domingo, 29 de outubro de 2000

Deixa ir a ti...

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu...” João 3:16

Esta semana foi uma das mais duras desde que cheguei em São Paulo. Devido a uma mudança não programada de casa, eu me cansei muito, física e emocionalmente (não tenho grande facilidade em lidar com mudanças bruscas de quaisquer tipos), e resolvi passar numa livraria cristã para procurar um livro interessante que me ocupasse a mente e animasse o coração. Divórcio... como amar seu marido...aprenda a criar seus filhos...o sexo são... testemunhos de sobreviventes de guerra...vícios: como combatê-los... comida assassina...puxa! Mas que deprimente está o nosso mundo! Resolvi recorrer à boa e velha Bíblia que fala de um tema leve e ao mesmo tempo poderoso para dar a solução de todos os problemas: o amor de Deus. E como já há muito escrito sobre como sobreviver ao desamor, eu resolvi escrever sobre coisas mais simples, tentando descobrir como viver o amor.
Decidi falar sobre peixinhos. Mais precisamente os peixinhos da Lagoa de Muriú, lá no RN. Minha família tem um pequeno sítio nesta cidade praiana. À quinze minutos da casa fica a praia mais bonita do mundo, à vinte minutos uma lagoa magnífica entre dunas de beleza estonteante, e à cinco minutos, uma grande lagoa da qual praticamente apenas a família usufrui, por possuir os terrenos da margem. Tive o privilégio de passar bons momentos de minha infância nesse pequeno paraíso, junto com primos, tios e avós.
Na lagoa mais próxima à nossa casa, costumava brincar por horas com os peixinhos, que chamávamos “piabas”. Bastava ficar quieta um pouquinho e eles começavam a se aproximar, às dezenas, centenas, incontáveis, nadando ao redor e de vez em quando arriscando uma mordiscada de leve, como suaves beijinhos. Mas um único movimento na direção deles e... adeus! Todos iam embora em segundos! Algumas vezes fazíamos apostas para ver quem conseguia pegar um deles... no meio daquele cardume imenso parecia fácil, mas nunca ninguém, nem adulto nem criança conseguiu, dada a rapidez e reflexo dos pequeninos. E o jeito era usar truques... pegávamos um pano grande, enchíamos de farinha de mandioca e o afundávamos levemente na água. Os peixinhos avançavam sobre o banquete, e aí era fácil pegá-los; bastava levantar rapidamente o pano, encurralando-os. Na hora a sensação era maravilhosa: “consegui te pegar!! Vou cuidar de você ter sempre seus beijinhos!!”. Depois os colocávamos em um vasilhame com água da lagoa e em poucas horas... estavam todos mortos! Por isso, aprendi bem cedo que era melhor ficar esticada como um jacaré na beira da lagoa, recebendo os beijos dos peixinhos, deixando apenas eles virem até mim, sem nenhuma pretensão de posse, recebendo seus carinhos aquáticos sem fazer absolutamente nada para convencê-los a ficarem sob meu controle.
Foi difícil aprender a ser assim com os peixinhos, e ainda é com os homens e com Deus! Porque somos ensinados a amar com trocas. Para eu merecer o amor de alguém tenho que dar-lhe algo de muito especial, e então a pessoa terá que me dar algo muito especial também! Logo em seguida, estaremos presos pelo laço do amor, o que significa que, para a vida inteira, possuirei o doce favor do meu ser amado. Certo? Errado.
O amor pressupõe trocas, mas resumi-lo apenas a trocas, é torná-lo interesseiro e egoísta, é querer determinar o que e o quanto o outro tem a lhe dar, quando você poderia simplesmente receber e não se preocupar em buscar mais. O amor, sem dúvida é capaz de doar tudo de si, mas jamais irá cobrar que o outro o faça na mesma intensidade, para que possa sentir-se correspondido. É muito mais eficaz, numa relação de amor, dar sem interesse e sem cobrança, parar de querer encaixar o outro nos moldes do teu conceito de “dar amor”, e deixar ir a você o que ele tem para te dar.
