
Mas tem como ficar tranquila sabendo que o bebê que você já ama em seu ventre está com vários cistos nos cérebro, sendo o maior com mais de um centímetro num pequeno órgão de 5 cm?
Tirei o resto do dia pra curtir bem minha preocupação. Não peguei na minha monografia, não consegui escrever o devocional, chorei, pesquisei tudo na internet sobre o assunto, vi fotos de bebês deficientes, os mais tristes casos de síndrome de edwards, pensei milhões de besteiras... como o fato este bebê desde o começo mexer bem menos que o Vinícius, a TN que não fiz... lembrei de todos os bebezinhos deficientes que atendi nas sessões de musicoterapia, pensei nas piores posibilidades, como o fato dele começar a desenvolver atrofias a partir de agora, e me permiti sentir muita pena de mim. Orei bastante, é claro, com meu marido e com Vinícius também.
Mas decidi que minha angústia duraria só até ontem. Hoje vou retomar minha vida, minha monografia, minhas meditações, e não vou me permitir mais deter meu pensamento sobre minhas preocupações nem sentir pena de mim.
Fé é isso mesmo, é uma decisão, e eu decidi crer que esses cistos só apareceram para provar minha fé e, às 29 semanas, servirem de testemunho da atuação de Deus. Eu não vou me tranquilizar por estatísticas. Não importa que em mais de 90% dos casos esses cistos regridam, porque eu já faço parte de uma estatística ínfima: sou parte do menos de 1% das gestações onde esses cistos ocorrem, como vou confiar em estatísticas?
"Ó minha alma, espera silenciosa somente em Deus, porque dele vem a minha esperança. Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha fortaleza; não serei abalado. Em Deus está a minha salvação e a minha glória; Deus é o meu forte rochedo e o meu refúgio." (Salmo 62: 5 - 7)
Confio em Deus, já entreguei minhas lágrimas e preces a Ele, agora me tranquilizar é a prova de que estou confiando.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Adveniat - Buscai
A Bíblia insiste em nos orientar quanto a certas atitudes que os seres humanos temos o costume de esquecer: lembrai, fazei, buscai. São imperativos justamente porque tendemos a negligenciá-los em nossa vida espiritual. Jesus mesmo quando esteve aqui como Homem, alertou aos discípulos quanto a necessidade de buscarem a Deus, fazendo ecoar as palavras do profeta Isaías: “Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Isaías 55:6; João 7:33, 34; Mateus 7:7)
Mas como o mesmo Cristo que disse “buscai e achareis”, assseverou que chegaria o momento em que seus discípulos O buscariam sem sucesso? E como entender que em dado momento Deus pode se “esconder” de nós, ir “para longe”, e por isso temos que buscá-lo agora? A mesma Bíblia não contém tantas promessas relativas à presença contínua de Deus para aqueles que O amam? Não é justamente a idéia de um Deus onipresente, com quem podemos contar sempre, que se constitui a maior segurança do cristão? Por que então o alerta para buscá-lO se Ele estará conosco perpetuamente?
Acredito que biblicamente Deus já demonstrou que sempre esteve e sempre estará a procura do Homem – este é o próprio plano de Salvação: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19:10). Somos nós quem nos afastamos de Deus por causa da nossa natureza pecaminosa, e por isso precisamos ser lembrados de buscá-lO. Refiro-me àquela natureza pecaminosa que nos faz cometer delitos e pecados muito maus, nos fazendo sentir indignos da face de Cristo, mas que também é a mesma natureza pecaminosa que nos faz achar que, ao praticarmos atos de bondade e justiça, não precisamos mais da presença de Deus para nos ajudar – é só cumprir as regras e estaremos salvos. As igrejas lotadas são aquelas onde alguém está pregando que você pode fazer tudo que quiser sem que haja consequências espirituais, ou onde alguém está fazendo listas de coisas que você precisa fazer para ser salvo - ambos os enganos, métodos fáceis para tapear o espírito e desviá-lo de uma busca verdadeira, mas muito mais complexa, rumo a Deus.
“Buscai ao SENHOR e a sua força; buscai a sua face continuamente” (Salmos 105:4). Força para vencer nossa tendência para o mal e para a auto-suficiência. Continuamente, porque não basta buscá-lO quando nos sentimos maus, perdidos, doentes, necessitados, arrependidos. É preciso permanecer buscando a Deus quando achamos que tudo está sob o nosso controle, quando forjamos maneiras de nos sentirmos bons e justos, quando criamos nossas próprias formas de assepsia espiritual que não passem pelo sangue do Cordeiro, quando nossos atos de justiça própria nos embriagam e viciam a ponto de não sentirmos mais necessidade nem prazer de chamar pelo nome de Deus, de nos humilharmos, orar, buscar sua face, nos convertermos dos caminhos maus que nem enxergamos mais, ouvi-lO, sentir Seu perdão, gozar Sua cura (2 Crônicas 7:14).
Somos tão miseráveis, pobres, cegos e nus que nossa natureza se deixa perverter facilmente tanto pelo que é mau quanto pelo que parece bom. E quando buscamos a Deus é sempre por necessidade, por interesse, e tem mesmo que ser assim, porque somente cônscios do quanto somos vis é que poderemos entender plenamente a grandeza e misericórdia de Cristo. “Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes” (João 6:26); não O buscamos porque somos bons, mas porque Ele é bom. E a justiça que encontramos ao buscá-lo está em desviarmos os olhos de qualquer bem ou mal, orgulho ou culpa que haja em nós, e contemplar a “rocha de onde fomos cortados, e a caverna do poço de onde fomos cavados” (Isaías 51:1)
Buscar a Cristo exige mais de nós que ir ao templo, que se ajoelhar ou fazer nossas leituras devocionais. Essa é uma busca para se fazer como quem procura tesouros escondidos por trás de nossa suposta sapiência (Provérbios 2:4), uma busca para se fazer com diligência de um ser humilde (Provérbios 7:15), com TODO o coração e inteireza de alma (Deuteronômio 4:29, Jeremias 29:13), com prioridade, e isso pode envolver sacrifício (Mateus 6:33), com a ansiedade genuína de um espírito sedento - sede gerada pelo próprio Espírito de Deus, e um espanto renovado a cada encontro com a Fonte da surpreendente Graça (João 4: 1 – 30).
E ainda é preciso lembrar que buscar a Deus já é se colocar na presença dEle, já é ser agraciado com a necessidade de estar com Ele, mesmo que isso nem sempre seja percebido como um presente. Essa busca não parecerá nunca estar perto de terminar. Por vezes parecerá até mesmo inútil, porque o humano que há em nós não consegue ver facilmente as evidências espirituais da presença de Deus. Portanto alem de buscá-lO, temos que compreender que a vida é a própria busca: “Buscai-me e vivei” (Amós 5:4), diz o Senhor àqueles que o procuram.
Mas como o mesmo Cristo que disse “buscai e achareis”, assseverou que chegaria o momento em que seus discípulos O buscariam sem sucesso? E como entender que em dado momento Deus pode se “esconder” de nós, ir “para longe”, e por isso temos que buscá-lo agora? A mesma Bíblia não contém tantas promessas relativas à presença contínua de Deus para aqueles que O amam? Não é justamente a idéia de um Deus onipresente, com quem podemos contar sempre, que se constitui a maior segurança do cristão? Por que então o alerta para buscá-lO se Ele estará conosco perpetuamente?