Quando a gente aprende a amar, antes de tudo, aceitando, sem toma-lá-dá-cá-assim-do-jeito-que-eu-quero, o amor começa a fazer muito mais sentido. Aproveita-se tudo que se tem ao invés de ficar se lamentando o que não tem. Não se criam expectativas quanto ao futuro porque o presente está sendo construído com o aproveitamento feliz de cada momento. Cada nova conquista é motivo para festa e não para ansiedade. Cada passo em direção ao outro flui naturalmente, as trocas acontecem num ambiente de respeito e sinceridade, e ninguém se fere. Há gente, no entanto, que não concebe amor sem dor, uma dor profunda no peito, uma forma prazerosa de morrer aos poucos, uma ferida que, ao contrário da de Camões, dói e se sente vividamente... isso pode até encontrar apoio em alguma corrente poética ultraromântica, mas não é o conceito bíblico de amor. Outro tanto se especializa em prestar gentis favores para cobrar o preço em seguida: dou uma mãozinha ao amigo e ele me dá três pés, faço um agrado sexual ao namorado e ele será eternamente meu, me torno um cristão "administrativamente-correto" e recebo o respeito ( e outras "cositas más") da liderança e irmãos da Igreja. Isso basta! Pelo menos como substituto made in Paraguay do amor...
Amor abençoado, produtivo e forte é o amor dado de graça. Aquele que tudo sofre, sem amargura; tudo crê, sem precisar ser cego; tudo espera, sem ansiedade; tudo suporta porque se sabe vitorioso. Tal qual o amor de Jesus por mim e você. Amor de tal maneira grande, que se deu, para que todo que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna...
Por isso, esse conceito de amor-troca não funciona com Deus (e funciona com alguém?). Há quem passe a vida preocupado em “barganhar” com Ele: “Deus, veja como sou bonzinho! Fiz tantas coisas certas, cumpri a Tua Lei e as dos homens à risca, e até as regrinhas mais intrincadas da Igreja, então o Senhor tem que me amar muito, não é mesmo? Sou ou não Seu filho preferido, fala a verdade!?”
Então eu penso nAquele olhar que há dois mil anos atrás buscava com amor infinito os olhos dos pecadores. Penso nEsse olhar poderoso buscando os olhos da prostituta que nesse momento chora, no preso marginalizado que agora clama, no jovem viciado que perdeu a vontade de viver... quanto amor dado de graça! Penso nos olhos de Jesus, buscando os meus olhos, os quais jamais poderiam encará-lO sem se encherem de lágrimas e vergonha. Este Jesus olharia o homem bonzinho, o qual eleva as mãos cheias de obras em Sua direção. O cheiro de justiça-própria incomoda o Filho de Deus, mas Ele se aproxima, abraça o pobre homem e diz: “Filho, você quer trocar isso por meu amor? Desculpe, eu não posso fazê-lo, porque isso é muito pouco, mal vale o meu perdão... meu amor por você é tão grande que a única coisa que você pode fazer para possuí-lo é dar a si mesmo a mim. E isso não é uma troca, é a simples aceitação do que já foi comprado para você...”
Amor divino é assim; se dá e sabe receber. Já aprendeu há muito tempo que o valioso não é possuir, controlar, arrancar, exigir, manobrar, violar para conseguir ser correspondido. E recebe o outro, com seu melhor e pior, com o que tem. O poder transformador do amor virá em seguida imputando a Sua Justiça... com todas as coisas sendo suavemente acrescentadas...
Um sábado feliz e iluminado!!