Acredito que biblicamente Deus já demonstrou que sempre esteve e sempre estará a procura do Homem – este é o próprio plano de Salvação: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19:10). Somos nós quem nos afastamos de Deus por causa da nossa natureza pecaminosa, e por isso precisamos ser lembrados de buscá-lO. Refiro-me àquela natureza pecaminosa que nos faz cometer delitos e pecados muito maus, nos fazendo sentir indignos da face de Cristo, mas que também é a mesma natureza pecaminosa que nos faz achar que, ao praticarmos atos de bondade e justiça, não precisamos mais da presença de Deus para nos ajudar – é só cumprir as regras e estaremos salvos. As igrejas lotadas são aquelas onde alguém está pregando que você pode fazer tudo que quiser sem que haja consequências espirituais, ou onde alguém está fazendo listas de coisas que você precisa fazer para ser salvo - ambos os enganos, métodos fáceis para tapear o espírito e desviá-lo de uma busca verdadeira, mas muito mais complexa, rumo a Deus.
“Buscai ao SENHOR e a sua força; buscai a sua face continuamente” (Salmos 105:4). Força para vencer nossa tendência para o mal e para a auto-suficiência. Continuamente, porque não basta buscá-lO quando nos sentimos maus, perdidos, doentes, necessitados, arrependidos. É preciso permanecer buscando a Deus quando achamos que tudo está sob o nosso controle, quando forjamos maneiras de nos sentirmos bons e justos, quando criamos nossas próprias formas de assepsia espiritual que não passem pelo sangue do Cordeiro, quando nossos atos de justiça própria nos embriagam e viciam a ponto de não sentirmos mais necessidade nem prazer de chamar pelo nome de Deus, de nos humilharmos, orar, buscar sua face, nos convertermos dos caminhos maus que nem enxergamos mais, ouvi-lO, sentir Seu perdão, gozar Sua cura (2 Crônicas 7:14).
Somos tão miseráveis, pobres, cegos e nus que nossa natureza se deixa perverter facilmente tanto pelo que é mau quanto pelo que parece bom. E quando buscamos a Deus é sempre por necessidade, por interesse, e tem mesmo que ser assim, porque somente cônscios do quanto somos vis é que poderemos entender plenamente a grandeza e misericórdia de Cristo. “Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes” (João 6:26); não O buscamos porque somos bons, mas porque Ele é bom. E a justiça que encontramos ao buscá-lo está em desviarmos os olhos de qualquer bem ou mal, orgulho ou culpa que haja em nós, e contemplar a “rocha de onde fomos cortados, e a caverna do poço de onde fomos cavados” (Isaías 51:1)
Buscar a Cristo exige mais de nós que ir ao templo, que se ajoelhar ou fazer nossas leituras devocionais. Essa é uma busca para se fazer como quem procura tesouros escondidos por trás de nossa suposta sapiência (Provérbios 2:4), uma busca para se fazer com diligência de um ser humilde (Provérbios 7:15), com TODO o coração e inteireza de alma (Deuteronômio 4:29, Jeremias 29:13), com prioridade, e isso pode envolver sacrifício (Mateus 6:33), com a ansiedade genuína de um espírito sedento - sede gerada pelo próprio Espírito de Deus, e um espanto renovado a cada encontro com a Fonte da surpreendente Graça (João 4: 1 – 30).
E ainda é preciso lembrar que buscar a Deus já é se colocar na presença dEle, já é ser agraciado com a necessidade de estar com Ele, mesmo que isso nem sempre seja percebido como um presente. Essa busca não parecerá nunca estar perto de terminar. Por vezes parecerá até mesmo inútil, porque o humano que há em nós não consegue ver facilmente as evidências espirituais da presença de Deus. Portanto alem de buscá-lO, temos que compreender que a vida é a própria busca: “Buscai-me e vivei” (Amós 5:4), diz o Senhor àqueles que o procuram.
Intróito
Passei um bom tempo sem escrever devocionais. Os pequenos transtornos cotidianos acabaram por se acumular e provocar um grande incômodo de ordem emocional e psíquica, que tive de tratar em silêncio, porque o silêncio denota cura, não é à toa que há cartazes nos hospitais pedindo por ele.
Depois, já convalescendo, comecei a retomar aos poucos minhas atividades intelectuais, que por causa da pausa se avolumaram de modo a eu sentir que não daria conta de "ter que" escrever meus devocionais semanalmente.
Semana passada recebi a prazenteira mensagem abaixo, do meu amigo Marcão, pessoa que foi e é pontapé e motivação para eu escrever. Mais uma vez ele veio me acudir mostrando a necessidade de não afastar o Espírito com meus "compromissos inadiáveis".
E Deus me fez, durante toda a semana, sentir mais e mais sede dEle. Uma sede que, concluí, não daria fim de outra maneira senão me colocando na presença dEle. Resolvi então - ou Ele resolveu por mim - que será assim. Também preciso convalescer espiritualmente, e para tanto preciso de um tipo especial de silêncio, aquele em que a gente se posta aos pés da cruz e espera, serenamente, pela voz de Deus.
Hoje amanheci com este propósito no coração: todos os dias vou vir aqui, antes de tudo, sentar na cadeira em frente ao computador, encarar a cruz e pedir que Deus fale comigo. O que Ele falar, escreverei. Não sei por quantos dias o farei, e não quero me preocupar com isso, já tenho prazos demais a cumprir. Quero apenas buscá-lO e a Sua força, buscar Sua face continuamente (Salmo 105: 4). Quero buscá-lo e viver (Amos 5:4).
ps.: Eu ia linkar o texto do Marcão, mas como não o achei no blog dele, vou colocar aqui.
Para ilustrar o que eu gostaria de dizer com este texto, poderiamencionar esse casal que conheço lá da igreja. Eles têm três filhos, omais velho com acho que nove anos e a caçulinha tem uns quatro. Talvezvocê tenha ideia de quanto três filhos não absorvem de tempo... Bem,eles trabalham duro e vivem nessa confusão a que costumamos chamar SãoPaulo e você também pode calcular quanto de tempo isso consome. Aindaassim, são voluntários no clube de aventureiros da igreja, o que tomatodas as manhãs de domingo e outras horitas mais. Parece, porém, queainda sobra algum tempo, porque nas horas vagas que sobram, corremmaratonas juntos.
Você já sabe isso, ou ao menos intui, mas de quando em vez é bom quealguém o lembre: quer saber quais são suas prioridades reais na vida?Veja com o que gasta seu tempo. Simples assim. Não sobra tempo paranada? Esse "nada" seria algo agradável, divertido, importante ou algoessencial? Você consegue mesmo viver sem o essencial? Até quando?
Existe um pequeno problema com nossas desculpas: existe muita gentetão pressionada pelas demandas da vida moderna quanto nós e que aindaassim realizam coisas fantásticas. Existe gente como a gente que nãodescura do que é essencial, está em contato com Deus diariamente,aplicada a ouvir a voz dEle e ainda por cima crescendo, vivendo eacontecendo. Isso parece invalidar nossas desculpas, não acha?