Lux Lunae

domingo, 22 de outubro de 2000

Gostinho de Deus

“Eu sou a videira verdadeira...” João 15: 1

A tarde do sábado passado foi uma das mais agradáveis que já tive. A manhã já tinha providenciado que o espírito estivesse leve, depois de assistir um culto de poesias e músicas sacras realizado pelo coral ACASP. A mente estava em harmonia com a brandura do dia claro e fresco, e o corpo satisfeito por um almoço que foi um verdadeiro gozo gastronômico. Além disso, eu ainda tinha a companhia do ser amado procurando comigo o lugar mais bonito das redondezas para fazer sesta e festa.
Encontramos uma pracinha linda, pequena mas alegre e aconchegante. O lugar perfeito para aquela “contemplação da natureza sem responsabilidade botânica”, só para admirar a criatividade Divina.
Pombas embaixo de uma enorme seringueira, bem-te-vis no tronco de uma árvore altaneira, passarinhos azuis brincando numa pitangueira... espere! Uma pitangueira! Dá para acreditar numa pitangueira carregada de frutos no meio de São Paulo? Mas ainda havia a apoteose: uma amoreira!! Eu nunca havia provado uma pitanga também, mas à amora acrescentava-se o desejo que sempre tive de sentir seu sabor de verdade. Elas sempre me pareceram tão suculentas nas embalagens de balas e doces! Colhemos as frutinhas com avidez. Que frutinhas lindas! Que cor fascinante! que formato admirável! que gosto... gosto...hann...estranho!!! Não era o gosto das balas e doces, era absolutamente diferente do que meu paladar tinha convencionado a chamar “gosto de amoras”. Contei isso para o meu namorado, que replicou com sua tese do gosto das cores: “o que você tinha provado não era o gosto da amora, mas um gosto vermelhinho. Esses gostos artificiais são assim: dão nomes de frutas a gostos que na verdade nem chegam perto do original, são apenas gostos vermelhinhos, amarelinhos, verdinhos...”
Isso me fez lembrar um outro lugar lindo, para onde eu gostaria que você olhasse agora. Também há árvores diversas e frutíferas ornamentando o local, e treze homens caminham por ali lentamente. Um vai à frente falando suave e mansamente, mas Suas palavras envolvem a cada um dos que O ouvem, como uma brisa refrigerando a alma. A lua esparge sua clara luz, revelhando-Lhes uma florescente videira, para onde Aquele homem de voz poderosa aponta e diz: “Eu sou a videira verdadeira...”
Embaixo dessa videira encontraremos descanso, segurança, proteção e alimento. Seus frutos pendem dos ramos para saciar nossa fome de amor e justiça, para nos dar forças e revigorar o ser cansado das lutas, derrotas e decepções. Basta estender a mão e sentir seu delicioso sabor.
Há no mundo ao redor todas as tentativas possíveis de enganar o paladar, com gostos artificiais que imitam sem jamais chegarem perto do sabor de paz que tem os frutos da Videira. Há até mesmo árvores se proclamando videiras e oferecendo o doce e enganoso fruto, com promessas e prazeres fáceis e tentadores. Como produtos artificiais, seu objetivo é enganar e viciar o paladar. Mas quem escolhe a Videira Verdadeira, terá alimento e nutrição para nunca mais sentir fome outra vez.
Há vida em abundância no gostinho de Deus. Mas esse é um gosto que nosso paladar espiritual tem de se acostumar a conhecer e buscar com discernimento. Existem muitos frutos cheios de corante e sabor artificial prontos para nos ludibriar e levar-nos à desnutrição do espírito.
E cuidados redrobados! Esta semana li uma coisa interessante sobre a língua: quando comemos algo excessivamente doce, as papilas gustativas, responsáveis pela detectação dos sabores, ficam entupidas pela glicose, e qualquer outro alimento que você provar a seguir parecerá sem gosto. Experimente comer um quindim e tomar um suco depois.
Com nossa espiritualidade não é diferente. Se nos acostumamos demais aos sabores adocicados e artificiais do mundo, chegará o tempo em que não mais perceberemos qual o verdadeiro gostinho de Deus, e poderemos rejeitar os frutos da videira por acharmos que eles ficaram, de repente, muito insípidos ao nosso paladar...
Seja o Cristo vivo nossa vida e sustento em cada momento de nossas vidas, e como fez Daniel, resistamos ao banquete dos ímpios. É acostumando o paladar às coisas do céu, que tomaremos lugar na promessa: “Bem aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro”. Apocalipese 19: 9
Uma semana feliz e iluminada...

Lux Lunae

domingo, 15 de outubro de 2000

Diante do mar

“Então me mostrou o mar da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro” Apoc. 22:1

Como vinte e cinco mil paulistanos, decidi passar o fim-de-semana no litoral, e me dirigi até a casa de um amigão no Guarujá. Fui na sexta-feira, um dia depois do feriado, para evitar o congestionamento gigantesco, mas confesso que meu coração ansiava pela visão majestosa do mar, sentir o cheiro da maresia, pisar a areia macia, respirar a brisa úmida. Quatro meses sem estar numa praia, longe do clima litorâneo que eu tanto amo e onde cresci... e eis que ele surge diante de mim. Enorme. Com a grandeza realçada pelas rochas altivas que formam a paisagem da serra.
Me senti cada vez menor...meu peito ía apertando à medida que eu chegava mais perto do mar, aquele aperto de “saudade matada” que a gente sente quando dá um abraço em alguém que ama e não vê há muito tempo. Geralmente, praia é encarada como sinônimo de alegria, diversão, agito. Eu porém sempre a encarei como pretexto para reflexão. E agora muito mais, já que aquela paisagem me envolveu numa atmosfera de saudosismo que “encharcou” todos os meus sentidos de água salgada –as minhas lágrimas traduzindo ondas de sentimentos.
Gente entusiasmada em mergulhar nas ondas. Inexplicável estusiasmo aquático. E eu mergulhava cada vez mais fundo em mim. Uma menina passa de biquíni vermelho. Deve ter cinco anos... brinca com a areia, e a simplicidade do que a vida significa para ela, naquele momento, me atrai. Lembrei de quando meu pai levava a mim e as minhas irmãs para a praia da Via Costeira em Natal, e foi lá que eu aprendi a primeira lição sobre perdas.
Certo domingo, depois de muito tempo brincando nas areias grossas e águas exibidas daquela praia, nos dirigimos até o carro para irmos embora. Eu, como a maioria das crianças, corri na frente, zombando das minhas irmãs que vinham atrás reclamando da areia quente. Quando atravessava a rua que me separava do carro, fui surpreendida pela freiada brusca de um outro carro que, lembro bem, ficou com o pára-choque a uns dois centímetros de mim. Meu pai observava tudo do outro lado da rua, e quando o motorista foi embora, ele e mais dois policiais que estavam perto correram , não acreditando que eu pudesse estar intacta, dada a velocidade com que o carro se arremeteu contra mim. Meu pai, nervoso como jamais o vi, me abraçou e chorou compulsivamente. Eu não dizia uma palavra... foi a primeira vez que vi meu pai chorar, e além do susto que passara a pouco, me assustava ainda mais com a dor que ele demonstrava. Depois de algum tempo ele recobrou a calma, entramos no carro e fomos embora. Ele foi o caminho inteiro brigando comigo, predizendo mil castigos, e de vez em quando olhava para trás, bem nos meus olhos, como que certificando-se de que eu realmente estava ali.
Até então eu nunca havia parado para pensar que algo poderia me separar do meu pai. E que caso isso acontecesse, ele iria sentir tamanha dor. Em minha mente, tudo era para sempre, e a coisa mais próxima que eu sentia de perda era a saudade quando ele demorava a chegar do trabalho... mas eu esperava com a certeza de que sempre haveria mais um abraço. Até aquele momento, eu nunca havia parado para pensar que talvez eu não pudesse voltar a vê-lo, e que meu abraço ficaria inerte nos braços, cada vez mais frios. Eu não me preocupava em ficar de mal dele, pois para mim sempre haveria o momento depois de dizer que eu o amava. E quando eu ficava com medo de morrer porque minha avó falou que o mundo ia se acabar, ou meu cérebro ia derreter porque a febre estava muito alta, eu não tinha dúvidas que tudo ficaria bem quando ele sentasse do meu lado, pusesse a mão sobre a minha cabeça e orasse por mim, me dando seu carinho e voz suaves até que eu dormisse. A partir daquele momento na praia, eu cresci um pouco mais na ciência do bem e do mal...
Depois vieram outras perdas.
Meu sagui, chamado Mikimo, meu cachorro Max, minha cadelinha Funny. Até que este ano eu perdi duas pessoas bem próximas, dois amigos que me deram a noção exata do que a morte significa para o coração humano. O primeiro foi o Jairo, e logo em seguida o Felipe Veras. Entendi, sem jamais aceitar, como dói a falta de alguém que amamos e como demoramos a valorizar com exatidão a importância da sua simples presença. O primeiro impulso é pensar que acabou, e que você também fracassou. A solidão atordoa como se a morte gargalhasse em nossos ouvidos. Aí, tudo fica mutilado, incompleto, impotente, tudo tem sabor de nunca mais, cheiro de desesperança, há tantas dúvidas que até o nosso caminho parece incrivelmente torto e desfigurado.