Talvez valha a pena lembrar de Lutero, que orava uma hora por diaantes de o sol nascer e, quando teria um dia especialmente cheio decoisas e de trabalho, orava três. Ou então o pr. David Cho, líder damaior igreja do mundo, em Seul, para quem um dia perguntaram como éque ele dava conta de uma igreja com 800.000 membros, umauniversidade, um jornal e nem sei mais o que e ainda assim passar amanhã inteira orando e estudando a Bíblia. Ele pareceu um poucoespantado com a pergunta e respondeu: como é que eu conseguiria fazertudo isso SEM passar as manhãs orando?
Sua vida é o que você está fazendo com ela agora, neste instante.Pense nisso.
Feliz sábado, @migos!
Depois, já convalescendo, comecei a retomar aos poucos minhas atividades intelectuais, que por causa da pausa se avolumaram de modo a eu sentir que não daria conta de "ter que" escrever meus devocionais semanalmente.
Semana passada recebi a prazenteira mensagem abaixo, do meu amigo Marcão, pessoa que foi e é pontapé e motivação para eu escrever. Mais uma vez ele veio me acudir mostrando a necessidade de não afastar o Espírito com meus "compromissos inadiáveis".
E Deus me fez, durante toda a semana, sentir mais e mais sede dEle. Uma sede que, concluí, não daria fim de outra maneira senão me colocando na presença dEle. Resolvi então - ou Ele resolveu por mim - que será assim. Também preciso convalescer espiritualmente, e para tanto preciso de um tipo especial de silêncio, aquele em que a gente se posta aos pés da cruz e espera, serenamente, pela voz de Deus.
Hoje amanheci com este propósito no coração: todos os dias vou vir aqui, antes de tudo, sentar na cadeira em frente ao computador, encarar a cruz e pedir que Deus fale comigo. O que Ele falar, escreverei. Não sei por quantos dias o farei, e não quero me preocupar com isso, já tenho prazos demais a cumprir. Quero apenas buscá-lO e a Sua força, buscar Sua face continuamente (Salmo 105: 4). Quero buscá-lo e viver (Amos 5:4).
ps.: Eu ia linkar o texto do Marcão, mas como não o achei no blog dele, vou colocar aqui.
Para ilustrar o que eu gostaria de dizer com este texto, poderiamencionar esse casal que conheço lá da igreja. Eles têm três filhos, omais velho com acho que nove anos e a caçulinha tem uns quatro. Talvezvocê tenha ideia de quanto três filhos não absorvem de tempo... Bem,eles trabalham duro e vivem nessa confusão a que costumamos chamar SãoPaulo e você também pode calcular quanto de tempo isso consome. Aindaassim, são voluntários no clube de aventureiros da igreja, o que tomatodas as manhãs de domingo e outras horitas mais. Parece, porém, queainda sobra algum tempo, porque nas horas vagas que sobram, corremmaratonas juntos.
Você já sabe isso, ou ao menos intui, mas de quando em vez é bom quealguém o lembre: quer saber quais são suas prioridades reais na vida?Veja com o que gasta seu tempo. Simples assim. Não sobra tempo paranada? Esse "nada" seria algo agradável, divertido, importante ou algoessencial? Você consegue mesmo viver sem o essencial? Até quando?
Existe um pequeno problema com nossas desculpas: existe muita gentetão pressionada pelas demandas da vida moderna quanto nós e que aindaassim realizam coisas fantásticas. Existe gente como a gente que nãodescura do que é essencial, está em contato com Deus diariamente,aplicada a ouvir a voz dEle e ainda por cima crescendo, vivendo eacontecendo. Isso parece invalidar nossas desculpas, não acha?
Talvez valha a pena lembrar de Lutero, que orava uma hora por diaantes de o sol nascer e, quando teria um dia especialmente cheio decoisas e de trabalho, orava três. Ou então o pr. David Cho, líder damaior igreja do mundo, em Seul, para quem um dia perguntaram como éque ele dava conta de uma igreja com 800.000 membros, umauniversidade, um jornal e nem sei mais o que e ainda assim passar amanhã inteira orando e estudando a Bíblia. Ele pareceu um poucoespantado com a pergunta e respondeu: como é que eu conseguiria fazertudo isso SEM passar as manhãs orando?
Sua vida é o que você está fazendo com ela agora, neste instante.Pense nisso.
Feliz sábado, @migos!
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Adveniat - O clamor
Um vento forte agitava as águas e ondas furiosas chocavam-se contra o pequeno barco dos discípulos. Assustados que já estavam, eles viram com medo ainda maior a cena improvável: Jesus vinha a seu encontro andando por sobre o mar (Mateus 14: 22 – 33). Gritos. E Jesus fez o que um pai faria para acalmar os filhos: “Não temam! Sou eu!”. Quando Pedro o reconheceu teve um ímpeto de fé e se dispôs a ir em direção a Jesus andando sobre as águas como o Mestre. Jesus disse: “Vem”. Mas bastou desviar os olhos de Cristo para o vento forte, por um pequeno momento, para a fé vacilar, e Pedro começou a submergir.
Mesmo sendo um pescador, o que indicava que ele provavelmente era um bom nadador, Pedro não pensou em apelar para as próprias forças; conhecia bem aquele mar para saber que nenhum homem poderia dominá-lo em tais condições. Não havia tempo também para prolixas orações, discussões teológicas a respeito da natureza de Cristo, argumentações sobre Pedro merecer ou não a salvação. Pedro estava afundando rapidamente em meio ao mar revolto, e só havia tempo para um pedido de socorro desesperado.
Você já se sentiu assim? Quando nos convencemos que não podemos fazer mais nada a respeito de uma situação – qualquer situação, de desagradável a desesperadora –, e quando não há muito tempo para forjar soluções alternativas, os cristãos costumam lembrar que há um Cristo capaz de resolver essa situação. Quanto mais conhecemos a natureza de um pecado que nos oprime, ou o fruto dele, mais nos damos conta de nossa incapacidade de vencê-lo sozinhos. Um rompante de fé nos faz dar o primeiro passo em direção a Jesus por sobre as águas: clamamos por ajuda, sabemos que Ele pode nos ajudar, muito provavelmente só Ele.
Agora percebamos o que um pedido de socorro pode dizer sobre a qualidade de nossa fé. Em duas traduções bíblicas, a Almeida Corrigida e Revisada e a versão católica, percebemos que a passagem de Mateus 14:30 registra o pedido: “Senhor, salva-me!”. Em outras duas traduções, a Almeida Revista e Revisada e a versão da Sociedade Bíblica Britânica lemos no mesmo texto: “Salva-me, Senhor!”. É possível que Pedro tenha se expressado de uma ou outra maneira, mas que diferença isso faz?
Nas primeiras versões, a ênfase está no Senhor do milagre, aquele por quem se chama primeiro e depois se diz o que deseja dEle, pois o maior desejo é estar com Ele. Nas versões seguintes, a ênfase está, ao contrário, no ato, naquilo que o Senhor pode fazer primeiro, para depois ser proclamado Senhor. E embora seja um detalhe muito sutil, na prática, uma ou outra postura pode fazer bastante diferença na percepção – e até mesmo na recepção – da graça almejada.