Minhas reflexões à beira-mar não foram em vão. Ao chegar em casa, recebo a notícia que o pai de uma grande amiga minha faleceu. Ele era meu vizinho, sempre silencioso e quase sempre incompreendido. Mas desde o primeiro momento surgiu uma empatia entre nós, uma cumplicidade que às vezes se traduzia em profundas conversas que tivemos umas três vezes, outras, apenas no respeito amigo em demonstrações mútuas. Meu coração ficou angustiado e resolvi ligar para casa... recebo a notícia que uma tia muito querida de toda a família faleceu esta manhã. Ela tinha lupus, mas por ser Testemunha de Jeová, se recusou a tomar sangue e teve assim seu sofrimento intensificado até descansar, com uma serenidade solene de quem se sente fiel e em paz com sua consciência. Eu parei alguns momentos para tentar digerir tantas perdas ao mesmo tempo e lancei novamente meu olhar ao mar, não mais o mar do litoral paulista, mas ao Mar da Galiléia.
Lá, um homem também vislumbra o mesmo horizonte. Há poucos dias, sofreu a perda irreparável de alguém que ama e sentiu todo o desespero típico de quem fica com a saudade de quem a morte leva. Sentiu-se impotente por não poder salvá-lo, e terrivelmente frustrado por não ter tido tempo de afirmar que o amava. Muito, muito mais que Ele pudesse imaginar. Ficou deprimido, sem saber qual rumo tomar, pois percebeu o quanto sua vida estava envolvida a daquEle Ser... como poderia continuar com aquela solidão? Que saudade enorme, que sensação de fracasso! Ele chegou que os planos foram por água abaixo, e que tudo acabou. E tudo ficou mutilado, incompleto, impotente, com sabor de nunca mais, cheiro de desesperança, e dúvidas deixando o caminho incrivelmente torto e desfigurado.
Mas sabe, Pedro olhava o Mar e sorria. Ele também estava diante de lembranças fortes... fora ali que Jesus acalmara a tempestade e seus corações cheios de terror, caminhando por cima das ondas para os livrar. “Ali fora a tempestade acalmada à Sua voz. Ao alcance da vista estava a praia em que mais de dez mil pessoas foram alimentadas com alguns pães e uns peixinhos. Não muito distante estava Cafarnaum, testemunha de tantos milagres. E ao espraiarem os discípulos o olhar por todo esse cenário, enchia-se-lhes a mente de palavras e atos do Salvador” ( O Desejado de Todas as Nações, pág. 809). Mas que incrível, as recordações não machucavam Pedro.
E ele também tinha que tocar a vida. Ele e os discípulos estavam necessitando de comida e roupa, tinham de trabalhar e continuar o labor apesar da grande perda. Pedro lançou-se ao Mar com seu barquinho e alguns discípulos e passou a noite jogando a rede em busca de peixes... com aquele semblante sorridente no rosto. E além de ainda nem ter se recuperado bem do desgaste emocional que sofrera, seu trabalho não rendia. Mas Pedro manteve o mesmo ânimo até o raiar do sol.
De longe, na praia, um Observador atento preparava pães e peixes. Era Jesus, e assim que os discípulos se deram conta disso, correram em Sua direção, Pedro com o sorriso explodindo em alegria transbordante. Seguindo a ordem do Mestre de lançar a rede do lado direito – o lado da fé nEle – trouxeram também a rede cheia de peixes, para que lembrassem que, mesmo que eles sentissem solidão ou medo, ainda que fragilizados pelo sentimento de perda, não deveriam jamais esquecer que o Salvador ressuscitado cuidaria deles ainda, provendo-lhes todas as necessidades desde que combinassem seus esforços aos de Jesus ao jogarem a rede.
E sabe o que fazia Pedro resistir tão bravamente à perda? É porque ele cria da ressurreição do Ser a quem esperava. Ele sabia que Jesus apenas foi e voltou como uma onda do mar, mas que chegaria o tempo em que Ele voltaria para nunca mais ir embora. E Pedro poderia reafirmar que O amava, não apenas três vezes, mas dez, cem, um milhão, sempre que sentisse vontade, pois o amado amigo estaria eternamente ao seu lado. Esta esperança viva fazia-o entender que “tragada foi a morte pela vitória” e nada mais poderia o abalar. (I Coríntios 15:54)
Hoje eu só tenho mais motivos para dizer que creio que Jesus vive, e porque Ele vive nós também viveremos. E como Pedro, eu espero por amigos a quem será dada a vitória sobre a morte. “Como Jesus ressurgiu dos mortos, assim hão de ressuscitar os que nEle dormem. Reconheceremos os nossos amigos, da mesma maneira que os discípulos de Jesus. Talvez hajam sido deformados, doentes, desfigurados nesta vida mortal, ressurgindo em plena saúde e formosura; no entanto no corpo glorificado, será perfeitamente mantida a identidade. Então conheceremos assim como também somos conhecidos. No rosto, glorioso da luz que irradia da face de Cristo, reconheceremos os traços daqueles que amamos.” (DTN, p. 804)
Sim, eu creio e espero ansiosa o breve dia em que, numa Terra sem dor nem morte, Jesus, eu e nossos amigos uniremos olhares e reflexões alegres ao horizonte de um mar eterno... o mar de cristal da água da vida, na Jerusalém Celeste.
Uma semana feliz e iluminada.

Lux Lunae

domingo, 8 de outubro de 2000

Percebendo a semelhança

“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” Gênesis 1:26

Há algo de realmente curioso nos buscadores da internet, aqueles trocinhos que a gente usa quando não faz a mínima idéia de onde achar uma informação: das duas mil opções que eles nos mostram, 80% não tem nada a ver com o que pedimos para ele procurar. Semana passada, durante as eleições, eu recorri a um para saber quais os locais onde eu poderia justificar o meu voto e acabei indo parar num site de contos e histórias reais (surpreendente isso na net, não?), de um certo escritor que não lembrei de gravar o nome. Atentei a uma história em especial, muito engraçada, que desejo partilhar com vocês. Assim conta ele:
“Minha mãe sempre que fazia um pernil assado, tirava uma pequena lasca de cada lado do mesmo, antes de pô-lo para assar.
E ela um dia me contou que quando uma vez lhe perguntaram porque fazia isto, não soube responder. Apenas fazia a mesma coisa que a mãe dela fazia, pois foi quem a ensinara. Teve a curiosidade de perguntar para a mãe dela qual a razão de tirar as tais lascas do pernil, ao que esta respondeu que assim procedia pois sua mãe fazia e ela também. Porquê, não sabia. Resolveu , certo dia, fazer uma visita a sua avó, que morava em uma cidade do interior, praticamente somente para saber a razão daquilo, pois já eram 3 gerações que faziam o pernil daquele jeito.
Dito e feito! Viajou, achou a avó já velhinha e, depois das novidades contadas e presentinhos trocados, lascou a pergunta sobre o pernil ao que a vó lhe respondeu tranquila:
- A FORMA QUE EU TINHA NÃO CABIA O PERNIL.”
Sabe aquele recurso psicológico de contrastes, que faz você pensar em branco quando vê uma coisa preta? Pois bem, essa historinha engraçada me fez lembrar de uma garota que também queria ser escritora, mas não era exatamente adepta do gênero cômico. E lembrei de um de seus escritos que dizia:
“Não entendo como Deus pode ter me dado uma mãe tão diferente de mim. Não consigo nem imaginar que um dia estive dentro dela, porque somos completamente diferentes e tenho certeza que nunca chegaremos a entender o jeito da outra ser. Somos tão estranhas uma a outra que sinto como se ela não me tivesse como filha, como se ela nunca pudesse vir a me amar...”
Essas palavras estão numa página amarelada de um dos meus diários, escrito no ano de 1993, quando eu tinha catorze anos de idade. É , eu sei, também me parece bem duro, intragável, forte e inflamado, mas na época , em que eu adolescia – e aborrecia – era como eu enxergava a relação com minha mãe. Devido a isso, passei muito tempo projetando tudo que queria ser no meu pai, transformando-o no meu super-herói e acreditando que eu era a cópia xerox autenticada dele. E nesse mesmo ano, de repente, me vi tendo de conviver com minha mãe apenas, e depois de um período difícil fomos nos aproximando como nunca antes, pois a perda do meu pai nos fez alimentar uma necessidade enorme de coesão. Com isso, aprendi a conhecer melhor aquela mulher que me parecia tão distante e estranha, e a respeitá-la, bem como ela a mim.
Mas não parou por aí: eu precisava da ausência completa dela também, para descobrir exatamente o quanto eu estava equivocada. Me lembro que ela sempre dizia quando estava chateada: “eu só desejo que um dia você tenha uma casa para tomar conta e as responsabilidades de uma dona-de-casa para que você entenda o que eu passo.” Ou então apenas murmurava: “um dia você vai ser mãe...”, “um dia você vai ter a sua casa”.
Pois é. Cá estou eu na minha casa, que ainda não abriga uma família, mas já me mostra muito do que a minha mãe passava tendo ainda que aguentar uma “aborrecente” revoltada e anarquista. O mais curioso nisso, é que além de ter idéia do quanto foram importantes e árduas as responsabilidades dela comigo e com minhas irmãs, percebo que na minha forma de lidar com os problemas do dia-a-dia eu reflito a imagem e semelhança dela!