Desejo que em situações de provação como a que Pedro enfrentou, eu possa estar pronta a sempre clamar primeiro por Cristo, e com isso demonstrar que Ele é Senhor da minha vida. Que embora eu tenha várias sugestões do que Ele pode fazer para me salvar, estou pronta a fazer a Sua vontade acima da minha, e receber a salvação pelos caminhos que Ele traçar para mim, seja por cima das águas ou por baixo delas. Mesmo sabendo que Deus é onipotente, não quero cair na tentação de dizer a Ele o que fazer.
“Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas” (verso 28). Nem sempre Deus responderá ao nosso anseio por salvação da forma como queremos. Algumas vezes permitirá isso. Mas Ele sabe como reagiremos, passo a passo, à fúria do vento em que nos lançamos. Por isso mesmo, seja durante nosso rompante de fé ao descer do barco, seja durante nossa falta de fé tendo medo das ondas, Ele estará sempre disponível, prontamente, estendendo ao mão. Isso é maior do que qualquer coisa que o peçamos. Isso é salvação.
Mesmo sendo um pescador, o que indicava que ele provavelmente era um bom nadador, Pedro não pensou em apelar para as próprias forças; conhecia bem aquele mar para saber que nenhum homem poderia dominá-lo em tais condições. Não havia tempo também para prolixas orações, discussões teológicas a respeito da natureza de Cristo, argumentações sobre Pedro merecer ou não a salvação. Pedro estava afundando rapidamente em meio ao mar revolto, e só havia tempo para um pedido de socorro desesperado.
Você já se sentiu assim? Quando nos convencemos que não podemos fazer mais nada a respeito de uma situação – qualquer situação, de desagradável a desesperadora –, e quando não há muito tempo para forjar soluções alternativas, os cristãos costumam lembrar que há um Cristo capaz de resolver essa situação. Quanto mais conhecemos a natureza de um pecado que nos oprime, ou o fruto dele, mais nos damos conta de nossa incapacidade de vencê-lo sozinhos. Um rompante de fé nos faz dar o primeiro passo em direção a Jesus por sobre as águas: clamamos por ajuda, sabemos que Ele pode nos ajudar, muito provavelmente só Ele.
Agora percebamos o que um pedido de socorro pode dizer sobre a qualidade de nossa fé. Em duas traduções bíblicas, a Almeida Corrigida e Revisada e a versão católica, percebemos que a passagem de Mateus 14:30 registra o pedido: “Senhor, salva-me!”. Em outras duas traduções, a Almeida Revista e Revisada e a versão da Sociedade Bíblica Britânica lemos no mesmo texto: “Salva-me, Senhor!”. É possível que Pedro tenha se expressado de uma ou outra maneira, mas que diferença isso faz?
Nas primeiras versões, a ênfase está no Senhor do milagre, aquele por quem se chama primeiro e depois se diz o que deseja dEle, pois o maior desejo é estar com Ele. Nas versões seguintes, a ênfase está, ao contrário, no ato, naquilo que o Senhor pode fazer primeiro, para depois ser proclamado Senhor. E embora seja um detalhe muito sutil, na prática, uma ou outra postura pode fazer bastante diferença na percepção – e até mesmo na recepção – da graça almejada.
Desejo que em situações de provação como a que Pedro enfrentou, eu possa estar pronta a sempre clamar primeiro por Cristo, e com isso demonstrar que Ele é Senhor da minha vida. Que embora eu tenha várias sugestões do que Ele pode fazer para me salvar, estou pronta a fazer a Sua vontade acima da minha, e receber a salvação pelos caminhos que Ele traçar para mim, seja por cima das águas ou por baixo delas. Mesmo sabendo que Deus é onipotente, não quero cair na tentação de dizer a Ele o que fazer.
“Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas” (verso 28). Nem sempre Deus responderá ao nosso anseio por salvação da forma como queremos. Algumas vezes permitirá isso. Mas Ele sabe como reagiremos, passo a passo, à fúria do vento em que nos lançamos. Por isso mesmo, seja durante nosso rompante de fé ao descer do barco, seja durante nossa falta de fé tendo medo das ondas, Ele estará sempre disponível, prontamente, estendendo ao mão. Isso é maior do que qualquer coisa que o peçamos. Isso é salvação.
sábado, 25 de julho de 2009
Adveniat - Você é feliz?
Estou com dificuldades para escrever. Os dois textos passados foram reedições de textos de 2005. Este é inédito, mas fiquei uma boa meia hora na frente do computador antes de começá-lo. Tinha a idéia mas não conseguia desenvolvê-la. Isso nunca foi um grande problema para mim, mas agora tenho me sentido assim. O que pode ser? Um clínico geral diria (como dizem de tudo): é estresse. Pode ser. Mas isso me deixa mais estressada, hehehhe.
Era exatamente o que dizia a frase pichada num muro sujo da cidade. Entre outros tantos grafites e pichações, ela não passou despercebida a mim e, acredito, nem a tantos outros que a leram. Porque essa indagação inquieta. Evoca situações de conflito, mágoa, dor e até – por que não? – de felicidade. Mas sempre faz estalar algo no peito, algo que diz respeito a nossa relação com a vida e realização como seres humanos. Por trás da frase outras perguntas se escondem: “O que você tem feito a respeito da sua própria felicidade?”, “Quanto da sua rotina realmente lhe agrada e quanto lhe é imposto contra sua vontade de ser feliz?”, “Se já foi feliz algum dia, por que não é mais?”, “De quem é a culpa por isso?”, e tantas outras, que vão ocupando a mente até a hora dela se concentrar em algo “sério”, como o trabalho, por exemplo.
Penso que a constatação da infelicidade é algo que mexe tanto conosco porque ser feliz é algo irrenunciável. Mesmo o mais miserável dos homens deseja ou ao menos aprecia a felicidade. Você pode desistir de um plano, de um alvo, de um prazo, até de um sonho. Mas o homem médio, aquele que se encaixa dentro dos padrões da normalidade emocional, não consegue desistir de ser feliz, ainda que não faça nada a respeito disso. Aliás, o “não fazer nada a respeito disso” é uma das mais freqüentes causas de infelicidade. Num século onde tanto de nosso tempo é ocupado pela necessidade de sobreviver e acumular – bens, dinheiro, status – há pouco lugar para meditar sobre os valores que conduzem à felicidade. Há mesmo quem prefira chamar felicidade ao ato de sobreviver e acumular. Mas surgirá um momento em que os sentidos não estarão tão sobrecarregados, e nesse momento surge a falta de algo indizível... o que mesmo? Falta de ser feliz. Mais que isso: falta de sentir-se feliz.
“O que tenho feito a respeito da minha felicidade?” Essa pode não ser a pergunta ideal. Estamos sempre muito preocupados em fazer algo por nós mesmos – quando muito, pelos outros. Mas precisamos fazer. O verbo nos assedia em busca da felicidade: sair, passear, descansar, orar, ler, beber, divertir, comer, dar, procurar, amar, fazer, fazer, fazer. Já a infelicidade prefere a voz passiva: fui injustiçado, fui traído, sou maltratado. No entanto os momentos mais felizes parecem ser aqueles em que recebemos a felicidade passivamente, sem necessariamente ter feito algo para merecê-la, em meio a situações de vulnerabilidade extrema. Estou falando de Graça.
Veja o que aconteceu ao profeta Elias. Em I Reis 19 lemos o relato de um homem que se sente bastante infeliz a ponto de desejar a morte. E quando indagado por Deus a esse respeito – “Que fazes aqui, fugindo da vida?” – o profeta começa respondendo: “Tenho sido zeloso pelo Senhor...”, e mais adiante acrescenta com ênfase: “Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor”. Elias estava infeliz porque, apesar de fazer tudo para agradar a Deus, não se sentia feliz, mas perseguido e injustiçado. Cada um de nós tem seus próprios motivos para se sentir infeliz, mas uma causa é comum a todos: “Nada do que faço me faz sentir mais feliz!”.
Interessante observar que Deus não elogia Elias por seu zelo e merecimento, não diz que vai lhe recompensar por ele ter feito tudo direitinho. Deus simplesmente esclarece que está cuidando dele, embora ele não veja isso. “Vai, volta ao teu caminho”, Deus ordena, e lhe diz que não está só, que o Senhor está e sempre esteve no controle da situação.
Deus no controle? Por vezes só percebemos isso quando algo nos foge ao controle. Essas situações dão a Deus a chance de mostrar Sua presença atuando em nossas vidas, ainda que seja num cicio tranqüilo e suave (verso 12), o que denota capacidade de percebê-lo nas sutilezas. Acostumados que estamos a ter de fazer, não é com facilidade que aceitamos que a nossa felicidade pode ser uma dádiva, não algo conquistado. Portanto quando nos virmos diante da sensação de infelicidade, perguntemo-nos: “Será mesmo infelicidade, ou sou eu que não consigo ver que Deus está cuidando de mim?” “Será que sou mesmo infeliz, ou apenas não gostaria de dar a Deus os méritos pelo bem que me alcançará?” A Bíblia nos prova que a felicidade não tem que ver com sermos bons ou poderosos. Mas em reconhecemos a Fonte da bondade e do poder.
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Era exatamente o que dizia a frase pichada num muro sujo da cidade. Entre outros tantos grafites e pichações, ela não passou despercebida a mim e, acredito, nem a tantos outros que a leram. Porque essa indagação inquieta. Evoca situações de conflito, mágoa, dor e até – por que não? – de felicidade. Mas sempre faz estalar algo no peito, algo que diz respeito a nossa relação com a vida e realização como seres humanos. Por trás da frase outras perguntas se escondem: “O que você tem feito a respeito da sua própria felicidade?”, “Quanto da sua rotina realmente lhe agrada e quanto lhe é imposto contra sua vontade de ser feliz?”, “Se já foi feliz algum dia, por que não é mais?”, “De quem é a culpa por isso?”, e tantas outras, que vão ocupando a mente até a hora dela se concentrar em algo “sério”, como o trabalho, por exemplo.
Penso que a constatação da infelicidade é algo que mexe tanto conosco porque ser feliz é algo irrenunciável. Mesmo o mais miserável dos homens deseja ou ao menos aprecia a felicidade. Você pode desistir de um plano, de um alvo, de um prazo, até de um sonho. Mas o homem médio, aquele que se encaixa dentro dos padrões da normalidade emocional, não consegue desistir de ser feliz, ainda que não faça nada a respeito disso. Aliás, o “não fazer nada a respeito disso” é uma das mais freqüentes causas de infelicidade. Num século onde tanto de nosso tempo é ocupado pela necessidade de sobreviver e acumular – bens, dinheiro, status – há pouco lugar para meditar sobre os valores que conduzem à felicidade. Há mesmo quem prefira chamar felicidade ao ato de sobreviver e acumular. Mas surgirá um momento em que os sentidos não estarão tão sobrecarregados, e nesse momento surge a falta de algo indizível... o que mesmo? Falta de ser feliz. Mais que isso: falta de sentir-se feliz.
“O que tenho feito a respeito da minha felicidade?” Essa pode não ser a pergunta ideal. Estamos sempre muito preocupados em fazer algo por nós mesmos – quando muito, pelos outros. Mas precisamos fazer. O verbo nos assedia em busca da felicidade: sair, passear, descansar, orar, ler, beber, divertir, comer, dar, procurar, amar, fazer, fazer, fazer. Já a infelicidade prefere a voz passiva: fui injustiçado, fui traído, sou maltratado. No entanto os momentos mais felizes parecem ser aqueles em que recebemos a felicidade passivamente, sem necessariamente ter feito algo para merecê-la, em meio a situações de vulnerabilidade extrema. Estou falando de Graça.
Veja o que aconteceu ao profeta Elias. Em I Reis 19 lemos o relato de um homem que se sente bastante infeliz a ponto de desejar a morte. E quando indagado por Deus a esse respeito – “Que fazes aqui, fugindo da vida?” – o profeta começa respondendo: “Tenho sido zeloso pelo Senhor...”, e mais adiante acrescenta com ênfase: “Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor”. Elias estava infeliz porque, apesar de fazer tudo para agradar a Deus, não se sentia feliz, mas perseguido e injustiçado. Cada um de nós tem seus próprios motivos para se sentir infeliz, mas uma causa é comum a todos: “Nada do que faço me faz sentir mais feliz!”.
Interessante observar que Deus não elogia Elias por seu zelo e merecimento, não diz que vai lhe recompensar por ele ter feito tudo direitinho. Deus simplesmente esclarece que está cuidando dele, embora ele não veja isso. “Vai, volta ao teu caminho”, Deus ordena, e lhe diz que não está só, que o Senhor está e sempre esteve no controle da situação.
Deus no controle? Por vezes só percebemos isso quando algo nos foge ao controle. Essas situações dão a Deus a chance de mostrar Sua presença atuando em nossas vidas, ainda que seja num cicio tranqüilo e suave (verso 12), o que denota capacidade de percebê-lo nas sutilezas. Acostumados que estamos a ter de fazer, não é com facilidade que aceitamos que a nossa felicidade pode ser uma dádiva, não algo conquistado. Portanto quando nos virmos diante da sensação de infelicidade, perguntemo-nos: “Será mesmo infelicidade, ou sou eu que não consigo ver que Deus está cuidando de mim?” “Será que sou mesmo infeliz, ou apenas não gostaria de dar a Deus os méritos pelo bem que me alcançará?” A Bíblia nos prova que a felicidade não tem que ver com sermos bons ou poderosos. Mas em reconhecemos a Fonte da bondade e do poder.
sábado, 11 de julho de 2009
Adveniat - A volta
A mensagem de hoje foi construída sobre o texto que está em Jeremias 46: 27 – 28: "Mas não temas tu, servo meu, Jacó, nem te espantes, ó Israel; pois eis que te livrarei mesmo de longe, e a tua descendência da terra do seu cativeiro; e Jacó voltará, e ficará tranqüilo e sossegado, e não haverá quem o atemorize. Tu não temas, servo meu, Jacó, diz o senhor; porque estou contigo."
Este texto me fez lembrar um amigo que me perguntou: "Mas por que tem que ser tão difícil se livrar do pecado? Deus não tem poder para acabar com essa tendência pecaminosa num instante se Ele quiser? Ele não sabe o quanto dói ter que lutar para fazer a coisa certa?". O texto bíblico responde maravilhosamente a essa indagação. Ele fala de Deus olhando para um filho que se afastou para longe, e lá longe sentiu como sua vida estava ruim longe de Deus.