Detalhes que noto no supermercado, no banco, limpando a casa, administrando o dinheiro, cozinhando, lidando com a lavadeira de roupas, cuidando das plantas, tudo me faz crer que sou mesmo “a cara” da minha mãe, e isso não foram coisas que eu busquei aprender dela, simplesmente se insculpiram em mim e foram fazendo parte do meu ser até se manifestarem hoje em dia. E por ter percebido essas semelhanças, me permiti analisar mais profundamente, e ver muitas outras características que nós duas temos em comum. Nunca havia percebido que foi dela que herdei meu gosto pelas artes (embora , infelizmente não vivêssemos numa cultura que apoiasse esse gosto), a mania de estudar e se envolver com o ser humano bem individualmente, sem palcos nem luzes (eu vivia brigando com ela porque ela elaborava sermões lindos e comoventes para as filhas, mas se recusava a os expor em público na igreja, como meu pai fazia... hoje sei qual método é mais eficaz) , até mesmo minhas tendências para a área jurídica são herança da minha mãe, já que ela, definitivamente, tem o dom de argumentar com uma lógica dedutiva impecável e altamente persuasiva (que eu estou longe de ter!).
E tem o gosto pela natureza, pelos animais, pelo humor fino, pela leitura, por estudar a Bíblia com humildade e sentimento, por tirar lições das coisas pequeninas e detalhes humanos. Tem a voz, a barriga “quebrada”, a canela fina, a timidez, a tendência dramática... tantas coisas que ficaria cansativo listar aqui. Coisas que é a figura dela, a da minha mãe, que me trouxeram e que não existiam no meu amado pai, com quem eu queria tanto parecer. Bom descobrir isso! Melhor ainda é ouvi-la dizer ao telefone: “hoje te sinto muito mais minha filha do que quando você estava aqui”. Ou seja, nossa descoberta é mútua!
Há coisas que obedecem à voz do sangue, que nos atam nos laços familiares, que estão marcados lá dentro de nossas células, no DNA, e que, queiramos ou não, nos programam para sermos semelhantes aos nossos antepassados. Para reforçar há o que adquirimos com o convívio e um determinante extremamente forte, embora às vezes desconhecido de nós mesmos: o poder do amor que prende nossa alma ao ser que nos gera.
Refletir sobre isso reacende em mim a esperança no ser humano.
Todos os dias convivo com pessoas que relatam casos tristes: mulheres que são espancadas pelos maridos, bebês morrendo de subnutrição gritante porque o pai se recusa a lhes dar alimentos, pessoas que matam o cônjuge, homens inescrupulosos que se aproveitam da ingenuidade alheia para lhes tirar todo o dinheiro, outros que já pagaram sua pena mas que continuam presos naquele inferno que é a penitenciária estadual, mães pedindo para que seus filhos fiquem na FEBEM para não vê-los mortos, e tantas outras coisas deprimentes. Nos jornais e revistas a violência também está estampada, e ninguém já nem se com notícias como: “Zé-Tinhoso matou mais uma vítima, estrangulando-a e em seguida disparando vinte tiros, desferindo duzentas facadas, arrancando-lhe os olhos, dois dedos, três braços e quatro estômagos.”
No entanto a Bíblia ainda diz que eu, você e Zé-Tinhoso fomos criados à imagem e semelhança de Deus. O amor deste Ser Supremo que nos gerou, continua com a mesma intensidade, embora nós tenhamos nos degradado tanto por causa do pecado. A humanidade, embora doente e corrompida, foi resgatada pelo preço do sangue de Cristo para que tivéssemos direito de continuar vinculados a Deus como filhos dEle. (Romanos 8:15-17 ). Ao olhar para nós, Deus não vê o que o quanto o pecado nos desfigurou, mas acha os traços dos Seu próprio Filho: por que nós não deveríamos fazer o mesmo? E olhando por este olhar do Pai é que devemos ver cada irmão nosso, cada criatura que ferimos ou que nos fere, cada ser miserável que ainda não descobriu que ele pode ser mais semelhante a Jesus.
Concluo com uma pequena citação da escritora Ellen G. White, no livro O desejado de Todas as Nações, página327:
“Uma bela ilustração das relações de Cristo para com Seu povo, encontrava-se nas leis dadas a Israel. Quando, em virtude da pobreza, um hebreu se via forçado a abrir mão do seu patrimônio, e a vender-se como escravo, o dever de resgatá-lo a eles e a sua herança, recaía no parente mais chegado (Levítico 25:25, 47-49). Assim a obra de redimir a nós e a nossa herança, perdida por causa do pecado, recaiu sobre Aquele que nos é “parente chegado”. Foi para resgatar-nos que Ele Se tornou nosso parente. Mais chegado que o pai, mãe, irmão, amigo ou noivo ;e o Senhor nosso Salvador. “Não temas”, diz Ele, “porque Eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu”
Cristo ama os seres celestiais, que Lhe circundam o trono; mas quem explicará o grande amor com que nos tem amado? Não o podemos compreender, mas podemos sabê-lo real em nossa própria vida. E se mantermos para com Ele relações de parentesco, com que ternura devemos olhar os que são irmãos e irmãs de nosso Senhor! Não devemos estar prontos a reconhecer as responsabilidades de nosso divino parentesco? Adotados na família de Deus, não devemos honrar a nosso Pai e nossos parentes?”
Uma semana feliz e iluminada!