Deus poderia olhar para esse filho e dizer: "Bem, você escolheu ir embora, agora sofra as conseqüências dos seus atos." Se fosse assim, Deus estaria sendo justo. Mas Deus não é justo conforme nosso conceito de justiça. Com Seu amor Ele diz: "Eu sei que você está sofrendo. Eu não quero que seja assim, por isso não tenha medo nem se apavore, que tudo vai ficar bem".Deus promete que vai nos libertar da escravidão e que voltaremos até o lugar do qual nunca deveríamos ter saído, o lugar e modo de viver excelentes que Ele preparou para nós. Mas Ele diz também: "Você foi embora com suas próprias pernas, agora terá de voltar com suas próprias pernas". Repare que as palavras "tranqüilo", "sossegado" e "não haverá quem o atemorize", são usadas para quando o filho chegar a esse lugar excelente. Não são usadas em relação ao caminho que ele vai ter que passar até chegar lá. Porque o caminho de volta é longo, penoso, espinhoso, cansativo, tem a propriedade de enfatizar a distância que o filho está de Deus.
“Por que tem que ser assim?”, o filho pode perguntar esperando um pouco mais de misericórdia. Mas é a resposta é: porque, para que o filho entenda exatamente o tamanho da graça de Deus, ele precisa entender antes o tamanho da sua desgraça. Se a caminhada do pecado para a santidade fosse fácil, nós não saberíamos a diferença entre os dois. Cristo nem precisaria ter morrido por nossos pecados, pois bastaria a Deus tirar o pecado de cada um e tudo estaria bem, não é? Claro que não! Isso sim é injustiça. Cada vez que reclamamos com Deus de que Ele não está nos ajudando a vencer o pecado estamos desmerecendo o sacrifício de Cristo que sofreu mais que qualquer um de nós, mesmo sendo o Filho Unigênito de Deus.
É duro ouvir isso, mas não há outro modo de voltar para casa senão andando. O papel de Deus nessa caminhada é providenciar um atalho para que não soframos mais do que podemos suportar, e seguir passo a passo ao nosso lado, nos segurando quando estamos prestes a cair sem forças. Aquela história que Jesus te pega nos braços e te leva pelo caminho é ótima mensagem para cartão de natal, mas não condiz com a verdade bíblica a respeito da santificação. Jesus nos ampara em Seus braços, cuida de nós, nos alimenta, nos dá água da vida, sara nossas feridas, depois nos põe de pé e diz: "É hora de voltar a andar, vamos lá?". E você tem que andar novamente.
Deus repete quantas vezes for preciso: "Não temas, que estou contigo". É a promessa que temos de nos apegar todos os dias. Mesmo que não sejamos capazes de vê-lO, ou de sentí-lO. Quando não estivermos sentido mais do que um enorme vazio e uma solidão aterradora, ainda assim precisamos confiar nessa promessa, pois a fé não está condicionada aos nossos sentidos; a fé é uma atitude que transcende qualquer lógica ou sentimento humano. Se você não consegue sentir Jesus ao Seu lado, apenas repita: "Tu estás comigo!" e dê mais um passo. Logo você terá a percepção de que, à medida que caminha, aquele pecado que te incomodava tanto e te fazia contorcer de dor agora já não perturba da mesma maneira. Não se engane achando que chegou ao fim! Satanás também segue o filho que quer voltar, e a sensação de que um pecado está suplantado é uma das armadilhas que ele põe no caminho. É preciso caminhar no mesmo sentido sempre: Bíblia, oração, testemunho!
No caminho de volta compreenderemos um a um o preço dos nossos pecados. Mas devemos ter em mente o alvo: um lugar tranqüilo, sossegado, sem medo, onde haveremos de chegar na companhia de Cristo, que nos acompanhará em todas as dificuldades, e, a cada vitória diária, nos fará mais fortes para vencer amanhã, e depois, e depois...
Este texto me fez lembrar um amigo que me perguntou: "Mas por que tem que ser tão difícil se livrar do pecado? Deus não tem poder para acabar com essa tendência pecaminosa num instante se Ele quiser? Ele não sabe o quanto dói ter que lutar para fazer a coisa certa?". O texto bíblico responde maravilhosamente a essa indagação. Ele fala de Deus olhando para um filho que se afastou para longe, e lá longe sentiu como sua vida estava ruim longe de Deus.
Deus poderia olhar para esse filho e dizer: "Bem, você escolheu ir embora, agora sofra as conseqüências dos seus atos." Se fosse assim, Deus estaria sendo justo. Mas Deus não é justo conforme nosso conceito de justiça. Com Seu amor Ele diz: "Eu sei que você está sofrendo. Eu não quero que seja assim, por isso não tenha medo nem se apavore, que tudo vai ficar bem".Deus promete que vai nos libertar da escravidão e que voltaremos até o lugar do qual nunca deveríamos ter saído, o lugar e modo de viver excelentes que Ele preparou para nós. Mas Ele diz também: "Você foi embora com suas próprias pernas, agora terá de voltar com suas próprias pernas". Repare que as palavras "tranqüilo", "sossegado" e "não haverá quem o atemorize", são usadas para quando o filho chegar a esse lugar excelente. Não são usadas em relação ao caminho que ele vai ter que passar até chegar lá. Porque o caminho de volta é longo, penoso, espinhoso, cansativo, tem a propriedade de enfatizar a distância que o filho está de Deus.
“Por que tem que ser assim?”, o filho pode perguntar esperando um pouco mais de misericórdia. Mas é a resposta é: porque, para que o filho entenda exatamente o tamanho da graça de Deus, ele precisa entender antes o tamanho da sua desgraça. Se a caminhada do pecado para a santidade fosse fácil, nós não saberíamos a diferença entre os dois. Cristo nem precisaria ter morrido por nossos pecados, pois bastaria a Deus tirar o pecado de cada um e tudo estaria bem, não é? Claro que não! Isso sim é injustiça. Cada vez que reclamamos com Deus de que Ele não está nos ajudando a vencer o pecado estamos desmerecendo o sacrifício de Cristo que sofreu mais que qualquer um de nós, mesmo sendo o Filho Unigênito de Deus.
É duro ouvir isso, mas não há outro modo de voltar para casa senão andando. O papel de Deus nessa caminhada é providenciar um atalho para que não soframos mais do que podemos suportar, e seguir passo a passo ao nosso lado, nos segurando quando estamos prestes a cair sem forças. Aquela história que Jesus te pega nos braços e te leva pelo caminho é ótima mensagem para cartão de natal, mas não condiz com a verdade bíblica a respeito da santificação. Jesus nos ampara em Seus braços, cuida de nós, nos alimenta, nos dá água da vida, sara nossas feridas, depois nos põe de pé e diz: "É hora de voltar a andar, vamos lá?". E você tem que andar novamente.
Deus repete quantas vezes for preciso: "Não temas, que estou contigo". É a promessa que temos de nos apegar todos os dias. Mesmo que não sejamos capazes de vê-lO, ou de sentí-lO. Quando não estivermos sentido mais do que um enorme vazio e uma solidão aterradora, ainda assim precisamos confiar nessa promessa, pois a fé não está condicionada aos nossos sentidos; a fé é uma atitude que transcende qualquer lógica ou sentimento humano. Se você não consegue sentir Jesus ao Seu lado, apenas repita: "Tu estás comigo!" e dê mais um passo. Logo você terá a percepção de que, à medida que caminha, aquele pecado que te incomodava tanto e te fazia contorcer de dor agora já não perturba da mesma maneira. Não se engane achando que chegou ao fim! Satanás também segue o filho que quer voltar, e a sensação de que um pecado está suplantado é uma das armadilhas que ele põe no caminho. É preciso caminhar no mesmo sentido sempre: Bíblia, oração, testemunho!