Lux Lunae

domingo, 1 de outubro de 2000

Como as digitais do meu cachorro

“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal...” Romanos 12:10

De uns tempos para cá, tenho enjoado da solidão de morar sozinha. Sabe aquele calor humano de ter alguém para te receber quando você chega dos seus afazeres, um ser vivo para te saudar alegremente no café-da-manhã, brincar (ou brigar) com você depois do almoço, e te ouvir compenetrado durante o jantar?
E com a família a muitos quilômetros de distância, minha mente foi buscar uma idéia fixa como solução: tenho sentido uma vontade enorme de criar um cachorro! “Mas é claro”, insiste a voz do subconsciente, “você teria uma companhia diária e noturna , fiel, alegre, carinhosa, sincera, que lhe ouviria sempre, sem jamais discordar e para a qual você não teria de se preocupar em ser bonita, agradável ou inteligente”. Hehehehe, muito acomodado esse meu subconsciente, não?
O fato é que, desde então, tudo é motivo para lembrar-me desta estranha necessidade. No escritório, a secretária me fala do seu cachorrinho, e tal qual todo dono coruja, passa a relatar as estripulias do animalzinho como se ele fosse um prodígio da espécie. Vou na casa de amigos e eles me mostram a cadelinha que acharam na rua, quase morrendo de hipotermia, e agora corre alegremente pela casa, com fofura irresistível e cativantes olhos azuis. Um pequeno cãozinho atropelado, no trajeto até o ponto de ônibus quase me faz chorar. Cachorros desfilando em bandos alegres pelas ruas do Parque Fernanda. E no domingo, lá estamos eu e meu namorado passeando pelo Ipiranga, cercados de cães por todos os lados, de todos os tipos.
Num dado momento começamos a conversar sobre a meditação que o amigo Marcão escreveu, na qual fez uma bela analogia ao reino animal, e em breve me pego falando do cachorro dele, o Bernardo. Ah, o Bernardo... o qual, segundo o Marcão, é dono de pêlos brilhantes e olhar magnético, mas cuja alegria desengonçada é o que mais me cativa. Nesse ínterim, eu e meu namorado até criamos a imagem do cachorro ideal, no nosso ponto-de-vista: um vira-lata médio, alegre e esperto.
E sabem qual é a pior parte desta minha pequena tragédia? Eu não posso criar um cachorro!! (snif, snif) . Minhas atuais condições de moradia não me permitem concretizar o direito intrínseco e inalienável que todo ser humano tem de possuir um simples cachorro!!
Foi movida por esta frustração profunda que recorri até meu álbum de fotografias, onde destilei toda a nostalgia nas fotos dos meus bichinhos de estimação, lembrando as peculiaridades de cada um.
Mas foi a foto de um, em especial, que me trouxe à memória uma expressão de carinho tão significativa, que me fez refletir profundamente sobre alguns aspectos dos relacionamentos entre homens e Deus.
Max era um vira-lata daqueles bem vira-latas, sangue puro, folgado, com ar displicente, e muito desastrado, que minha família criou por 14 anos. Ele era muito preguiçoso, e a maior parte do tempo passava deitado, suspirando quase poeticamente. Mas quando encontrava uma brecha no portão... fugia para a rua e só voltava depois de muito tempo – completamente sujo de lama, com um palmo de língua de fora. E o engraçado era que, quando voltava da rua, Max era tomado de uma euforia incrível, incomum. Quando nos via, a primeira reação era pular em cima da gente, como que dividindo sua alegria transbordante... e junto com ela, sua lama transbordante também. Lembro que poucas vezes escapei de vê-lo chegar arfante e radiante de uma farra na rua, sem que não fosse recebida por um abraço carinhoso, que deixava as suas impressões digitais marcadas em lama por toda a minha roupa.
Broncas, brigas, e até uns castigos mais severos aplicados pelo meu pai, não resolviam: todas as vezes que Max fugia, podia-se esperar a festa da lama. E eu que era criança, caía na gandaia e não me preocupava com as marcas do carinho dele. Sabia intimamente que meu cachorro estava apenas querendo dividir comigo o resultado concreto da alegria que ele vira lá fora.
Sabe, eu acho que em nossas vidas podemos ser mais higiênicos que Max, mas tão espontâneos quanto ele. Acredito firmemente que todo ser humano traz dentro de si a semente do amor, que se for devidamente cultivada, florescerá vitoriosa. E cabe a nós, representantes de Cristo, a responsabilidade pela beleza desse jardim.
Somos, por vezes, ensinados a conter a expressão de nosso amor, ou a demonstrar emoções que não sentimos só para não parecermos fracos, tolos, inseguros. Nos acostumamos a ser assim. Mas o que muitas vezes não nos apercebemos é que, quando expressamos o amor de Deus, este amor deixa marcas em quem o está recebendo, e não importa que os outros reduzam a expressão desse amor a algo tão inconveniente e impertinente como lama. Vivemos numa cultura que valoriza cada vez mais os contatos superficiais, as praxes e as educadas falsidades. E quanto menos nos envolvemos com as pessoas, mais nos sentimos seguros, menos nos sentimos cobrados, mais adormecidas estão nossas consciências quanto ao nossos papéis na felicidade e bem-estar dos nossos semelhantes.
Cristo foi perseguido, difamado e humilhado porque sabia amar, e expressava Seu amor deixando-o fluir suavemente em direção às necessidades das pessoas. Esse amor curava, renovava, deixava na pessoa que O recebia, as marcas da digital do amor de Deus. Havia o envolvimento comprometido apenas com a pessoa e não com o que os outros pensariam da relação de amor. Que vissem lama, quando ele amava as prostitutas! Que vissem sujeira, quando ele comia com os ladrões! Que vissem insanidade quando abraçava leprosos! Esta gente doente e faminta, via amor e levava Deus consigo, estampado de maneira palpável em sua vida.
A escritora Ellen G. White faz um comentário muito tocante sobre este assunto: “Animai a expressão de amor para com Deus e uns com os outros. A causa de haver tantos homens e mulheres endurecidos no mundo, é que a verdadeira afeição tem sido considerada fraqueza, sendo cerceada e reprimida... a menos que a luz do divino amor lhes abrande o frio egoísmo, para sempre estará arruinada sua felicidade”. O Desejado de Todas as Nações, p. 516.
Provavelmente eu vou continuar sem cachorro por um bom tempo. Mas a lembrança de Max me fez pensar que, até lá, eu posso me ocupar cada vez menos das minhas necessidades e me dedicar cada vez mais às dos meus semelhantes. Ir deixando que o amor e o carinho de Deus façam de mim um instrumento que deixe marcas nas pessoas ao meu redor. Que dêem a elas um pouco de alegria, que mostrem que elas são especiais, que imprimam nelas as digitais de um Ser que as ama e lhes é fiel... como uma vez fizeram comigo, as digitais do meu cachorro.
Uma semana feliz e iluminada!!

Lux Lunae