No caminho de volta compreenderemos um a um o preço dos nossos pecados. Mas devemos ter em mente o alvo: um lugar tranqüilo, sossegado, sem medo, onde haveremos de chegar na companhia de Cristo, que nos acompanhará em todas as dificuldades, e, a cada vitória diária, nos fará mais fortes para vencer amanhã, e depois, e depois...
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Adventiat - Prova
"Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados”. (II Coríntios 13: 5)
Uma das maiores lições que aprendi na última universidade onde estudei não foi aprendida dentro de uma sala de aula, mas num certo dia em que, estando lá, precisei ir a uma agência bancária. A mais próxima ficava na reitoria, que é fora do campus, bastante afastada. Não valia a pena pegar um ônibus, mas renderia uma boa caminhada a pé, que eu nunca tinha feito porque o percurso me parecia muito grande. Resolvi o problema outras vezes deixando a pendência para o outro dia ou indo a uma agência próxima a minha casa, o que eu não podia fazer naquele momento. O jeito foi colocar o pé na estrada a contragosto e ir em frente.
Mas é assim, a contragosto, andando por caminhos desconhecidos, fora do nosso mundinho cotidiano, que nos colocamos à prova e descobrimos as coisas mais interessantes sobre nós mesmos e sobre a vida. Se não colocamos nosso conhecimento, nossos limites, nossa força à prova, não crescemos. E, no plano espiritual, não conhecemos a Deus. Pois se não sabemos do que somos incapazes, não saberemos do que Deus é capaz. Na prova, aquilo nos desestrutura e desafia, também constrói nossa identidade: "Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós?"
No caminho até a agência bancária descobri algo interessante sobre a minha universidade: ela é muito bonita! Vi-me no meio de trilhas arborizadas, ladeadas por riachos, lagos, flores, canteiros primorosamente esculpidos, pássaros simpáticos, cores alegres, tudo encimado por um céu que se comprazia em combinar com a paisagem. A imagem da agência bancária chegou antes do que eu esperava. Na verdade eu não me importaria que o caminho até lá fosse um pouco mais longo; a beleza acabou com minha pressa.
Acredito que a vida também pode ser assim: um caminho desconhecido, mas belo. Depende daquilo em que você vai fixar os olhos. Se olhar para os próprios pés, pensando na distância até seus objetivos, o caminho se tornará bem penoso. Se, no entanto, se permitir olhar ao redor, colhendo motivos para ser grato a Deus, o caminho se tornará uma fonte de bênçãos. Sempre há algo pelo que agradecer, nem que seja o próprio caminhar. Mesmo nos trechos onde não se consegue ver tanta beleza assim, o som dos próprios passos pode criar música. Mas Deus nunca deixará que um cristão aberto à Sua bondade chegue ao fim da jornada de alma vazia.
Portanto, não meça distâncias, não tema o desconhecido: prove a si mesmo e descubra as bênçãos que estão à sua espreita no caminho.
Uma das maiores lições que aprendi na última universidade onde estudei não foi aprendida dentro de uma sala de aula, mas num certo dia em que, estando lá, precisei ir a uma agência bancária. A mais próxima ficava na reitoria, que é fora do campus, bastante afastada. Não valia a pena pegar um ônibus, mas renderia uma boa caminhada a pé, que eu nunca tinha feito porque o percurso me parecia muito grande. Resolvi o problema outras vezes deixando a pendência para o outro dia ou indo a uma agência próxima a minha casa, o que eu não podia fazer naquele momento. O jeito foi colocar o pé na estrada a contragosto e ir em frente.
Mas é assim, a contragosto, andando por caminhos desconhecidos, fora do nosso mundinho cotidiano, que nos colocamos à prova e descobrimos as coisas mais interessantes sobre nós mesmos e sobre a vida. Se não colocamos nosso conhecimento, nossos limites, nossa força à prova, não crescemos. E, no plano espiritual, não conhecemos a Deus. Pois se não sabemos do que somos incapazes, não saberemos do que Deus é capaz. Na prova, aquilo nos desestrutura e desafia, também constrói nossa identidade: "Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós?"
No caminho até a agência bancária descobri algo interessante sobre a minha universidade: ela é muito bonita! Vi-me no meio de trilhas arborizadas, ladeadas por riachos, lagos, flores, canteiros primorosamente esculpidos, pássaros simpáticos, cores alegres, tudo encimado por um céu que se comprazia em combinar com a paisagem. A imagem da agência bancária chegou antes do que eu esperava. Na verdade eu não me importaria que o caminho até lá fosse um pouco mais longo; a beleza acabou com minha pressa.
Acredito que a vida também pode ser assim: um caminho desconhecido, mas belo. Depende daquilo em que você vai fixar os olhos. Se olhar para os próprios pés, pensando na distância até seus objetivos, o caminho se tornará bem penoso. Se, no entanto, se permitir olhar ao redor, colhendo motivos para ser grato a Deus, o caminho se tornará uma fonte de bênçãos. Sempre há algo pelo que agradecer, nem que seja o próprio caminhar. Mesmo nos trechos onde não se consegue ver tanta beleza assim, o som dos próprios passos pode criar música. Mas Deus nunca deixará que um cristão aberto à Sua bondade chegue ao fim da jornada de alma vazia.
Portanto, não meça distâncias, não tema o desconhecido: prove a si mesmo e descubra as bênçãos que estão à sua espreita no caminho.
domingo, 24 de maio de 2009
Adveniat - Vinde
“Vinde a mim, todos...” (Mateus 11: 28), foi o convite de Cristo. Mas quanto do eco desse chamado ainda pode ser ouvido na vida de seus seguidores? Como resolvemos o problema de ser luz acolhedora para um mundo que é vendaval furioso? Talvez a resposta aponte para uma confiança que se deposita aos pés de Cristo, e não em nossa própria percepção do mundo.
Pois foi o que concluí outro dia olhando para o passarinho engaiolado na casa da minha vizinha. Sempre abominei enjaular esses animais. E nunca me convenci que o mais carinhoso e dedicado dos criadores de pássaros poderia substituir um vôo livre pelo céu e o ambiente que o Criador fez para ser o lar deles. Uma opinião pessoal, é certo. Por isso mesmo quando vi a gaiola pendurada na casa da minha vizinha, bem em frente à porta da minha cozinha, fiquei incomodada. Mas tive que me acostumar a sua presença ali, enjaulado e expondo sua solidão para mim todos os dias.
A princípio fechava a porta para não vê-lo e assim minimizar a sensação de incômodo. Depois meu filho o descobriu e encantou-se por ele. Todos os dias me pedia para ver o “piu-piu”. E eu tentava desviar sua atenção, tentava mostrar os outros passarinhos no céu, nas árvores... não houve acordo, ele queria ver aquele passarinho. E os dois começaram a interagir. Quando via meu filho na porta da cozinha o passarinho começava a cantar. Meu filho respondia com balbucios e gritinhos de alegria.
Foi preciso que se passasse algum tempo até eu perceber o tamanho de minha ignorância. Sim, ignorância no sentido mais triste do termo, de ignorar, desprezar. Eu tentava resolver o problema dos passarinhos enjaulados fugindo da visão deles. E daquele em particular, o da minha vizinha, eu fugia fechando-me em meu mundo onde todos os passarinhos deveriam ser livres, como se não existisse um preso ali, ao meu lado. Foi preciso que meu filho de um ano apontasse que ali também havia uma vida, e que ao invés de evitá-la – visando tão somente meu próprio conforto existencial – eu poderia contribuir para torná-la um pouco mais feliz, nem que fosse “conversando” com o pequenino um pouquinho, já que não podia libertá-lo.
Gostaria muito que esta história se aplicasse apenas a seres irracionais, mas ela também repercute nas esquinas dos semáforos onde crianças ficam na ponta dos pés e encostam o nariz no vidro fechado do meu carro. São crianças presas na pobreza. Alguém nos diz: “Não dê esmolas! Você estará estimulando a mendicância!”, mas ninguém nos mostra uma alternativa para essa atitude, e chegamos a pensar que com a atitude negativa de “não dar” estamos contribuindo significativamente para o bem estar da sociedade. É, pode ser que, se ninguém der esmolas, elas sumam dos sinais, sumam da minha visão, mas continuarão existindo em algum beco sujo. E o que estou fazendo a respeito?
Gostaria que essa história não tivesse nada a ver com a forma como nossa sociedade trata os que não são confortáveis à nossa existência, e assim joga idosos num asilo, espreme criminosos numa cela, interna bem longe “menores delinqüentes” (falando assim nem lembramos que são crianças) e os “menores abandonados” (por nós também?), separa os deficientes, os que têm problemas mentais, os alunos que não aprendem, os jovens que não se encaixam, o joio - que era a árdua tarefa de Deus, e não nosso passatempo arbitrário, separar. Até que as conseqüências desses absurdos nos atinjam, achamos que está tudo bem porque o problema some de diante dos nossos olhos para continuar existindo longe de nós.
Não posso num texto tão curto discorrer sobre as formas de atuar sobre essas vidas sem segregá-las. Nem mesmo considerar questões sobre segurança e confiabilidade no fazer-o-bem-sem-olhar-a-quem. Gostaria até de falar sobre a dificuldade que é, simplesmente, ter a iniciativa de fazer o bem quando todos estão se fechando dentro de suas casas, instituições, empresas e politizando o processo – simples – de amar como Cristo amou. Resta-me terminar apontando para a própria figura do Cristo, que não fechou os olhos para os seres mais desprezíveis em seu tempo: prostitutas, leprosos, publicanos, ladrões... Em nosso tempo onde os desprezados aumentam vertiginosamente (Mateus 24), eu apelo que procuremos o eco daquele convite do Mestre: “Vinde!”. “E quem ouve diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de graça a água da vida”. Recuperando a imagem de Deus em suas criaturas, digamos uma vez mais: “Ora, vem, Senhor Jesus”(Apocalipse 22:17 e 21).
Pois foi o que concluí outro dia olhando para o passarinho engaiolado na casa da minha vizinha. Sempre abominei enjaular esses animais. E nunca me convenci que o mais carinhoso e dedicado dos criadores de pássaros poderia substituir um vôo livre pelo céu e o ambiente que o Criador fez para ser o lar deles. Uma opinião pessoal, é certo. Por isso mesmo quando vi a gaiola pendurada na casa da minha vizinha, bem em frente à porta da minha cozinha, fiquei incomodada. Mas tive que me acostumar a sua presença ali, enjaulado e expondo sua solidão para mim todos os dias.
A princípio fechava a porta para não vê-lo e assim minimizar a sensação de incômodo. Depois meu filho o descobriu e encantou-se por ele. Todos os dias me pedia para ver o “piu-piu”. E eu tentava desviar sua atenção, tentava mostrar os outros passarinhos no céu, nas árvores... não houve acordo, ele queria ver aquele passarinho. E os dois começaram a interagir. Quando via meu filho na porta da cozinha o passarinho começava a cantar. Meu filho respondia com balbucios e gritinhos de alegria.
Foi preciso que se passasse algum tempo até eu perceber o tamanho de minha ignorância. Sim, ignorância no sentido mais triste do termo, de ignorar, desprezar. Eu tentava resolver o problema dos passarinhos enjaulados fugindo da visão deles. E daquele em particular, o da minha vizinha, eu fugia fechando-me em meu mundo onde todos os passarinhos deveriam ser livres, como se não existisse um preso ali, ao meu lado. Foi preciso que meu filho de um ano apontasse que ali também havia uma vida, e que ao invés de evitá-la – visando tão somente meu próprio conforto existencial – eu poderia contribuir para torná-la um pouco mais feliz, nem que fosse “conversando” com o pequenino um pouquinho, já que não podia libertá-lo.
Gostaria muito que esta história se aplicasse apenas a seres irracionais, mas ela também repercute nas esquinas dos semáforos onde crianças ficam na ponta dos pés e encostam o nariz no vidro fechado do meu carro. São crianças presas na pobreza. Alguém nos diz: “Não dê esmolas! Você estará estimulando a mendicância!”, mas ninguém nos mostra uma alternativa para essa atitude, e chegamos a pensar que com a atitude negativa de “não dar” estamos contribuindo significativamente para o bem estar da sociedade. É, pode ser que, se ninguém der esmolas, elas sumam dos sinais, sumam da minha visão, mas continuarão existindo em algum beco sujo. E o que estou fazendo a respeito?
Gostaria que essa história não tivesse nada a ver com a forma como nossa sociedade trata os que não são confortáveis à nossa existência, e assim joga idosos num asilo, espreme criminosos numa cela, interna bem longe “menores delinqüentes” (falando assim nem lembramos que são crianças) e os “menores abandonados” (por nós também?), separa os deficientes, os que têm problemas mentais, os alunos que não aprendem, os jovens que não se encaixam, o joio - que era a árdua tarefa de Deus, e não nosso passatempo arbitrário, separar. Até que as conseqüências desses absurdos nos atinjam, achamos que está tudo bem porque o problema some de diante dos nossos olhos para continuar existindo longe de nós.
Não posso num texto tão curto discorrer sobre as formas de atuar sobre essas vidas sem segregá-las. Nem mesmo considerar questões sobre segurança e confiabilidade no fazer-o-bem-sem-olhar-a-quem. Gostaria até de falar sobre a dificuldade que é, simplesmente, ter a iniciativa de fazer o bem quando todos estão se fechando dentro de suas casas, instituições, empresas e politizando o processo – simples – de amar como Cristo amou. Resta-me terminar apontando para a própria figura do Cristo, que não fechou os olhos para os seres mais desprezíveis em seu tempo: prostitutas, leprosos, publicanos, ladrões... Em nosso tempo onde os desprezados aumentam vertiginosamente (Mateus 24), eu apelo que procuremos o eco daquele convite do Mestre: “Vinde!”. “E quem ouve diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de graça a água da vida”. Recuperando a imagem de Deus em suas criaturas, digamos uma vez mais: “Ora, vem, Senhor Jesus”(Apocalipse 22:17 e 21).
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